Desenvolvimento da Agrobiodiversidade: Estudo Etnobotânico de Plantas Medicinais na Comunidade de Boa Esperança, no Município de São João de Pirabas, Pará
Carmen Célia Costa da Conceição1, Milton Guilherme da Costa Mota1, Joel Corrêa de Souza1, Vanessa Melo de Freitas1, Mateus Augusto de Carvalho Santana1 e João Pedro Pinheiro Silva1
Recebido em 24/05/2022 – Aceito em 30/12/2022
1 Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA. Brasil. <carmenceliac2@gmail.com, milton.mota@ufra.edu.br, joel.correa@ufra.edu.br, vanessafreitas.melo.1@gmail.com, ma1041578@gmail.com, jppinheiro1920@gmail.com>.
RESUMO – A agrobiodiversidade é resultante da relação entre o ser humano com o meio ambiente, aliando-se no desenvolvimento de uma comunidade juntamente com as pesquisas etnobotânicas, em que essas pesquisas auxiliam nos levantamentos de espécies para uso farmacêutico, além de questões culturais e econômicas da população. Objetivou-se realizar um estudo etnobotânico de plantas medicinais como parte do conceito de agrobiodiversidade, em uma comunidade de agricultores familiares e pescadores artesanais da Vila de Boa Esperança, no município de São João de Pirabas, Pará. Foram feitas entrevistas semiestruturadas e estruturadas, com a aplicação de questionários, além da observação sobre a flora local. Para a realização das estimativas, foi obtida a frequência de uso de cada espécie em ecossistemas de capoeiras e quintais, e agrupadas de acordo com a classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde. Nos quintais, foram registradas 113 espécies medicinais distribuídas em 47 famílias botânicas. Nas capoeiras, foram registradas 50 espécies distribuídas em 25 famílias botânicas. O Pião branco obteve a maior frequência de uso nos quintais com 44,83%, e, nas capoeiras, o Barbatimão, Pau de cavalo e Verônica tiveram os mesmos valores de frequência, com 93,10%. A maioria das plantas utilizadas como medicamentos destinava-se para o tratamento de doenças infecciosas e parasitárias. As folhas foram a parte da planta mais usada como remédio. Dessa maneira, os estudos etnobotânicos tenderam a resgatar os conhecimentos da comunidade de Boa Esperança, e a conservar as espécies medicinais que se encontram em quintais e capoeiras, visando ao desenvolvimento sustentável da região.
Palavras-chave: Propriedades terapêuticas; frequência de uso; conservação; recursos naturais.
Development of Agrobiodiversity: Ethnobotanical Study of Medicinal Plants in the Community of Boa Esperança in the Municipality of São João de Pirabas, Pará
ABSTRACT – Agrobiodiversity is the result of the relationship between human beings and the environment, allied to the development of a community together with ethnobotanical research, in which these researches assist in the survey of species for pharmaceutical use, in addition to cultural and economic issues of the population. The objective was to carry out an ethnobotanical study of medicinal plants as part of the agrobiodiversity concept, in a community of family farmers and artisanal fishermen in Vila de Boa Esperança, in the municipality of São João de Pirabas, Pará. Semi-structured and structured interviews were carried out, with the application of questionnaires, in addition to the interviewee’s observation of the local flora. To carry out the estimates, the frequency of use of each species in ecosystems of capoeiras and backyards was obtained, and grouped according to the classification of diseases of the World Health Organization. In the backyards, 113 medicinal species distributed in 47 botanical families were recorded. In the capoeiras, 50 species distributed in 25 botanical families were recorded. The white Pião obtained the highest frequency of use in backyards with 44.83%, and, in capoeiras, Barbatimão, Pau de horse and Verônica had the same frequency values with 93.10%. Most plants used as medicines were intended for the treatment of infectious and parasitic diseases. The leaves were the part of the plant most used as medicine. In this way, ethnobotanical studies tended to rescue the knowledge of the community of Boa Esperança, and to conserve the medicinal species found in backyards and capoeiras, aiming at a sustainable development of the region.
Keywords: Therapeutic properties; frequency of use; conservation; natural resources.
Desarrollo de la Agrobiodiversidad: Estudio Etnobotánico de Plantas Medicinales en la Comunidad de Boa Esperança en el Municipio de São João de Pirabas, Pará
RESUMEN – La agrobiodiversidad es el resultado de la relación entre el ser humano y el medio ambiente, aliándose en el desarrollo de una comunidad junto con la investigación etnobotánica, en la que estas investigaciones ayudan en el relevamiento de especies de uso farmacéutico, además de cuestiones culturales y económicas de la población. El objetivo fue realizar un estudio etnobotánico de plantas medicinales como parte del concepto de agrobiodiversidad, en una comunidad de agricultores familiares y pescadores artesanales en Vila de Boa Esperança, en el municipio de São João de Pirabas, Pará. Se realizaron entrevistas semiestructuradas y estructuradas, con aplicación de cuestionarios, además de observación de la flora local. Para realizar las estimaciones se obtuvo la frecuencia de uso de cada especie en ecosistemas de capoeiras y traspatio, y se agruparon según la clasificación de enfermedades de la Organización Mundial de la Salud. En traspatios se registraron 113 especies medicinales distribuidas en 47 familias botánicas. En capoeiras se registraron 50 especies distribuidas en 25 familias botánicas. La mayoría de las plantas utilizadas como medicinas estaban destinadas al tratamiento de enfermedades infecciosas y parasitarias. Las hojas eran la parte de la planta más utilizada como medicina. De esta forma, los estudios etnobotánicos tendieron a recuperar el conocimiento de la comunidad de Boa Esperança, y a conservar las especies medicinales que se encuentran en los traspatios y capoeiras, visando el desarrollo sustentable de la región.
Palabras clave: Propiedades terapéuticas; frecuencia de uso; conservación; recursos naturales.
Introdução
A agrobiodiversidade consiste na interação do ser humano e as espécies vegetais, em uma determinada condição ambiental, na qual essas espécies podem servir como forma de alimentos, produtos para fins terapêuticos e outros oriundos da matéria prima (Polesi et al., 2017).
A relação entre pessoas e plantas é bastante observada em povos e comunidades tradicionais, pois, além de protegerem os seus territórios e os recursos naturais, com o seu conhecimento contribuem para a descoberta de novos medicamentos, cosméticos entre outros produtos. Além disso, a agrobiodiversidade faz parte do sistema agrícola, aliando a conservação e o manejo do solo com o desenvolvimento sustentável, podendo-se adequar às comunidades tradicionais com o objetivo de ajudá-las em seu desenvolvimento local (Duarte e Pasa, 2016; Conway, 1987; Santos, 1996).
Os estudos etnobotânicos são outro fator que contribui para o desenvolvimento de uma localidade, pois visam promover o reconhecimento do saber local e buscam estratégias que possibilitem a aproximação dos saberes científicos com os saberes das comunidades, contribuindo para o desenvolvimento de escolhas sustentáveis de uso e manutenção de recursos naturais (Strachulski e Floriani, 2013). Um estudo de Cajaiba et al. (2016) mostrou que a pesquisa etnobotânica torna-se uma oportunidade de adquirir uma diversidade de informações de cunho etnográfico e futuros recursos biológicos, como, por exemplo, a bioprospecção de novos fármacos ou o manejo de áreas de conservação.
Além disso, a etnobotânica abrange o estudo das plantas medicinais, por ser um estudo sobre o conhecimento da flora de uma região, que se preocupa com os indivíduos e os seus saberes, agrupando informações dos povos tradicionais que mantiveram associações com os vegetais e com os elementos culturais de um povo (Siqueira e Pereira, 2014).
O Brasil, por sua biodiversidade, é um berço de espécies nativas e exóticas com propriedades terapêuticas, sendo de grande importância a realização de estudos para se conhecer o maior número possível de espécies e sua aplicabilidade na área da saúde (Sobrinho et al., 2017). A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a relevância dos trabalhos etnobotânicos, que mostram o uso tradicional de espécies medicinais nos mais diversos tipos de enfermidades, incentivando as comunidades a identificarem suas próprias tradições em relação às terapias, explorando práticas seguras e eficazes para posterior utilização em cuidados primários de saúde (Scardelato et al., 2013).
Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo etnobotânico de plantas medicinais como parte do conceito de agrobiodiversidade, em uma comunidade de agricultores familiares e pescadores artesanais da vila de Boa Esperança, no município de São João de Pirabas, no Pará.
Material e Métodos
O estudo foi realizado na vila de Boa Esperança, localizada no município de São João de Pirabas, microrregião do salgado, nordeste paraense, delimitada pelas coordenadas geográficas 0º44’40’’S e 47º10’35’ W. O município possui uma população de 20.647 pessoas, com uma densidade demográfica de aproximadamente 29,26 hab/km² (IBGE, 2010). O clima, com base no sistema de Köppen, é da classe A (Awi). A precipitação pluviométrica compreende valores elevados, em torno de 3.543 mm. A temperatura média anual está em torno de 27,7ºC e, ao longo do ano, varia de 26,8 a 28,0ºC. As coletas dos dados foram feitas no período de julho/2004 a agosto/2006.
Para a obtenção dos dados etnobotânicos, foram entrevistadas as 29 famílias que compunham a comunidade. A maioria das entrevistas foi feita com o casal (65,5%) e, quando incompleta, só com o homem (7,0%) ou só com a mulher (27,5%). No total, foram entrevistados 25 homens e 26 mulheres. Entre os entrevistados estavam quatro pessoas (dois homens e duas mulheres) que foram consideradas informantes-chave devido ao conhecimento que possuíam da flora local.
As entrevistas foram feitas de forma semiestruturada e estruturada, com a aplicação de questionários, além das informações obtidas pela observação do entrevistado da flora local. As coletas de informações, de dados e de material botânico, bem como as análises, foram realizadas conforme Martin (2001), Cunningham (2001), e Albuquerque e Lucena (2004).
Durante o trabalho detectaram-se as seguintes unidades de ecossistemas com a presença de plantas medicinais, que são os quintais e as capoeiras. As exsicatas do material botânico foram identificadas por especialistas do Herbário da Embrapa Amazônia Oriental, onde foram catalogadas e depositadas.
As espécies medicinais utilizadas pela comunidade com fins terapêuticos, além de serem indicadas para as doenças mais comuns entre a população – como a diabetes, hipertensão dentre outras doenças –, também são utilizadas para algumas doenças que são características da comunidade estudada. As indicações foram agrupadas com base na classificação das doenças proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2000).
Para se estimar a frequência de uso para cada espécie citada pelos informantes-chave e pela comunidade em geral, dentro de cada unidade de ecossistemas tomou-se uma amostra das 29 famílias e utilizou-se a fórmula adaptada de Phillips e Gentry (1993) para realizar as estimativas:
FUsp = ∑ Uspi / ns
Em que, FUsp é a frequência de uso de cada espécie em cada ecossistema estudado, ∑ Uspi é a somatória do número de citações e/ou registros por informante i para a espécie sp, e ns o número total de informantes (ns = 29). Desta forma, o valor de FUsp variará de 0 a 1, podendo ser expresso em valor relativo.
Resultados e Discussão
Na comunidade constatou-se uma diversidade de espécies medicinais que são cultivadas nos quintais das famílias. Essa diversidade de espécies medicinais também foi observada pelos povos tradicionais do estado do Amazonas, sendo bastante preservadas, cultivadas e utilizadas para tratamentos e curas de doenças da comunidade (Dário e Sandrini, 2021).
Nos quintais avaliados, foram registradas 113 espécies medicinais distribuídas em 47 famílias botânicas (Tabela 1), das quais 14,16% são nativas e 85,84% são exóticas. Berg e Silva (1986a), no estado do Maranhão, encontraram 113 espécies distribuídas em 58 famílias; e, no estado do Amazonas, Berg e Silva (1986b) registraram 122 espécies e 60 famílias. Comparando as listas de espécies apresentadas por esses autores com a produzida por esta pesquisa, verificou-se que 33 espécies tinham registro somente em Boa Esperança.
As informações sobre a identificação das espécies e a frequência de uso das plantas medici-nais podem ser encontradas na Tabela 1. Neste trabalho, o número de citações e/ou de registros traduz a frequência de uso de uma determinada espécie.
Nenhuma espécie nesta pesquisa foi citada e/ou registrada por 100% dos informantes, e os maiores valores de frequência de uso não ultrapassaram 45% (Tabela 1). As espécies com maior frequência de uso foram pião branco (44,83%), arruda (31,03%), capim santo (31,03%), erva cidreira (31,03%), pariri (27,59%), anador (24,14%) e mastruço (24,14%) (Tabela 1). Essas espécies também foram introduzidas na Amazônia e mencionadas por Pereira e Coelho (2017). À exceção do mastruço (ciclo curto e herbácea), as demais são perenes, sendo: pião branco (arbusto), arruda (herbácea), capim santo (herbácea), erva cidreira (subarbusto), pariri (subarbusto) e anador (subarbusto).
Dessas espécies, somente a arruda é tida como de proteção dos povos nativos, mas também é usada como planta medicinal, segundo Pedro et al. (2016). As seguintes espécies da Tabela 1 também são consideradas como de proteção: alecrim d’angola, cipó d’alho, limão galego, malva rosa, mucuracaá, pau d’angola, pião caboclo, pião roxo, vassorinha de benzer e vindicá. O pião branco, também conhecido como pinhão manso, possui elevado teor de óleo e, por conta disso, está sendo recomendado para extração de óleo vegetal visando à produção de biodiesel (Nunes, 2008). Outras espécies têm potencial visível para serem utilizadas em sistemas de produção, tais como: andiroba, sacaca, babosa, pripioca, patchouli, oriza etc.
Do total de 113 espécies medicinais existentes nos quintais, 65 foram indicadas como remédio no uso terapêutico em 47 doenças envolvendo as diferentes categorias de afecções do organismo (Tabela 2). A importância das espécies medicinais em quintais para o uso de tratamentos de doenças também foi registrada por Pasa et al. (2005) ao estudar plantas medicinais dos quintais na comunidade de Conceição-Açu, quando fez referência de 35 espécies no tratamento de 30 doenças.
Segundo as famílias entrevistadas, as folhas foram consideradas a parte da planta mais usada como remédio; porém, outras foram utilizadas, tais como, rizomas, raízes, bulbos, cascas, flores, frutos e sementes. Entre as formas de preparo predominou o chá; entretanto, outras formas foram relatadas, como macerados, sumos, óleo e tinturas. Essas mesmas características de uso de plantas medicinais foram encontrados por Oliveira e Lucena (2015), em seus estudos com moradores no munícipio de Quixadá-Ceará, em que as partes das plantas utilizadas pelos entrevistados foram principalmente as folhas, representando 89,4% das citações, seguidas de caules, flores, sementes, frutos e raízes, e além disso, o chá como a principal forma de preparo para uso medicinal pelos moradores.
Verificou-se que as plantas usadas como remédio destinavam-se, em maior parte, para o tratamento de problemas relacionados a doenças infecciosas e parasitárias, doenças do aparelho genito-urinário, doenças do aparelho respiratório, doenças do aparelho circulatório, doenças do sistema nervoso, doenças do aparelho digestivo, doenças da pele ou do tecido subcutâneo e doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo (Tabela 2 e 5).
Os tipos de espécies usadas para os trata-mentos das doenças (Tabela 2) difere do quadro de tratamentos encontrados por Pasa et al. (2005) na comunidade de Conceição-Açu, mostrando que essa diferença pode estar relacionada aos hábitos da cultura local. Pasa et al. (2005) verificaram que, na comunidade de Conceição-Açu, as plantas usadas como remédio destinavam-se, em maior uso, para as doenças do aparelho digestivo do que para as doenças infecciosas e parasitárias.
Na comunidade de Boa Esperança, também foram registradas as espécies medicinais encontradas nas capoeiras, que são extensões dos quintais para a população. Observou-se que são importantes tanto para a oferta de produtos para as famílias, como para a manutenção da biodiversidade local, sendo depositárias de representantes da flora e da fauna nativa. Essa importância também pode ser vista por Ferreira (2000), em seu estudo na comunidade pesqueira do litoral paraense, em que observou que florestas secundárias (capoeiras) em estágios de sucessão mais avançados são frequentemente visitadas pelos moradores, além de fornecerem frutos e plantas medicinais.
Pelos entrevistados da comunidade, foi identificado um total de 50 espécies medicinais, representadas por 25 famílias botânicas. Com relação às informações retiradas dos 4 informantes-chave, foi identificado um total de 53 espécies, representadas por 36 famílias botânicas, para o uso de remédios, com hábito de crescimento variando de plantas herbáceas até árvores (Tabela 3).
O conhecimento dos informantes-chave na capoeira contribuiu para a identificação de mais espécies úteis do que as identificadas por outros entrevistados da comunidade, distribuídas num maior número de famílias e com predominância de plantas medicinais. Essa diversidade de plantas encontrada na capoeira pode estar relacionada com a sua idade, visto que em um estudo realizado por Ana Lúcia et al. (2007) observou-se que, com o monitoramento durante cinco anos de medições entre duas capoeiras com idades de 34 e 44 anos, obteve-se um número de 110 e 142 espécies, respectivamente.
Os maiores valores de frequência de uso registrados de espécies medicinais encontradas nas capoeiras atingiram 93,10% (Tabela 4). Considerando-se as espécies com frequência de uso acima de 27,59%, as espécies mais importantes pela ordem decrescente de citação foram Barbatimão, Pau de Cavalo, Verônica, Sucuuba, Unha de Gato e Amapá. À exceção do Pau de Cavalo, todas são muito conhecidas e empregadas na fitoterapia da Amazônia (Vieira, 1991).
A diversidade de espécies medicinais nas capoeiras é constituída por 50 espécies distribuídas em 25 famílias botânicas (Tabela 4). Entre essas espécies, somente o Melão de São Caetano é exótica, as demais são nativas. Do total de espécies, 12 têm sido comumente citadas na fitoterapia da Amazônia (Vieira, 1991); a Andiroba (Carapa guianensis) alcança preço local de R$ 10,00 por litro de óleo; e o Capitiu (Siparuna guianensis) vem despertando interesse comercial.
Observou-se que para o tratamento de doenças foi encontrado um maior número de plantas medicinais nos quintais, comparado àquelas encontradas nas capoeiras. (Tabelas 2 e 5). Assim como os quintais, as espécies medicinais encontradas nas capoeiras são utilizadas principalmente para as doenças infecciosas e parasitárias (Tabela 5). O expressivo uso de espécies para uso medicinal, em capoeiras da comunidade estudada, pode estar relacionado ao que foi citado por Freitas e Fernandes (2006), segundo os quais a maioria dos informantes da comunidade de enfarrusca afirmaram que nunca plantaram as espécies medicinais da capoeira, devido ao fácil acesso em consegui-las.
Conclusões
O estudo demonstrou que o conhecimento dos entrevistados sobre a flora local se torna um patrimônio cultural, por ser um conhecimento advindo de outras gerações, possibilitando uma maior facilidade para a identificação de espécies medicinais, e, com isso, podendo ser utilizadas no tratamento das doenças mais comuns entre a comunidade.
Além disso, devem ser realizados estudos para a comprovação dos efeitos medicinais das espécies utilizadas como medicinal na comunidade, possibilitando o uso em programas de conservação de germoplasma in situ, processo importante para a conservação dos recursos genéticos dessas espécies.
Desse modo, é relevante a realização de mais estudos etnobotânicos que cataloguem o conhecimento associado ao uso das plantas medicinais em comunidades, visto que essa associação pode proporcionar elementos que são fundamentais para a conservação da biodiversidade e a manutenção da diversidade cultural.
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Tabela 1 – Espécies medicinais encontradas nos quintais de Boa Esperança, São João de Pirabas/PA, 2005/2006.
Nome popular |
Nome científico |
Família |
Nº de citações |
FUsp |
FUsp% |
Abacateiro |
Persea americana Mill. |
Lauraceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Açucena |
Hippeastrum reginae (L.) Herb. |
Amaryllidaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Ajirú |
Chysobalanus icaco L. |
Chrysobalanaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Alecrim d’angola |
Vitex agnus-cactus L. |
Verbenaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Alfavaca japonesa |
Ocimum gratissimum L. |
Lamiaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Alfavaquinha |
Ocimum basilicum L. |
Lamiaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Algodão |
Gossypium herbaceum L. |
Malvaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Algodão de seda |
Calotropis procera (Aiton) W.T. Aiton |
Asclepiadaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Algodão roxo |
Gossypium herbaceum L. |
Malvaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Amor crescido |
Portulaca pilosa L. |
Portulacaeae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Anador |
Plectranthus barbatus Andrews |
Lamiaceae |
7 |
0,2414 |
24,14 |
Anajai |
Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. |
Iridaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Andiroba |
Carapa guianensis Aublet |
Meliaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Andiroba-jarabu |
Andira retusa (Lam) H. B. K. |
Fabaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Arruda |
Ruta graveolens L. |
Rutaceae |
9 |
0,3103 |
31,03 |
Babosa |
Aloe barbadensis L. |
Liliaceae |
6 |
0,2069 |
20,69 |
Batatão |
Operculina macrocarpa (L.) Farwel |
Convolvulaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Boldinho |
Plectranthus neochilus Schlechter |
Lamiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Boldo africano |
Vernonia condensata Baker |
Compositae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Nome popular |
Nome científico |
Família |
Nº de citações |
FUsp |
FUsp% |
Caju |
Anacardium occidentale L. |
Anacardiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Camapú |
Phisalis angulata L. |
Solonaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Canaranã |
Costus spicatus (Jacq.) Sw. |
Zingiberaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Canela |
Cinnamomum zeylanicum Breyn. |
Lauraceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Capim marinho miúdo |
Sem identificação |
Apiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Capim santo |
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. |
Poaceae |
9 |
0,3103 |
31,03 |
Cariru |
Talinum patens (Jacq.) Willd. |
Portulacaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Carmelitana |
Lippia citriodora A. DC. |
Verbenaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Cebola bulbo |
Hippeastrum puniceum (Lam.) Kuntze |
Amaryllideceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Chicória |
Eryngium foetidum L. |
Apiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Cibalena |
Sem identificação |
Verbenaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Cipó d’alho |
Adenocalymna alliaceum Mart. |
Bignoniaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Cipó pucá |
Cissus sicyoides L. |
Ampelidaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Coco pingo de ouro |
Cocos nucifera L. |
Arecaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Coramina |
Pedilanthus tithymaloides Poit |
Euphorbiaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Coramina rajada |
Pedilanthus tithymaloides Poit |
Euphorbiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Cravo de defunto |
Tagetes erecta L. |
Asteraceae |
5 |
0,1379 |
13,79 |
Crista de galo |
Celosia argêntea L. |
Amaranthaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Cuieira |
Crescentia cujete L. |
Bignoniaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Elixir paregórico |
Piper callosum H.B.K. |
Piperaceae |
6 |
0,2069 |
20,69 |
Embauba branca |
Cecropia pachystachya Trécul |
Cecropiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Erva cidreira |
Lippia alba (Mill) N. E. Br. |
Verbenaceae |
9 |
0,3103 |
31,03 |
Erva de passarinho |
Phthyrusa theobromae Baill. |
Lorantaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Erva Lombrigueira |
Spigelia anthelmia L. |
Loganiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Esqueleto |
Euphorbia tirucalli L. |
Euphorbiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Estutuque |
Achyrocline satureoides L. |
Asteraceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Fedegoso |
Senna occidentalis (L.) Link |
Caesalpinioideae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Gengibre |
Zingiber officinalis Roscoe |
Zingiberaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Gergelim preto |
Sesamum indicum L. |
Pedaliaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Goiaba |
Psidium guajava L. |
Myrtaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Hortelã de panela |
Mentha x piperita L. |
Lamiaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Hortelã miúdo |
Mentha pulegium L. |
Lamiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Jambu |
Spilanthes oleraceae L. |
Asteraceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Japana branca |
Eupatorium triplinerve Vahl. |
Asteraceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Japana roxa |
Eupatorium triplinerve Vahl. |
Asteraceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Jiló amarelo |
Não identificado |
Solanaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Juca |
Caesalpinia ferrea Mart. |
Caesalpinaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Laranja da terra |
Citrus aurantium L. |
Rutaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Lima |
Citrus aurantifolia (Christm.) Swingle |
Rutaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Nome popular |
Nome científico |
Família |
Nº de citações |
FUsp |
FUsp% |
Limão galego |
Citrus limón (L.) Burm. f. |
Rutaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Língua de vaca |
Elephantopus scaber L. |
Asteraceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Losna |
Ambrosia artemisiifolia L. |
Asteraceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Malva rosa |
Pelargonium zonale L’Herit |
Geraniaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Malvarisco |
Pothomorphe umbellata (L.) Miq |
Piperaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Mamona |
Ricinus communis L. |
Euphorbiaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Mandacaru |
Cereus jamacaru DC. |
Cactaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Manjericão |
Ocimum minimum L. |
Lamiaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Manjericão roxo |
Ocimum brasiliensis L. |
Lamiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Mangueira (casca) |
Mangifera indica L. |
Anacardiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Manjerioba |
Senna occidentalis (Linn.) Link. |
Caesalpinioideae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Manjerona |
Majorana hortensis Moench |
Lamiaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Mastruço |
Chenopodium ambrosioides L. |
Chenopodiaceae |
7 |
0,2414 |
24,14 |
Monja-senhor |
Não identificado |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Mucuracaá |
Petiveria alliacea L. |
Phytolaccaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Mudubim |
Arachis hypogaea L. |
Fabaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Mulatinha |
Aeolanthus suaveolens Mart ex K. Spreng |
Lamiaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Murtinha branca |
Myrcia bracteata (Rich.) DC. |
Myrtaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Oriza |
Pogostemon patchouly Pellet |
Lamiaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Palma |
Opuntia dillenii Haw |
Cactaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Pariri |
Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) Verlot |
Bignoniaceae |
8 |
0,2759 |
27,59 |
Patchouli |
Vetiveria zizanioides Stapf. |
Poaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Pau d’angola |
Piper arboreum Ruiz et Pav. |
Piperaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Pega rapaz |
Não identificado |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Perpetua Roxa |
Gomphrena globosa L. |
Amaranthaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Pião branco |
Jatropha curcas L. |
Euphorbiaceae |
13 |
0,4483 |
44,83 |
Pião caboclo |
Jatropha multifida L. |
Euphorbiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Pião roxo |
Jatropha gossypiifolia L. |
Euphorbiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Pimenta malagueta |
Capsicum baccatum L. |
Solanaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Pluma |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Poejo |
Mentha pulegium L. |
Lamiaceae |
|||
Priprioca |
Cyperus articulatus L |
Cyperaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Pripriocão |
Cyperus prolixus H.B.K. |
Cyperaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Quebra pedra |
Phyllanthus cf. niruri L. |
Euphorbiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Rinchão |
Starchytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl |
Verbenaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Sacaca ou cajuçara |
Croton cajucara Benth. |
Euphorbiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
São Raimundo |
Briophyllum calicinum Salisb. |
Crassulaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Saracurinha |
Alternanthera ficoidea R. Br. |
Amaranthaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Sucubeira |
Himatanthus sucuuba (Spruce ex Muell. Arg.) Woodson |
Apocinaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Nome popular |
Nome científico |
Família |
Nº de citações |
FUsp |
FUsp% |
Sucuriju |
Cissamtelos sp. |
Minispeermaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Taperebazeiro (casca) |
Spondias mombin L. |
Anacardiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Terramicina |
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze. |
Amaranthaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Trevo roxo |
Hyptis atrorubens Poit. |
Lamiaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Vassorinha de benzer |
Scoparia dulcis L. |
Scrophulariaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Vassorinha de botão |
Spermacoce verticillata L. |
Rubiaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Vick (menta) |
Mentha arvensis L. |
Lamiaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Vinagreira |
Hibiscus sabdariffa L. |
Malvaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Vinagreira branca |
Hibiscus sabdariffa L. |
Malvaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Vinagreira do talo roxo |
Hibiscus sabdariffa L. |
Malvaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Vinagreira roxa |
Hibiscus sabdariffa L. |
Malvaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Vindicá |
Alpinia zerumbert (Pers.) B.L. Burtt. & R.M. Sm. |
Zingiberaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Ucuuba |
Virola surinamensis (Rol.) Warb. |
Myristicaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Urubu-caa |
Casearia javitensis H.B.K. |
Flacortiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Urucu |
Bixa orellana L. |
Bixaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Tabela 2 – Relação entre as categorias de afecções orgânicas, as espécies medicinais cultivadas nos quintais como remédio e seus usos. Boa Esperança, São João de Pirabas/PA, 2005/2006.
Categorias |
Espécies |
Usos |
Doenças do sistema nervoso |
Capim santo, oriza, erva cidreira, hortelã de panela, reira, vindicá, malva rosa, babaçu, cravo de defunto, maravuvuia mirim, caroço do tucumã |
Ansiedade, agitação, fraqueza da cabeça |
Doenças do aparelho digestivo |
Boldo, amor crescido, anador, canela, elixir paregórico, hortelã de panela |
Digestão, dor de estômago, dor de barriga, azia, mal-estar, fígado, ânsia de vômito |
Doenças do aparelho respiratório |
Algodão roxo, chicória, gengibre, hortelã da folha grossa, hortelã miúdo, japana branca, juca, jutai, japana branca, amapá, mastruço, patchouli |
Gripe, resfriado, sinusite |
Doenças do aparelho circulatório |
Cipó puçá, coramina, cravo de defunto, gergelim preto, mulatinha, oriza, vindica, batatão, ajirú, pariri, saracurinha, massaranduba |
Pressão alta, sangue grosso, hemorróida, limpar o sangue, anemia, hemorragia |
Doenças do aparelho genito-urinário |
Abacateiro, alfavaquinha, arruda, canarana, chicória, mandacaru, murtinha branca, pariri, quebra pedra, sucuriju, terramicina, barbatimão, verônica, unha de gato, uxi |
Diurético, inflamação dos ovários, útero, bexiga, urina, menstruação, menopausa |
Doenças da pele o do tecido subcutâneo |
Babosa, laranja da terra, limão galego, são Raimundo, vassorinha de benzer |
Coceiras, alergia, manchas |
Doenças infecciosas e parasitárias |
Terramicina, andiroba-jaruba, erva lombrigueira, ajiru mamona, mastruço, perpetua roxa, trevo-roxo, verônica, sucuuba, apio, barbatimão, vinagreira roxa, maravuvuia mirim, tapirica, são raimundo, anajai |
Vermes, infecção intestinal, diarréia, erisipela, fungo, amidalite, ameba |
Traumatismo |
Apui, mastruço, babosa, coramina rajada, catigia, visqueiro, veronica |
Osso quebrado, golpe, baque, queimadura, ferrada de peixe |
Dor de cabeça |
Açucena, japana branca, alecrim d’angola, arruda, mulatinha, cuieira, capitiu, buiuçu, cibalena |
Sintoma de várias doenças |
Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjutivo |
Andiroba, gengibre, mucuracaá |
Reumatismo, energético |
Tabela 3 – Espécies para diferentes categorias de uso (A: alimento; R: remédio; M: madeira; Ot: outros) identificadas nas capoeiras de Boa Esperança, segundo os informantes-chave. São João de Pirbas/PA, 2005/2006.
Nome científico |
Família |
Nome popular |
Categoria de uso |
Hábito |
Arrabidaea cinnamomea (DC.) Sandw. |
Bignoneaceae |
abuta grande |
R |
Cipó |
Euterpe oleracea Mart. |
Aracaceae (Palmae) |
açaí |
A, R, M |
Árvore |
Chrysobalanus icaco L. |
Chrysobalanaceae |
ajirú da praia |
A, R |
Arbusto |
Parahancomia amapá (Huber) Ducke |
Apocynaceae |
amapá |
R |
Árvore |
Eugenia cumini (L.) Druce |
Myrtaceae |
ameixeira do pará |
A, R |
Árvore |
Carapa guianensis Aubl. |
Meliaceae |
andiroba |
R, M |
Árvore |
Andira retusa (Lam) H. B. K. |
Fabaceae |
andiroba jaruba ou lombrigueira |
R |
Árvore |
Parkia pendula Benth. Ex Walp. |
Mimosaceae |
angelim pedra |
M, R |
Árvore |
Licania macrophylla Benth. |
Chrysobalanaceae |
anuerá |
R, M |
Árvore |
Agonandra brasiliensis Miers ex Benth |
Opiliaceae |
apio |
R, Ot |
Árvore |
Fícus guianensis Desv. Ex Ham. |
Moraceae |
apuí |
R |
Cipo |
Cordia nodosa Lamarck |
Boraginaceae |
aracatinga |
R |
Arbusto |
Orbignya phalereta Mart. |
Arecaceae |
babaçu |
Ot, R |
Árvore |
Ouratea microdonta (Dalz) Engl. |
Ochnaceae |
barbatimão |
R |
Árvore |
Maytenus myrcinoides Reissek. |
Celastraceae |
barbatimão |
R |
Árvore |
Protium hepetaphyllum (Aubl.) March. |
Burseraceae |
breu branco |
R, M, Ot |
Árvore |
Ormosia coutinhoi Ducke |
Fabaceae |
buiuçu mirim |
R, M |
Árvore |
Arrabidaea cinnamomea (DC) Sandw |
Bignoniaceae |
butarana |
A, R |
Cipo |
Psychotria barbiflora DC. |
Rubiaceae |
caamembeca |
R |
Subarbusto |
Cordia multispicata Cham. |
Boraginaceae |
carucaa ou maria preta |
R |
Arbusto |
Lecythis pisonis Cambess. |
Lecythidaceae |
castanha de sapucaia |
A, R, M |
Árvore |
Fícus catappifolia Kunth & Bouché ex Kunth |
Moraceae |
caxinguba |
R |
Árvore |
Clusia grandiflorum Splits. |
Clusiaceae |
ceboleira |
R, Ot |
Árvore |
Não identificado |
cipó tiquira |
R |
Cipó |
|
Nome científico |
Família |
Nome popular |
Categoria de uso |
Hábito |
Copaifera martii Hayne |
Caesalpiniaceae |
copaíba |
R, M |
Árvore |
Duoclea virgata (Rich) Amsh. |
Fabaceae |
cordão de vila |
R, Ot |
Cipó |
Solanum asperum Rich |
Solanaceae |
cujuçara ou cega burro |
R, Ot |
Arbusto |
Cecropia palmata Willd. |
Cecropiaceae |
embauba branca |
R, Ot |
Árvore |
Securidaea bialata Benth. |
Polygalaceae |
emburate (mato invasor) |
R, Ot |
Subarbusto |
Phoradendron pteroneurum Eichler. |
Loranthaceae |
erva de passarinho |
R |
Cipó |
Bauhinha coronata Bentham |
Caesalpiniaceae |
escada de jabuti ou jabutimutá |
R, Ot |
Cipó |
Matayba arborea (Aubl) Radlk |
Sapindaceae |
espeturana |
R, Ot |
Arbórea |
Justicia sp. |
Acanthaceae |
eucalipto de jardim |
R, Ot |
Subarbusto |
Piper ottonoides Yunck |
Piperaceae |
jambú açú |
R |
Subarbusto |
Genipa americana L. |
Rubiaceae |
jenipapo |
A, R, Ot, M |
Árvore |
Hymenaea courbaril L. |
Caesalpiniaceae |
jutaí ou jatobá |
A, R, M |
Árvore |
Platymiscium filipes Benth. |
Fabaceae |
macacauba |
R, M |
Árvore |
Cereus sp. |
Cactaceae |
mandacaru |
R |
Arbusto |
Croton matonensis Aubl |
Euphorbiaceae |
maravuvuia |
R, M |
Árvore |
Manilkara triflora (F. Allemão) |
Sapotaceae |
massaranduba |
R, M |
Árvore |
Manilkara triflora (F. Allemão) |
Sapotaceae |
massaranduba |
R, M |
Árvore |
Siparuna guianensis Aube |
Monimiaceae |
mucuracaa |
R |
Arbusto |
Brosimum acutifolium Hub. |
Moraceae |
mururé |
R |
Árvore |
Connarus angustifolius (Radlkofer) G. Schellend. |
Connaraceae |
pau de cavalo |
R |
Árvore |
Hibanthus ipecacuanha Baill |
Violaceae |
pecaconha |
R |
Arbusto |
Eugenia punicifolia (H.B.K.) DC |
Myrtaceae |
pedra-ume-caá |
R |
Arbusto |
Eugenia punicifolia (H. B. K. P) DC. |
Myrtaceae |
pimentão do mato |
R |
Subarbusto |
Tabemaemontana angulata C. Martius ex Muell. Arg. |
Apocynaceae |
pocoro |
R, Ot |
Arbusto |
Pogonophora schomburgriana Miers ex Beuth |
Euphorbiaceae |
pocoró |
R |
Subarbusto |
Conyza bonariensis (L) Cronq. |
Asteraceae |
rabo de raposa |
R |
Arbusto |
Stachytarpheta cayennensis |
Verbenaceae |
rinchão |
R |
Subarbusto |
Manilkara sp. |
Sapotaceae |
sarandubim |
R |
|
Justicia leucophoea DC (Nees) Nassh |
Acanthaceae |
sonrizal ou sulfato ferroso |
R |
Subarbusto |
Cissamtelos sp. |
Minispeermaceae |
sucuriju |
R |
Cipó |
Himatanthus sucuuba (Spruce ex Muell. Arg.) R.E. Wood |
Apocynaceae |
sucuuba |
R |
Árvore |
Chelonanthus alatus Aubl. |
Grentianaceae |
tabacarana |
R |
Subarbusto |
Tapirira guianensis Aubl. |
Apocinaceae |
tapiririca |
R, Ot |
Subarbusto |
Justicia sp. |
Acanthaceae |
trevo cumaru |
R |
Árvore |
Casearia javitensis H.B.K. |
Flacourtiaceae |
urubucaa do mato |
R |
Cipó |
Virola surinamensis (Rol.) Warb. |
Miristicaceae |
ucuuba ou virola |
R, M |
Árvore |
Machaerium ferox (Marte x Benth.) Ducke |
Fabaceae |
unha-de-gato |
R |
Cipó |
Dalbergia ecastophyllum Duckl |
Papilionoideae |
verônica branca |
R |
Árvore |
Stryphnodendron purpureum Ducke. |
Mimoraceae |
visgueiro |
R, Ot |
Árvore |
Tabela 4 – Espécies medicinais encontradas nas capoeiras de Boa Esperança, segundo informantes da comunidade. São João de Pirabas/PA, 2005/2006.
Nome popular |
Nome científico |
Família |
Nº de citações |
FUsp |
FU (%) |
Amapá |
Parahancomia amapá (Huber) Ducke |
Apocynaceae |
8 |
0,2759 |
27,59 |
Ananim |
Symphonia globulifera B. Maguire |
Apocynaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Andiroba |
Carapa guianensis Aublet |
Meliaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Anuerá |
Licania macrophylla Benth. |
Chrysobalanaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Apio |
Agonandra brasiliensis Miers ex Benth |
2 |
0,0690 |
6,90 |
|
Apui |
Fícus guianensis Desv. Ex Ham. |
Moraceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Babaçu |
Orbignya phalereta Mart. |
Arecaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Barbatimão |
Ouratea microdonta (Dalz) Engl. Maytenus myrcinoides Reissek. |
Ochnaceae Celastraceae |
27 |
0,9310 |
93,10 |
Batatão |
Operculina macrocarpa (L.) Farwel |
Convolvulaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Breu |
Protium hepetaphyllum (Aubl.) March. |
burseraceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Buiuçu mirim |
Ormosia coutinhoi Ducke |
Fabaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Cajuaçu |
Anacardium giganteum L. |
Anacardiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Copaiba |
Copaifera martii Hayne |
Caesalpiniaceae |
4 |
0,1379 |
13,79 |
Capitiu |
Siparuna guianensis Aubl. |
Monimiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Catigia |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Cipó de canoinha |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Cipó de caranguejo |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Cipó de flor roxa |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Cipó jabutimuta |
Bauhinha coronata Bentham |
Caesalpiniaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Cipó de macaco |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Castanha de sapucaia |
Lecythis pisonis Cambess. |
Lecythidaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Envira mata |
Guatteria paraensis R.E. Fries |
Annonaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Erva de passarinho |
Phoradendron pteroneurum Eichler. |
Loranthaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Ervão cumaru |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Ingá pretinho |
Inga heterophylla Willd. |
Mimosoideae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
João-caá ou pimenta lagarto |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Jucá |
Caesalpinia ferrea Mart. |
Caesalpinaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Juquiri (cipo espinho) |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Jutaí |
Hymenaea courbaril L. |
Caesalpiniaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Lacreiro |
Vismia guianensis (Aubl.) Choisy |
Clusiaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Mamãozinho do mato |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Massaranduba |
Manilkara triflora (F. Allemão) |
Sapotaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Maravuvuia |
Croton matonensis Aubl |
Euphorbiaceae |
7 |
0,2414 |
24,14 |
Maravuvuia mirim |
Cróton cajucara Benth. |
Euphorbiaceae |
5 |
0,1724 |
17,24 |
Melão são caetano |
Mormodica charantia L. |
Cucurbitaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Murtinha do mato |
Myrcia cuprea (Berg) Kiaerskou |
Myrcia cuprea (Berg) Kiaerskou |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Nome popular |
Nome científico |
Família |
Nº de citações |
FUsp |
FU (%) |
Pau d’arco amarelo |
Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. |
Bignoniaceae |
2 |
0,0690 |
6,90 |
Pau de cavalo |
Connarus angustifolium (Radlkofer) G. Schellenb. |
Connaraceae |
27 |
0,9310 |
93,10 |
Pocoró |
Pogonophora schomburgriana Miers ex Beuth |
Euphorbiaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Santo Antônio |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Sucuuba |
Himatanthus sucuuba (Spruce ex Muell. Arg.) R. E. Wood |
Apocynaceae |
15 |
0,5172 |
51,72 |
Tapiririca |
Tapirira guianensis Aubl. |
Apocinaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Tatajuba |
Não identificada |
2 |
0,0690 |
6,90 |
|
Tiriba |
Eschweilera ovata (Cambess) Miers. |
Lecythidaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Umbura pé |
Não identificada |
1 |
0,0345 |
3,45 |
|
Unha de gato |
Machaerium ferox (Marte x Benth.) Ducke |
Fabaceae |
12 |
0,4138 |
41,38 |
Ucuuba |
Virola surinamensis (Rol.) Warb. |
Miristicaceae |
3 |
0,1034 |
10,34 |
Uxi |
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. |
Humiriaceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Verônica |
Dalbergia monetaria L. f. Dalbergia ecastophylla (L.) Taub. |
Fabaceae |
27 |
0,9310 |
93,10 |
Visgueiro |
Stryphnodendron purpureum Ducke. |
Mimoraceae |
1 |
0,0345 |
3,45 |
Tabela 5 – Relação entre as categorias de afecções orgânicas, as espécies medicinais da capoeira como remédio e seus usos. Boa Esperança, São João de Pirabas/PA, 2005/2006.
Categorias |
Espécies |
Usos |
Doenças do sistema nervoso |
buiuçu mirim |
Ansiedade, agitação, fraqueza |
Doenças do aparelho digestivo |
angelim pedra, sucuuba, pedra-ume-caa |
Digestão, dor de estômago, dor de barriga, azia, mal-estar, fígado, ânsia de vômito |
Doenças do aparelho respiratório |
amapá, jutaí, pecaconha, |
Gripe, resfriado |
Doenças do aparelho circulatório |
camembeca, massaranduba |
Pressão alta, sangue grosso, hemorróida, limpar o sangue, hemorragia |
Doenças do aparelho genitourinário |
amapá |
Diurético, inflamação dos ovários, útero, bexiga, urina, menstruação, menopausa |
Doenças da pele o do tecido subcutâneo |
andiroba, pau japecanga |
Coceiras, alergia, manchas |
Doenças infecciosas e parasitárias |
andiroba, andiroba jaruba, apio, sapucaia, copaíba, cururu timbó, jabutimuta, massaranduba, maravuvuia, rabo-de-raposa, sucuuba, tabacarana, açaí, cajuçara, tapirica, unha de gato |
Vermes, infecção intestinal, diarréia, erisipela, fungo, amidalite, ameba |
Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo |
andiroba, copaíba, jambuaçu, murure, sucuuba, amapá, capim açu, unha-de-gato |
|
Doenças fisiológicas |
ajiru da praia, butarana, carucaá embaúba, murure, anuera, hepatite, pimentão do mato, cipó tiquira |
Diabete, colesterol, hepatite, albumina, anemia |
Traumatismo |
andiroba, apuí, copaiba, caximguba, ceboleira, erva de passarinho, ingá, murtinha |
Osso quebrado, golpe, baque, queimadura, ferrada de peixe |
Dor de cabeça e inflamação |
barbatimão, andiroba, copaíba, mucuracaá, pau de cavalo, pocoro, sucuriju, trevo cumaru, urubu-caá, unha de gato, |
Sintoma de várias doenças |
Biodiversidade Brasileira – BioBrasil.
Fluxo Contínuo
n.2, 2023
http://www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/BioBR
Biodiversidade Brasileira é uma publicação eletrônica científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que tem como objetivo fomentar a discussão e a disseminação de experiências em conservação e manejo, com foco em unidades de conservação e espécies ameaçadas.
ISSN: 2236-2886