VIESES NO CONHECIMENTO DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE CAVERNAS DO BRASIL
BIASES IN THE KNOWLEDGE OF THE GEOGRAPHICAL DISTRIBUTION OF CAVES IN BRAZIL
DOI:
https://doi.org/10.37002/rbesp.v1i13.2599Palavras-chave:
patrimônio espeleológico, déficit racovittzan, desconhecimento, espeleologiaResumo
Muitas cavernas ainda não foram descobertas e/ou mapeadas no Brasil. Diversos fatores socioeconômicos e de acessibilidade podem ser responsáveis por enviesar o conhecimento da distribuição geográfica das cavernas brasileiras. Aqui, usando técnicas de modelagem bayesiana, nós predizemos que o conhecimento sobre a distribuição geográfica de cavernas do Brasil é fortemente enviesado para locais próximos de centros urbanos e das atividades de mineração, ou seja, conhece- se mais cavernas próximas a ambientes de mineração e/ou de locais mais acessíveis do que longe destes. Nossos modelos foram construídos associando os dados de ocorrência conhecidas de cavernas digitalmente acessíveis no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE), com diferentes variáveis de acessibilidade e infraestrutura. Nossas descobertas sugerem que as regiões com maior ocorrência de cavernas conhecidas se concentram principalmente dentro dos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Pará e Piauí, enquanto
alguns estados brasileiros, como Amazonas, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Maranhão ainda são sub explorados, ou seja, apresentam grandes lacunas e alto potencial para descobertas de novas cavernas. Concluímos que a exploração econômica tem gerado um conhecimento enviesado acerca da distribuição de cavernas, o que pode estar ligado aos embates históricos entre nossa legislação de exploração vs. conservação, tornando- se imprescindível que novas políticas sobre a conservação do patrimônio espeleológico brasileiro considerem toda a paisagem espeleológica, seus vieses (locais mais bem estudados), lacunas Racovittzanas (locais menos estudados ou possivelmente negligenciados), e os processos socioeconômicos que implicam nestes.