Identificação de Áreas Críticas de Atropelamento de Fauna na Região do Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí

Catarina de Sá dos Santos Neta1*, Fernanda Delborgo Abra2, Lucrécia Braz dos Santos3, Erika Paes Landim da Costa4,

Milena Fiuza Diniz2 e Ronaldo Gonçalves Morato5

Recebido em 02/02/2023 – Aceito em 11/10/2023

1 Universidade Estadual do Piauí/UESPI, São Raimundo Nonanto/PI, Brasil. CEP: 64.770-000. <catarinadesa959@gmail.com>.

* Contato principal.

2 Center for Conservation and Sustainability, Smithsonian Conservation Biology Institute, Washington, DC, United States. ZIP CODE: 20560. <abraf@si.edu, mifiuzadiniz@gmail.com>.

3 Universidade Federal do Vale do São Francisco/UNIVASF, Petrolina/PE, Brasil. CEP: 64.770-000. <lucreciabiofauna1996@gmail.com>.

4 Universidade Federal do Vale do São Francisco/UNIVASF, São Raimundo Nonato/PI, Brasil. CEP: 64.770-000. <erikapaes118@gmail.com>.

5 Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros/CENAP, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Atibaia/SP, Brasil. CEP: 12.952-011. <ronaldo.morato@icmbio.gov.br>.

RESUMO As rodovias desempenham um importante papel para o desenvolvimento econômico e social, porém esse tipo de empreendimento impacta negativamente o meio ambiente, gerando prejuízos para a fauna, como o efeito barreira e atropelamentos. Este trabalho teve como objetivo levantar informações sobre o impacto do atropelamento de animais silvestres monitorando duas rodovias, BR-020 e PI-140, adjacentes ao Parque Nacional da Serra da Capivara e identificar áreas críticas de atropelamentos. O monitoramento foi realizado de motocicleta desempenhando uma velocidade média de 30 a 40 km/h, em campanhas semanais de amostragem, entre os meses de julho de 2021 a junho de 2022, totalizando 96 dias. Além dos animais atropelados, também foram registrados os avistamentos de animais nas rodovias. Foram registrados 329 indivíduos de animais silvestres atropelados com uma taxa total de 0,114 animais/km/dia e, foram avistados 27 indivíduos silvestres. As cinco espécies mais afetadas foram: Rhinella marina, (n = 69), Galea spixii (n = 18), Coragyps atratus, (n = 14), Cerdocyon thous, (n = 11) e Oxyrhopus trigeminus (n = 10). A taxa de atropelamentos na PI-140 foi maior que na BR-020 (W=1653, p<0.05) e durante a estação chuvosa foi registrado um número maior de atropelamentos (W = 507, p<0.05). A análise des agregação dos atropelamentos considerando todos os animais silvestres na BR-020 apresentou 16 clusters, enquanto na PI-140 foram detectados 18 clusters. Esses resultados podem contribuir e auxiliar na tomada de decisão para implementação de medidas de mitigatórias mostrando quais são os trechos das rodovias mais prioritários.

Palavras-chave: Atropelamento; caatinga; fauna; unidade de conservação; Piauí.

Identification of Critical Zones of Wildlife Road Mortality in the Serra da Capivara National Park Region, Piauí

ABSTRACT – Highways play an important role in economic and social development, but this type of project has a negative impact on the environment, causing damage to wildlife, such as the barrier effect and road mortality. This work aimed to gather information about the impact of roadkill on wild animals by monitoring two highways, BR-020 and PI-140, adjacent to the Serra da Capivara National Park and identifying critical areas of roadkill. The monitoring was carried out on a motorcycle at an average speed of 30 to 40 km/h, in weekly sampling campaigns, between July 2021 and June 2022, totaling 96 days. In addition to the wildlife road mortaliy, sightings of animals on the highways were also recorded. 329 individuals of wild dead animals were registered with a total rate of 0.114 animals/km/day, and 27 wild individuals were sighted. The five most affected species were: Rhinella marina, (n = 69), Galea spixii (n = 18), Coragyps atratus, (n = 14), Cerdocyon thous, (n = 11) and Oxyrhopus trigeminus (n = 10). The roadkill rate on PI-140 was higher than on BR-020 (W = 1653, p<0.05), and during the rainy season, a higher number of roadkill were recorded (W = 507, p<0.05). Aggregation analysis of roadkill considering all wild animals on BR-020 showed 16 clusters, while on PI-140, 18 clusters were detected. These results can contribute and help in decision-making for the implementation of mitigation measures, showing which are the most priority stretches of highways.

Keywords: Roadkill; caatinga; wildlife; unit conservation; Piauí.

Identificación de Áreas Críticas de Atropello de Fauna en la Región del Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí

RESUMEN – Las carreteras jugan un papel importante en el desarrollo económico y social, pero este tipo de proyectos tienen un impacto negativo en el medio ambiente, causando daños a la fauna, como el efecto barrera y el atropello de peatones. Este trabajo tuvo como objetivo recopilar información sobre el impacto de los atropellos en los animales salvajes mediante el monitoreo de dos carreteras, BR-020 y PI-140, adyacentes al Parque Nacional Serra da Capivara e identificando áreas críticas de atropellos. El monitoreo se realizó en una motocicleta a una velocidad promedio de 30 a 40 km/h, en campañas de muestreo semanales, entre julio de 2021 y junio de 2022, totalizando 96 días. Además de los animales atropellados, también se registraron avistamientos de animales en las carreteras. Se registraron 329 individuos de animales silvestres atropellados con una tasa total de 0,114 animales/km/día, y se avistaron 27 individuos silvestres. Las cinco especies más afectadas fueron: Rhinella marina, (n = 69), Galea spixii (n = 18), Coragyps atratus, (n = 14), Cerdocyonthys, (n = 11) y Oxyrhopus trigeminus (n= 10). La tasa de atropellos en PI-140 fue mayor que en BR-020 (W=1653, p<0,05) y durante la temporada de lluvias se registró un mayor número de atropellos (W = 507, p<0,05). El análisis de agregación de atropellos considerando todos los animales salvajes en BR-020 mostró 16 grupos, mientras que en PI-140 se detectaron 18 grupos. Estos resultados pueden contribuir y ayudar en la toma de decisiones para la implementación de medidas de mitigación, mostrando cuáles son los tramos de carreteras más prioritarios.

Palabras clave: Atropellar; caatinga; fauna; unidad de conservación; Piauí.

Introdução

Nas regiões tropicais a perda de biodiversi-dade é intensa e vem sendo amplamente modificada por atividades humanas, incluindo a expansão de áreas urbanas, agricultura e rede de transporte (Gibbs et al., 2010; Foley et al., 2011; Laurence, 2014). As rodovias, apesar de terem grande relevância para o desenvolvimento da sociedade (Bandeira e Floriano, 2004), têm o potencial de causar grandes impactos ambientais (Cunha e Guerra, 2000). Na fase de instalação existe perda de vegetação natural e fragmentação dos ambientes terrestres e aquáticos, compactação e pavimentação do solo; e, na operação do empreendimento, são gerados outros impactos como poluição hídrica, do ar e sonora (Lauxen, 2012; Lesbarres e Fahrig, 2012). Especificamente para a fauna silvestre são contabilizados dois impactos principais: i) a morte direta por atropela-mento (Lesbarres e Fahrig, 2012; Abra et al., 2021); e ii) o efeito barreira, provocado pelas perturbações causadas pela presença e operação da rodovia (por ex. iluminação artificial, ruído, temperatura do pavimento) (Nellemann et al., 2001; Vistnes et al., 2004; Lesbarrès e Fahrig, 2012).

Sabe-se que os atropelamentos são influenciados por algumas variáveis como as características das rodovias, incluindo densidade rodoviária na área de estudo, volume de tráfego, além de estrutura de paisagem, proximidade com áreas protegidas, corpos d’água e sazonalidade climática (Santos, Rosa e Bager, 2012; Freitas et al., 2015; Abra et al., 2019). O atropelamento de indivíduos em rodovias tem o potencial de alterar a dinâmica populacional de animais silvestres (Steen e Gibbs, 2004) criando sumidouros de populações locais (Nielsen et al., 2006), o que pode modificar a estrutura e a funcionalidade de comunidades e ecossistemas próximos às rodovias (Trombulak e Frissell, 2000). Segundo Guimer-Costa e Sperber (2009), quando se trata de atropelamentos em rodovias dentro e no entorno de unidades de conservação (UCs), o problema se torna ainda maior, já que estas áreas constituem refúgios naturais para a fauna e muitas delas abrigam espécies ameaçadas de extinção (Lima e Obara, 2004). Portanto, estudos próximos a essas áreas são fundamentais, haja vista que podem contribuir muito para o desenvolvimento de planos de manejo das áreas protegidas.

Com a caracterização dos animais atropelados e seus pontos de agregação de atropelamentos ao longo das rodovias, é possível traçar recomendações de medidas mitigatórias (Casella e Goulart, 2012; Carvalho et al., 2015). Os trechos com o maior índice de mortalidade da fauna podem indicar onde deve haver a implementação de medidas que possam reduzir os atropelamentos e permitir a conectividade entre populações, colaborando para a conservação das espécies no ambiente. Além disso, algumas medidas podem ser de alto custo e, por isso, devem ser bem planejadas visando à melhor relação custo-benefício (Teixeira et al., 2013). Outra questão importante é a compreensão da influência da sazonalidade nos padrões de mortalidade da fauna. Alguns estudos já constataram que há uma relação entre a sazonalidade e a mortalidade de fauna nas estradas (Carvalho e Mira 2011; Morelle, et al., 2013; Abra et al., 2021). Mas exclusivamente por meio do monitoramento de fauna atropelada é que se torna possível indicar os locais que precisam de medidas de mitigação e definir qual a melhor medida a ser aplicada, de acordo com o grupo de animais atingidos (Taylor e Goldingay, 2010; Smith e Dodd, 2003).

Nesse sentido, o presente estudo é de extrema relevância, uma vez que é pioneiro em entender e quantificar a fauna atropelada, as áreas críticas de atropelamento e fatores associados aos atropelamentos no entorno do Parque Nacional da Serra da Capivara (PNSC), Piauí. Por meio desse diagnóstico, será possível traçar diretrizes tanto para a gestão do PNSC, quanto para agências de transporte nos âmbitos federais e estaduais. Considerando a importância ambiental da região e a ausência de estudos que avaliem o impacto das rodovias BR-020 e PI-140 ao longo do PNSC, tivemos como objetivos: (1) avaliar o impacto das rodovias sobre a fauna silvestre em áreas próximas ao PNSC, estimando o número de animais silvestres atropelados nas duas rodovias; (2) compreender a espacialização dos animais atropelados por grupos faunísticos; (3) verificar se há variação sazonal dos atropelamentos de animais silvestres, e; (4) identificar se a estrutura da paisagem próxima às rodovias influencia nos atropelamentos.

A partir do exposto, as hipóteses desta pesquisa são: a) há diferença de atropelamento (e.g. espacial e temporal) da fauna entre as rodovias BR-020 e PI-140, considerando o maior fluxo na rodovia PI-140 e pela localização no corredor Capivara-Confusões. Segundo (Garriga et al., 2012), o quantitativo de fauna atropelada está correlacionado com o status de conservação da área, pois quanto maior o nível de proteção de uma UC ou da área estudada, maior o número de animais atropelados. Além disso, o aumento no tráfego próximo às UCs é provavelmente um fator que influencia fortemente no aumento das taxas de atropelamento; b) durante a estação chuvosa, o índice de atropelamento da fauna silvestre é maior do que na estação seca. De acordo com Miranda e colaboradores (2017), o período chuvoso apresenta uma maior disponibilidade de recurso alimentar e maior locomoção dos animais, o que pode resultar em maiores taxas de atropelamento.

Materiais e Métodos

Área de estudo

O estudo foi realizado em duas rodovias (BR-020 e PI-140), ambas localizadas na área de influência do PNSC, ao sul do estado do Piauí. Dois trechos foram considerados: o trecho da rodovia PI-140 (23L 752786 9005924; 23L 744679 9032100), no município de São Raimundo Nonato/PI, e o trecho da rodovia BR-020 (23L 754828 9004857; 23L 777470 9023713), que liga o município de São Raimundo Nonato/PI ao município de Coronel José Dias/PI (Fig. 1). A rodovia BR-020 corta o PNSC e a PI-140 é imediatamente adjacente a essa UCs.

O PNSC possui uma área de 100.764,19 ha de superfície, com 195,77 km de perímetro e está localizado no sudeste do estado do Piauí, ocupando parte dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. As suas principais vias de acesso são a rodovia BR-020 e PI-140 (Fumdham/Iphan, 2006). A distância que o separa da capital do estado, Teresina/PI, é de 530 km.

O clima da região é classificado como semiárido, com uma temperatura média anual de 28ºC. A região apresenta um período sazonal chuvoso com início em outubro até metade de abril categorizando o “inverno”, sendo que esse período pode começar mais tarde ou finalizar antes, e possui ainda os meses do período seco que corresponde geralmente ao período de maio a setembro (Fumdham, 1998).

A classe de vegetação predominante na área do PNSC é a caatinga arbustiva, mas ocorrem também ilhas de floresta tropical úmida que se conservam em boqueirões estreitos entre paredões de arenito. Na estação chuvosa ocorre uma surpreendente exuberância de flores e tonalidades verdes. Já no período seco, as folhas da maior parte das espécies amarelam e caem, transformando a paisagem numa floresta de troncos cinza (Fumdham, 1998).

O PNSC apresenta uma grande biodiversidade de fauna sendo conhecidas 236 espécies de aves, 19 de lagartos, 17 serpentes, 17 anfíbios e 56 espécies de mamíferos (Pessis et al., 2014). Das espécies de mamíferos com ocorrência para o PNSC, temos, segundo o ICMBio (2019) cinco espécies de mamíferos ameaçadas em nível local, sendo eles: gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), jaguatirica (Leopardus pardalis), onça-pintada (Panthera onca), onça-parda (Puma concolor), tatu-bola (Tolypeutes tricinctus).

Coletas de dados

O monitoramento da fauna atropelada foi realizado durante os meses de julho de 2021 a junho de 2022. Foram realizadas 96 amostragens, totalizando 2.880 km percorridos. Para cada campanha de monitoramento dos trechos das rodovias foi utilizada uma motocicleta a uma velocidade média de 30 a 40 km/h transportando dois observadores – o piloto e um assistente de campo que auxiliou no registro das informações.

A cada monitoramento foram percorridos 60 km, sendo 30 km de inspeção em cada faixa de rolamento da rodovia e com o registro de todas as carcaças no sentido da via percorrida (durante a ida). Tal monitoramento foi realizado duas vezes por semana, sendo uma vez em cada rodovia com início às 5h30 da manhã. A ordem dos monitoramentos das rodovias foi alternada a cada semana para que os dados fossem coletados igualmente em ambas as vias.

Para cada animal atropelado avistado foram registradas as informações de data, hora, nome da rodovia, o nome popular e científico da espécie, coordenadas geográficas e registro fotográfico, conforme sugerido por Abra e et al. (2019). A identificação desses animais foi feita por meio das fotografias das carcaças, com a ajuda de guias e de especialistas. Após o registro, as carcaças eram removidas da pista, para evitar recontagem e para não atrair a presença de outros animais carniceiros.

Análise de dados

Para o cálculo das taxas de atropelamento, com dados dos 12 meses de pesquisa, foi utilizada a fórmula recomendada por Rosa et al. (2012):

TAd= [ (N/Km/dia) ]

Onde: TAd = Taxa de atropelamento diária, N = número de atropelamentos registrados, km = quilometragem do trecho amostrado e dia = número de dias de amostragem.

Para a comparação da taxa de atropela-mento entre as duas rodovias e diferenças sazonais (estação seca vs. chuvosa), foi realizado o teste de comparação de duas médias não paramétrico Mann-Whitney, considerando que as amostras não apresentaram distribuição normal (teste de Shapiro-Wilk p < 0.05).

As análises de distribuição espacial dos atropelamentos foram realizadas no software KDE+ v2.3 (Bíl et al., 2016). Para identificar as zonas de agregação, o KDE+ utiliza uma estimativa de densidade de Kernel para encontrar os agrupamentos significativos de ocorrências de óbitos, além de um método de hierarquização das agregações de fatalidades. Informações mais detalhadas acerca da estatística intrínseca ao método podem ser encontradas em Bíl e colaboradores (2013).

As análises foram realizadas com precisão de dados de GPS e largura de banda igual a 100 e 800 simulações de Monte Carlo (padrão da plataforma). As agregações foram divididas em cinco classes de criticidade utilizando o método de Jenks (Muito alta, Alta, Média, Baixa e Muito baixa). Foram analisadas as agregações de atropelamentos para animais silvestres em geral e separadamente para as classes de mamíferos, anfíbios, répteis e aves.

Para avaliar o efeito da estrutura da paisagem na ocorrência de atropelamentos, modelos de regressão logística foram construídos para cada uma das quatros classes taxonômicas de vertebrados (Amphibia, Aves, Mammalia e Reptilia). Os registros de fatalidades e os avistamentos em ambas as rodovias foram usados como dados de presenças e um número correspondente de pontos de pseudo-ausências para cada grupo foram gerados aleatoriamente ao longo das rodovias. Para cada ponto de presença/pseudo-ausência foi estabelecido um buffer de 1 km para a caracterização da paisagem no entorno. As variáveis descrevendo a estrutura (composição e configuração) da paisagem foram extraídas a partir do mapa de cobertura e uso do solo para o ano de 2021 disponibilizado pelo projeto MapBiomas v. 7.0 (MapBiomas 2022). A composição foi representada pela área relativa (%) do buffer ocupada pelas seguintes classes de cobertura do solo: floresta, savana, área natural não florestal, água, agropecuária e área não vegetada. A distribuição espacial (i.e., a configuração) do habitat de savana (a classe de vegetação nativa predominante na área de estudo) foi avaliado através do índice de agregação. Todas as análises espaciais foram realizadas no software R 4.1 (R Core Team 2021) utilizando os pacotes ‘raster’, ‘rgeos’ e ‘landscapemetrics’ (Hijmans 2021; Bivand e Rundel 2021; Hesselbarth et al., 2019).

Três grupos de modelos foram construídos: (i) incluindo apenas uma variável preditiva por vez; (ii) combinando pares de variáveis não correlacionadas (-0.6 ≥ r ≥ 0.6); e (iii) considerando os mesmos pares não correlacionados em (ii) e a interação entre eles. Um modelo nulo contendo apenas uma constante (intercepto = 1) como variável independente também foi incluído para representar fatores não avaliados pelo presente estudo. Após a construção dos conjuntos de modelos lineares generalizados (todos assumindo uma distribuição binomial), foi realizada uma seleção de modelo usando o Critério de Informação de Akaike com correção para amostras pequenas (AICc; Burnham e Anderson 2002). O peso AICc (wAICc) e a razão de evidência foram usados para a classificação e avaliação de desempenho dos modelos. Modelos com ∆AICc ≤ 2,0 são considerados igualmente plausíveis. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software R 4.1 (R Core Team 2021) usado o pacote ‘AICcmodavg’.

RESULTADOS

Taxa total de atropelamentos

Foram registrados 329 indivíduos de animais silvestres atropelados distribuídos em 15 ordens, 22 famílias e 43 espécies ao longo de 2.880 km monitorados em 96 dias amostrais. Entre os animais avistados, foram registrados 27 indivíduos (Tabela 1). A espécie mais registrada foi sapo-cururu (Rhinella marina) com 69 registros, seguido do preá (Galea spixii) com 18 registros, urubu-preto (Coragyps atratus) com 14 registros, cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) com 11 registros e logo após as espécies cobra-falsa-coral (Oxyrhopus trigeminus) e cobra-preta (Pseudoboa nigra) ambas com 10 registros cada.

Os animais atropelados foram classificados em quatro classes distintas: répteis (29%, N = 94), aves (25%, N = 83), anfíbios (24%, N =79) e mamíferos (22%, N =73) (Fig. 2). A taxa total de atropelamento foi de (0,114 N/km/dia) total e para as classes, separadamente, verificou-se que a maior taxa foi para répteis (0,032 N/km/dia), seguida das aves (0,028 N/km/dia), seguida de anfíbios (0,027 N/km/dia), e mamíferos (0,025 N/km/dia). Devido ao estágio avançado de decomposição de algumas carcaças, não foi possível a identificação de 68 animais a nível de espécie (nove mamíferos, 13 répteis e 46 aves). De todos os animais atropelados ou avistados, apenas o mocó (Kerodon rupestris), está ameaçado de extinção, na categoria (VU) no Livro Vermelho ICMBio (2018). Apesar desse status de conservação em nível nacional, cabe destacar que para a região do PNSC, essa espécie é bastante abundante, sendo facilmente encontrada em todas as áreas dessa UCs.

Principais espécies atropeladas

Entre os répteis, a ordem Squamata repre-sentou 78% da amostragem. Desses, a cobra-falsa-coral (Oxyrhopus trigeminus, n = 10) e a cobra-preta (Pseudoboa nigra, n = 10), ambas somaram 13%, e a cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaenia alba, n = 7) com 9% (Fig. 3A, Fig. 3B, Fig. 3C). Para a classe das aves, as ordens Cathartiformes e Piciformes somaram 22% dos indivíduos atropelados. O urubu-preto (Coragyps atratus, n = 14) foi a espécie com maior número de atropelamentos com 17%, seguida do rapazinho-dos-velho (Nystalus maculatus, n = 3) com 5% dos atropelamentos (Fig. 3D e Fig. 3E).

Para o grupo de anfíbios, todos os indiví-duos atropelados foram da ordem Anura, sendo a família Bufonidae a principal representante com 100% dos atropelamentos. O sapo-cururu (Rhinella marina, n = 69) representou 87% dos atropelamentos entre os anfíbios (Fig. 3F). Já para os mamíferos as ordens Rodentia, Carnivora e Didelphimorphia juntas, somaram 85% dos mamíferos atropelados. A espécie preá (Galea spixii, n = 18), representou 25% dos atropelamentos entre os mamíferos, seguida da espécie cachorro-do-mato (Cerdocyon thous, n = 11) com 15% e gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris, n = 9) com 12% (Fig. 3G a 3I).

Estrutura da paisagem

Por meio da análise da composição da paisagem da rodovia BR-020 o seu entorno apresenta 64,41% de formação savânica, seguido de 28.02% de áreas agropecuárias, enquanto a PI-140 apresentou 62,93% de formação savânica seguido de 24,63% de áreas agropecuárias (Tabela 2, Fig. 4).

Os modelos constituídos apenas pela área relativa (%) ocupada por vegetação natural não florestal nas paisagens adjacentes às rodovias foram selecionados como os melhores modelos para explicar a ocorrência de atropelamentos para Aves, Mammalia e Reptilia (Tabela 3). Para a classe Amphibia, os modelos considerando a % de savana e o efeito dessa em conjunto com a % de vegetação natural não florestal apresentaram valores de evidência praticamente iguais. A classe Mammalia foi a única em que o modelo nulo foi selecionado entre os modelos plausíveis (Tabela 3).

Agregação dos atropelamentos

Uma análise de agregação dos atropela-mentos considerando todos os animais silvestres na BR-020 apresentou 16 clusters, sendo quatro considerados muito altos, três altos, três médios, quatro baixos e dois muito baixos, enquanto na PI-140 foram detectados 18 clusters de agregações, sendo um muito alto, cinco altos, cinco médios, quatro baixos e dois muito baixos (Fig. 4). Na Tabela 4 é possível verificar o número de clusters e nível das agregações por rodovia e por grupos faunísticos.

A agregação mais alta de atropelamento está na classe dos répteis e relacionada às áreas de savana e agrícolas.

Comparação dos atropelamentos entre as Rodovias PI-140 e BR-020

A taxa de atropelamento para a rodovia PI-140 foi de (0,161) em relação a BR-020 com (0,068). A PI-140 apresentou maior vulnerabilidade aos atropelamentos (W=1757, p<0.05, IC 95%= 1.8-4.1) com 232 indivíduos, enquanto na BR-020 foram observados 98 animais atropelados (Fig. 5).

Sazonalidade entre o período seco e chuvoso

O período chuvoso apresentou um maior número de atropelamentos do que o período seco (W= 184, p<0.05, IC 95%= -3.6 - -0.06) (Fig. 6).

Discussão

O atropelamento de fauna silvestre é considerado um importante fator de ameaça à biodiversidade, principalmente em regiões tropicais (Abra et al., 2021). Entender os fatores que predispõem a fauna ao risco de colisões contribui para o planejamento visando à diminuição de acidentes e, consequentemente, aumentando a segurança para os animais e usuários (Abra et al., 2019; Abra et al., 2021).

Neste estudo, avaliamos o impacto dos atropelamentos sobre a fauna silvestre em uma região pouco estudada e que está próxima a uma das mais importantes unidades de conservação da Caatinga, o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí. As espécies encontradas atropeladas nas rodovias BR-020 e PI-140 são comuns, de hábitos generalistas e apenas uma espécie possui status de ameaça mocó (Kerodon rupestris). O número de registros coletados ao longo de cada rodovia possivelmente está relacionado ao volume de tráfego. Na PI-140 ocorreu um maior número de fauna atropelada, e essa rodovia possui maior volume de tráfego em relação a BR-020, pois é rota para caminhões pipas que coletam água para distribuir na região e é também rota de caminhões pesados que transportam grãos, além de possuir muitos assentamentos rurais. Outros estudos têm mostrado que o fluxo mais intenso de veículos aumenta a probabilidade de colisões (Brockie et al., 2009, Sadleir et al., 2016).

Apesar de os índices de atropelamentos aqui reportados serem menores do que aqueles descritos para áreas com características semelhantes, eles devem ser vistos com precaução (Braz e França, 2016). Reconhecemos que o número de animais registrados neste estudo possa estar subestimado, como também encontrado em outros estudos (Abra et al., 2021; Ascensão et al., 2021), isso porque inúmeros animais, ao colidirem com os veículos, podem ser lançados para fora das faixas de rolamento e acostamentos, não sendo possível a sua detecção. Ou ainda, especialmente animais de médio e grande porte, podem sofrer as colisões e morrer fora da faixa de domínio das rodovias, onde também não são detectados e contabilizados (Vieira, 1996; Rodrigues et al., 2002; Medici e Abra 2019, Abra et al., 2021). Além disso, pequenos vertebrados mortos são levados rapidamente por necrófagos (Rodrigues et al., 2002; Silva et al., 2007), não sendo contabilizados nas amostragens. A equipe de campo observou durante os deslocamentos em rodovias alguns indivíduos de urubu-preto (Coragyps atratus) removendo carcaças de serpentes da rodovia, bem como um elevado número de cachorros-domésticos (Canis lupus familiaris) nas pistas com comportamento de forrageamento. Foi registrado um cachorro doméstico apanhando uma espécime de preá (Cavia aperea) atropelado.

É possível que na área de estudo os usuários de rodovias também removam algumas carcaças, porém de espécies específicas, como, por exemplo, tatus, que, são as espécies mais atropeladas em diversos estudos do Brasil (Ascensão et al., 2017; Abra et al., 2021; Navas-Suarez et al., 2021). Em região próxima ao PNSC, Dasypus novemcintus e Euphractus sexcinctus são espécies muito comuns de serem avistadas. Assim, é provável que haja o atropelamento dessas espécies, porém acredita-se que os animais sejam retirados pelos próprios usuários que os atropelou ou outros para consumo alimentar, haja vista que são animais muito apreciados na região (Miranda e Alencar, 2007). Ainda é provável que espécies de felinos silvestres também sejam alvo para remoção de carcaças, por conta do comércio de pele ou coleção de partes destes animais (Abra et al., 2021).

Répteis foram o grupo com mais espécies atropeladas registradas durante o período analisado, sendo que as serpentes foram as mais afetadas. Os pesquisadores Pinheiro e Turci (2013) encontraram esse mesmo resultado em um estudo no estado do Amazonas, bem como Braz e França (2016) encontraram na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Os répteis têm locomoção reduzida em comparação com os mamíferos e aves, facilitando seu atropelamento. No entanto, alguns atropelamentos de serpentes são preocupantes, pois podem ser motivados por crenças e mitos negativos sobre as espécies. Foram observadas, na área de estudo, situações de atropelamentos que pareciam ser intencionais, por motoristas que direcionaram o veículo ao acostamento para atingir o animal. Isso foi reportado em outros estudos e os autores enfatizaram que essa atitude é devido ao sentimento de repulsa ou medo apresentado por alguns condutores (Rodrigues et al., 2002; Secco et al., 2014). Entre as aves, a espécie urubu-preto (Coragyps atratus) foi a mais abundante entre os registros, e isso se deve aos hábitos carniceiros da espécie. Clevenger et al. (2003) associam os voos rasantes nas proximidades das rodovias como características que expõem as aves a risco de colisão com veículos; o forrageamento e hábitos alimentares carniceiros de algumas aves são também alguns fatores de atropelamento desse grupo. Já segundo Prada (2004), seu pequeno peso corpóreo e suas adaptações para voar, tornam o grupo susceptível não apenas à colisão, mas também ao forte deslocamento de ar, provocado pelas passagens de veículos em alta velocidade.

O sapo-cururu (Rhinella marina) foi a espécie mais vitimada no estudo. As espécies do gênero Rhinella também foram observadas entre as mais atropeladas em outros estudos na região amazônica (Turci e Bernarde 2009, Silva e Silva 2009) e em outros biomas do Brasil (Rodrigues et al., 2002; Silva et al., 2007; Braz e França 2016). Esses animais sofrem forte influência sazonal, com aumento dos atropelamentos nas estações reprodutivas, na estação chuvosa (Parris et al., 2009). A estimativa no número de registros para os anfíbios pode estar subestimada, devido à facilidade de as carcaças serem removidas da rodovia por outros animais ou até poderem se deteriorar rapidamente devido aos pequenos tamanhos corporais (Prada, 2004, Rodrigues et al., 2002).

Dentre as espécies atropeladas no grupo dos mamíferos, o preá (Galea spixii), uma das espécies mais comuns na área de estudo, foi o mamífero mais comumente atropelado, possivelmente devido à abundância da espécie na região (Braz e França, 2016). Em estudo com fauna em Goiás, no bioma Cerrado, o preá (Galea flavidens) também foi o mamífero mais atropelado (Bráz e França, 2016). O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) foi o segundo mamífero com o maior número de registros. Muitos trabalhos citam a grande mortalidade de Cerdocyon thous por colisão com automóveis (Ascensão et al., 2017; Abra et. al., 2021; Cirino et al., 2022), o que é explicado pelo fato de os cachorros-do-mato serem animais que apresentam grande agilidade e uma ampla área de vida (Beisiegel, 1999; Sousa e Miranda, 2010), possibilitando seu deslocamento por grandes distâncias à procura de alimento. Além disso, são predadores oportunistas e se movem intensamente ao longo de rodovias, procurando, presas ou outros animais mortos por atropelamento. Esse animal também pode ser atropelado intencionalmente, pois na região há a crença de que todo cachorro-do-mato é “azedo”, o que significa que possui o vírus da raiva.

As taxas de atropelamento aparentam seguir uma tendência que acompanha os períodos secos e chuvosos da área de estudo. No entanto, diferente do encontrado por Prada et al. (2006), que observaram atropelamentos concentrados na seca em uma região de Cerrado brasileiro, os atropelamentos de fauna na área de estudo foram concentrados no período de chuva. No entanto, pouco mais de 10% dos indivíduos amostrados por Prada et al. (2006) foram répteis, enquanto estes foram uma das classes que dominaram nossas amostragens e estiveram concentrados no período chuvoso. A menor visibilidade dos condutores na rodovia ocasionada pela chuva ou pela vegetação que cresce mais rápido no período chuvoso pode contribuir para o maior número de atropelamentos; entretanto, o mais provável é que a umidade na região aumente os deslocamentos da fauna (Alho e Silva 2012; Braz e França, 2016).

Certamente, a paisagem também é uma variável que influencia nos atropelamentos, sendo que a maioria desses eventos ocorreram em áreas savânicas e agropecuárias. As análises de agregação dos atropelamentos são uma importante ferramenta neste estudo para compreender, espacialmente, quais locais da rodovia demandam maior atenção para futuros planos de redução de atropelamento de fauna, afinal nem todas as espécies são frequentemente atropeladas no mesmo tipo de uso do solo, sendo diferentes as respostas de cada espécie à proporção de habitat matriz na paisagem (Cirino et al., 2022); desse modo, é importante notar que diferentes grupos taxonômicos apresentaram diferentes usos no entorno das agregações mais fortes. Alguns dos impactos negativos causados aos animais silvestres pelas rodovias podem ser minimizados se estes tiverem a oportunidade de atravessar uma rodovia com segurança (Barnum, 2004). Uma das formas de proporcionar essa travessia com segurança é a partir da implantação de passagens de fauna (Beckmann et al., 2010). Elas podem ser subterrâneas (e.g: bueiros de drenagem), com cercas de direcionamento para conduzir os animais a cruzarem a pista com segurança. Segundo Abra et al. (2020), as passagens subterrâneas parecem ser adequadas para manter o deslocamento dos mamíferos selvagens e salvaguardar uma conectividade satisfatória do habitat. Além disso, sugerem que o uso de cercas seria fundamental para diminuir a mortalidade de animais silvestres.

Ao contrário de muitos trabalhos sobre atropelamento de fauna que identificam mamí-feros de médio e grande porte entre as classes mais afetadas, enquanto anfíbios são os menos afetados ou, muitas vezes, nem amostrados (Taylor e Goldingay, 2004; Prada et al., 2006; Coelho et al., 2008), nós não observamos diferença na taxa de atropelamentos entre os grupos. Esse resultado pode estar relacionado à velocidade de deslocamento empregado em nosso estudo (30-40 km/h) e ao uso de motocicleta, o que podem ter facilitado o avistamento de animais menores, incluindo os anfíbios (Taylor e Goldingay, 2004), uma vez que a maioria dos monitoramentos de fauna atropelada é realizada em carro e com uma velocidade de 40 a 60 km/h (Coelho et al., 2008).

Diante dos resultados apresentados nesta pesquisa, ficam evidentes os impactos das rodovias BR-020 e PI-140 sobre a fauna silvestre do território Serra da Capivara. Por isso, nesse contexto espera-se que os dados deste trabalho, sirvam de subsídio para o planejamento de medidas que mitiguem esse impacto na região.

Conclusão

Este é o primeiro estudo de fauna atropelada da região do Parque Nacional da Serra da Capivara e, com os resultados obtidos por meio desta pesquisa, é possível afirmar que as rodovias estudadas causam impacto negativo à fauna silvestre do entorno da referida unidade de conservação. Apesar de o trecho amostrado ser pequeno, é evidente que essas rodovias próximas ao Parque promovem a morte crônica de muitos indivíduos da fauna. Certamente, com a expansão futura do monitoramento de fauna atropelada nos mesmos viários, acreditamos que outras espécies ameaçadas sejam adicionadas ao banco de dados.

De acordo com as hipóteses iniciais, a fauna atropelada dessa área de estudo sofre influência sazonal, sendo maior em estação chuvosa, bem como o uso do solo tem o potencial de influenciar os atropelamentos.

Essas informações são importantes para a gerência do PNSC e o ICMBio, bem como para os gestores rodoviários estaduais e federais. É esperado que os dados do presente estudo e de próximos monitoramentos possam auxiliar na tomada de decisão futura para implementação de medidas de mitigatórias como: redutores físicos e eletrônicos de velocidade, passagens de fauna, cercamentos e placas de sinalização de travessia de fauna.

Sugerimos que futuros trabalhos avaliem a velocidade dos veículos e intensidade de tráfego sobre as espécies atropeladas, além de realizarem um monitoramento mais longo e em horários diferentes do dia.

Agradecimentos

Agradeço aos meus orientadores Fernanda Abra e Ronaldo Morato, pelo apoio, paciência e direcionamento dado ao trabalho. Às minhas irmãs Lúcrecia Santos e Larisse Santos, pelo apoio prestado durante o ano de pesquisa. À Erika Costa, por ter sido minha companheira de campo ao longo desse trabalho. À Rede das Herpetólogas Brasileiras e a Cláudia Oliveira, pela ajuda na identificação das aves e répteis. Agradeço também à Empresa de Consultoria Ambiental ViaFauna, pelo suporte financeiro concedido durante todo o ano de pesquisa, e ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (PIBIC/ICMBio), por meio do CNPq, pela oportunidade e confiança na concessão da bolsa. Por fim, sou imensamente grata a todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho.

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Figura 1 – Área de estudo contendo as duas rodovias estudadas: BR-٠٢٠ e PI-١٤٠. Os trechos avaliados são localizados ao sul do Parque Nacional Serra da Capivara, estado do Piauí.

Fonte: IBGE 2018, ICMBio, 2019, SNUC 2019, DNIT Rodovias 2015.

Elaboração: Jéssica de Sousa.

Tabela 1 – Número e frequência de vertebrados silvestres atropelados ao longo dos trechos das Rodovias BR-020 e PI-140, estado do Piauí, Nordeste do Brasil, entre julho 2021 e junho 2022. As espécies contendo “*” são espécies que também foram avistadas no estudo. Legenda: NI = Não identificado. Elaboração: Catarina de Sá.

Classe/Ordem/Família

Nome científico/nome popular

Ind.

Atropelados BR- 020 (n; %)

Ind.

Atropelados

PI-140 (n; %)

Total Geral

(n; %)

Reptilia 94

Squamata

Amphisbaenidae

Amphisbaenia alba (Cobra-de-duas-cabeças)

(n= 3, 3,15%)

(n= 4, 1,72%)

(n= 7, 2,12%)

Boidae

Boa constrictor (Jiboia constritora)

(n= 1, 1,05%)

(n= 5, 2,15%)

(n= 7, 2,12%)

Boidae

Epicrates assisi (Jiboia-arco-íris)

(n= 3, 1,29%)

(n= 3, 0,91%)

Chelidae

Cagádo sp.

(n= 2, 2,10%)

(n= 2, 0,86%)

(n= 5, 1,51%)

Colubridae

Leptodeira annulata (Cobra- olho-de-gato-anelada)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,30%)

Colubridae

Philodryas nattereri (Cobra-corre-campo)

(n= 3, 1,29%)

(n= 4, 1,21%)

Colubridae

Oxybelis aeneus (Cobra-Cipó)

(n= 1, 0,43%)

(n=1, 0,30%)

Colubridae

Pseudoboa nigra (Cobra-preta)

(n= 2, 2,10%)

(n= 8, 3,44%)

(n= 10, 3,03%)

Dipsadidae

Liophis typhlus (Cobra-verde)

(n= 3, 3,15%)

(n= 2, 0,60%)

Dipsadidae

Oxyrhopus guibei (Cobra-coral-falsa)

(n= 3, 3,15%)

(n= 2, 0,86%)

(n= 5, 1,51%)

Dipsadidae

Oxyrhopus sp.

(n= 3, 3,15%)

(n= 4, 1,72%)

(n= 7, 2,12%)

Dipsadidae

Oxyrhopus trigeminus (Cobra falsa-coral)

(n= 2, 2,10%)

(n= 8, 3,44%)

(n= 10, 3,03%)

Dipsadidae

Philodryas patagoniensis (Cobra-parelheira)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Dipsadidae

Rodriguesophis sp. (Cobra-da-terra)

(n= 2, 0,86%)

(n= 2, 0,60%)

Elapidae

Micrurus ibiboboca (Cobra-coral verdadeira)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Elapidae

Micrurus lemniscatus (Cobra-coral)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,43%)

(n= 2, 0,60%)

Teiidae

Ameivula ocellifera (Calanguinho)

(n= 2, 2,10%)

(n= 2, 0,60%)

Teiidae

Salvator merianae (Teiú)

(n= 2, 0,86%)

(n= 2, 0,60%)

Tropiduridae

Calango sp.

(n= 2, 2,10%)

(n= 1, 0,43%)

(n= 3, 0,91%

Tropidurida

Tropidurus hispidus (Calango-de-muro)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,30%)

Viperidae

Bothrops erythromelas (Jararaca-da-seca)

(n= 3, 3,15%)

(n= 5, 2,15%)

(n= 8, 2,43%)

Viperidae

Crotalus durissus (Cascavel)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,43%)

(n= 2, 0,60%)

Cobra N. I

(n= 3, 3,15%)

(n= 5, 2,15%)

(n= 8, 2,43%)

Classe/Ordem/família

Nome científico/nome popular

Ind.

Atropelados BR- 020 (n; %)

Ind.

Atropelados

PI-140 (n; %)

Total Geral

(n; %)

Aves 83

Accipitriformes

Accipitridae

Gampsonyx swainsonii (Gaviãozinho)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,30%)

Apodiformes

Trochilidae

Eupetomena macroura (Beija-flor-tesoura)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,30%)

Caprimulgiformes

Caprimulgidae

Hydropsalis parvula (Bacurau-chintã)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,30%)

Cathartiformes

Cathartidae

Coragyps atratus (Urubu-preto)

(n= 8, 8,42%)

(n= 6, 2,58%)

(n= 14, 4,25%)

Columbiformes

Columbidae

Columbina picui (Rolinha-picui)

(n= 3, 1,29%)

(n= 3, 0,91%)

Columbidae

Coccyzus americanus (Papa-lagarta-de-asa-

vermelha)

(n= 1, 0,43%)

(n= 2, 0,60%)

Cuculiformes

Cuculidae

Coccyzus melacoryphus (Papa-lagarta-acanelado)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,43%)

(n= 2, 0,60%)

Cuculidae

Crotophaga ani (Anu-preto)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Galbuliformes

Bucconidae

*Nystalus maculatus (Rapazinho-dos-velho)

(n= 1, 1,05%)

(n= 2, 0,86%)

(n= 3, 0,91%)

Gruiformes

Rallidae

*Porphyrio Martinica (Frango-d’água-azul)

Passeriformes

Emberizidae

Coryphospingus pileatus (Tico-tico-rei-cinza)

(n= 1, 1,05%)

(n= 2, 0,86%)

(n= 3, 0,91%)

Thamnophilidae

*Sakesphoroides cristatus (Choca-do-nordeste)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,30%)

Thamnophilidae

Taraba major (Choró-boi)

(n= 1, 1,05%)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Thraupidae

Paroaria dominicana Cardeal-do-nordeste

(n= 2, 0,86%)

(n= 2, 0,60%)

Strigidae

*Coruja N. I

(n=2, 0,86%)

(n= 2, 0,60%)

Ave N. I

(n=10, 10,52%)

(n=36, 15,51%)

(n= 46, 13,98%)

Amphibia 79

Anuro

Bufonidae

Rhinella granulosa (Sapo-cururu-pequeno)

(n= 4, 4,21%)

(n= 3, 1,29%)

(n= 7, 2,12%)

Bufonidae

*Rhinella marina (Sapo-cururu)

(n= 22, 23,15%)

(n= 48, 20,68%)

(n= 69, 20,97%)

Hylidae

Scinax fuscovarius (Perereca-de-banheiro)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Hylidae

Scinax x-signatus (Perereca-de-banheiro)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Phyllomedusidae

Pithecopus gonzagai (Perereca)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Mammalia 73

Carnivora

Canidae

Cerdocyon thous (Cachorro-do-mato)

(n= 3, 3,15%)

(n= 8, 3,44%)

(n= 11, 3,34%)

Mephitidae

Conepatus semistriatus (Gambá)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Classe/Ordem/família

Nome científico/nome popular

Ind.

Atropelados BR- 020 (n; %)

Ind.

Atropelados

PI-140 (n; %)

Total Geral

(n; %)

Didelphimorphia

Didelphidae

Didelphis albiventris (Gambá-de-orelha-branca)

(n= 9, 3,87%)

(n= 9, 2,73%)

Didelphidae

Didelphis sp.

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Didelphidae

Gracilinanus agilis (catita)

(n= 7, 3,01%)

(n= 7, 2,12%)

Primates

Cebídae

*Sapajus libidinosus (Macaco-prego)

Rodentia

Caviidae

Cavia aperea (Preá)

(n= 2, 2,10%)

(n= 5, 2,15%)

(n= 5, 1,51%)

Caviidae

Galea spixii (Preá)

(n= 6, 6,31%)

(n= 12, 5,17%)

(n= 18, 5,47%)

Caviidae

Kerodon rupestris (Mocó)

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Caviidae

Roedor N. I

(n= 1, 0,43%)

(n= 1, 0,30%)

Caviidae

*Preá N. I

(n= 3, 3,15%)

(n= 8, 3,44%)

(n= 11, 3,34%)

NI

Mamífero N. I

(n= 8, 3,44%)

(n= 8, 2,43%)

Total Geral

356

Figura 2 – Número de indivíduos e frequência de espécies por classe atropeladas nas rodovias BR-٠٢٠ e PI-140, estado do Piauí, Nordeste do Brasil. Elaboração: Fernanda Abra.

Figura 3 – Principais espécies atropeladas ao longo do estudo nas rodovias BR-020 e PI-140, estado do Piauí, Nordeste do Brasil. (A) cobra preta (Pseudoboa nigra); (B) falsa-coral (Oxyrhopus trigeminus); (C) cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaenia alba); (D) urubu-preto (Coragyps atratus); (E) rapazinho-dos-velhos (Nystalus maculatus); (F) sapo-cururu (Rhinella marina); (G) Preá (Galea spixii); (H) Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous); e (I) gambá-da-orelha-branca (Didelphis albiventris).

Elaboração: Catarina de Sá.

Gráfico, Gráfico de barras  Descrição gerada automaticamente

Tabela 2 – Classes de uso do solo que compõem a paisagem nas Rodovias BR-020 e PI-140. Elaboração: Douglas Cirino.

Uso do solo

BR-020 (%)

PI-140(%)

Florestal

0,11%

2,15%

Agropecuária

28,02%

24,63%

Savana

64,41%

62,93%

Não Florestada

5,13%

4,78%

Natural não florestal

2,33%

5,43%

Água

0,00%

0,08%

Tabela 3 – Classificação dos modelos de regressão logística de atropelamentos em função da estrutura da paisagem. A seleção de modelos foi realizada usando o Critério de Informação de Akaike corrigido para pequenas amostras (AICc). Apenas os modelos com ∆AIC ≤ 2,0 e o modelo nulo são mostrados (intercepto = 1). Elaboração: Milena Diniz.

Classe

Modelo

K

AICc

ΔAICc

wAICc

Evidência

Amphibia

Savana

2.00

71.05

0.00

0.26

1.00

Savana + Veg. Não florestal + Savana: Veg. Não florestal

4.00

71.18

0.13

0.24

1.07

Modelo nulo

1.00

85.25

14.20

0.00

1212.82

Aves

Veg. Não florestal

2.00

148.91

0.00

0.24

1.00

Veg. Não florestal + Área não Veg. + Veg. Não florestal: Área não Veg.

4.00

150.69

1.78

0.10

2.43

Agropecuária + Veg. Não florestal

3.00

150.85

1.94

0.09

2.63

Savana + Veg. Não florestal

3.00

150.88

1.97

0.09

2.68

Modelo nulo

1.00

151.72

2.81

0.06

4.07

Mammalia

Veg. Não florestal

2.00

177.01

0.00

0.18

1.00

Modelo nulo

1.00

178.08

1.07

0.10

1.71

Agropecuária + Veg. Não florestal

3.00

178.32

1.30

0.09

1.92

Veg. Não florestal + Área não Veg. + Veg. Não florestal:Área não Veg.

4.00

178.37

1.35

0.09

1.97

Savana + Veg. Não florestal

3.00

178.69

1.68

0.08

2.31

Agropecuária + Veg. Não florestal + Agropecuária:Veg. Não florestal

4.00

178.75

1.74

0.07

2.38

Savana + Veg. Não florestal + Savana:Veg. Não florestal

4.00

178.99

1.97

0.07

2.68

Reptilia

 

Veg. não florestal

2.00

96.59

0.00

0.27

1.00

Modelo nulo

1.00

99.10

2.51

0.08

3.51

Figura 4 – Agregações de atropelamentos considerando todos os animais silvestres nas Rodovias PI- 140 e BR-020, estado do Piauí, Nordeste do Brasil. Fonte: Sirgas 2000 UTM 23S. Elaboração: Douglas Cirino.

Tabela 4 – Análise de agregação de atropelamentos para as rodovias BR-020 e PI-140 e diferentes grupos faunísticos com o número e classificação de clusters, estado do Piauí, Nordeste do Brasil. Elaboração: Douglas Cirino.

Grupo Faunístico /Rodovia

Clusters (n)

Muito Alto (n)

Alto (n)

Médio (n)

Baixo (n)

Muito baixo (n)

BR-020 (todos os silvestres)

16

4

3

3

4

2

PI-140 (todos os silvestres)

18

1

5

5

4

2

Mamíferos

12

2

3

4

2

1

Aves

11

2

2

5

1

1

Répteis

19

1

3

8

6

1

Anfíbios

13

1

4

4

2

1

Uma imagem contendo Interface gráfica do usuário  Descrição gerada automaticamente

Figura 5 – Boxplot da Comparação dos atropelamentos de fauna de vertebrados silvestres entre as rodovias PI-140 e BR-020 (W=1757, p<0.05, IC 95%= 1.8-4.1), o triângulo verde representa o outlier, que são os dados que fogem do padrão da amostra, estado do Piauí, Nordeste do Brasil.

Elaboração: Ronaldo Morato.

Gráfico, Gráfico de caixa estreita  Descrição gerada automaticamente

Figura 6 – Boxplot da Comparação dos atropelamentos de vertebrados silvestres entre os períodos seco e chuvoso (W= 184, p<0.05, IC 95%= -3.6 - -0.06), o triângulo verde representa o outlier, que são os dados que fogem do padrão da amostra, estado do Piauí, Nordeste do Brasil.

Elaboração: Ronaldo Morato.

Gráfico, Gráfico de caixa estreita  Descrição gerada automaticamente

Biodiversidade Brasileira – BioBrasil.

Fluxo Contínuo e Seção Temática:

Planos de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção

n.4, 2023

http://www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/BioBR

Biodiversidade Brasileira é uma publicação eletrônica científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que tem como objetivo fomentar a discussão e a disseminação de experiências em conservação e manejo, com foco em unidades de conservação e espécies ameaçadas.

ISSN: 2236-2886