Morcegos cavernícolas podem sofrer ameaças principalmente relacionadas à perturbação humana em seus abrigos. Uma das formas de protegê-los é por meio da utilização de bat gates, portões instalados na entrada dos abrigos com o intuito de permitir o voo de morcegos através das grades e impedir a entrada de humanos. É conhecida a utilização destes portões em países da América do Norte, Europa e Oceania, e vários estudos relatam as implicações da instalação e as possíveis reações dos morcegos frente à s grades. No Brasil, até o presente momento, não foi relatada a utilização deste tipo de estrutura. O objetivo deste trabalho foi compilar informações referentes ao uso e aplicabilidade dos bat gates, reações dos morcegos à sua instalação, e analisar vantagens e desvantagens dos portões, de forma a gerar subsídios para a possível utilização de bat gates como uma medida de proteção aos morcegos no Brasil. Foram utilizados dados dos Estados Unidos, Canadá, Portugal, Reino Unido e Austrália, comparando-os com o cenário brasileiro. Os resultados indicam que não existe legislação específica sobre assunto, mas que leis de proteção à biodiversidade podem dar suporte à instalação destas estruturas. Existem diferentes tipos de designs e especificações técnicas para a instalação do portão, e há também a necessidade de manutenção e monitoramento pré- e pós-instalação, frente aos possíveis efeitos causados tanto nas condições físicas do abrigo, quanto diretamente aos morcegos. Para o Brasil, devido ao ineditismo do uso de bat gates, antes de se decidir pela instalação destas estruturas no país serão necessários testes-piloto, afim de analisar a resposta que o portão poderá causar aos morcegos. De qualquer forma, frente à s ameaças experimentadas pela quiropterofauna brasileira, a ausência de informações não deve impedir que esta estratégia seja experimentada no Brasil.
Biografia do Autor
Enrico Bernard, Laboratório de Ciência Aplicada à Conservação da Biodiversidade
Depto. de Zoologia - Universidade Federal de Pernambuco