Manejo Florestal Comunitário do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola Jatobá

Cenários para a Exploração de Vouacapoua americana Aublet

Autores

  • Mayra Piloni Maestri Universidade Federal Rural da Amazônia, Brasil
  • Ademir Roberto Ruschel Embrapa Amazônia Oriental
  • Marina Gabriela Cardoso de Aquino Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
  • Rafael Costa Miléo Universidade Federal do Pará, Brasil
  • Roberto Porro Embrapa Amazônia Oriental

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v11i1.1494

Palavras-chave:

espécie protegida; , potencial econômico

Resumo

O manejo florestal comunitário, se norteado por meio de bases sustentáveis, pode garantir a conservação da Vouacapoua americana Aublet, vulgarmente chamada de “acapu”, aliado ao ganho econômico para comunidades tradicionais da Amazônia. Esse trabalho teve por objetivo analisar cenários para o manejo da espécie no Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola-Jatobá, município de Anapu. A população acessada de acapu representou 18,6% das árvores da floresta, média de cinco árvores/ha e estimativa de volume de 8,4mÑ/ha. A espécie apresentou padrão de distribuição espacial agrupada, curva de distribuição diamétrica em formato de “J-invertido”, conferindo boas características ecológicas de estabilidade populacional e, aproximadamente, 90% dos fustes com qualidade para o manejo. Resultados ecológicos e econômicos de cenários distintos de manejo foram analisados, utilizando duas intensidades de exploração e três modalidades de comercialização. As intensidades de exploração foram: baixa (2,6mÑ/ha), condicionada à manutenção da distribuição diamétrica balanceada (aplicando método quociente “q” de Liocourt); e máxima legalmente permitida (6,2mÑ/ha), que ocasionou desbalanceamento da distribuição dos indivíduos nas classes diamétricas, além de drástica redução populacional. A comercialização em estacas lapidadas, utilizando mão de obra local, foi mais rentável; enquanto a venda de toras foi inviável economicamente. A proposição de um sistema menos complexo com o manejo do acapu pode garantir benefícios socioeconômicos sustentáveis, especialmente para os comunitários da região. Sugere-se que o manejo comunitário do acapu seja considerado nas políticas de fomento e na tomada de decisão sobre a gestão de recursos florestais em áreas onde sua ocorrência seja ampla.

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Publicado

02/06/2021

Edição

Seção

Fluxo contínuo

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