Monitoramento microclimático de grutas turísticas em Minas Gerais: análise preliminar dos dados de temperatura e umidade relativa do ar em sete cavernas do parque nacional cavernas do Peruaçu
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v11i4.1767Palavras-chave:
Espeleoclima , variabilidade meteorológica, Parque Nacional Cavernas do PeruaçuResumo
Os primeiros trabalhos relacionados ao monitoramento climático de cavernas no Brasil são da década de 1960 e foram caracterizados pela baixa densidade amostral (períodos inferiores a um ano) e medições isoladas de temperatura e umidade em cavernas abertas à visitação turística. As pesquisas mais recentes passaram a incorporar novos métodos e tecnologias, como, por exemplo, o uso de registradores automáticos de dados. O Projeto Monitoramento Microclimático de Grutas Turísticas em Minas Gerais pretende realizar um monitoramento de longa duração, previsto para 6 anos, e o presente manuscrito apresentou os resultados da primeira fase do projeto, compreendendo o monitoramento realizado entre os anos de 2017 e 2019 em sete cavernas do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Para esta análise, foram instalados, no interior e próximo à entrada das cavernas, 41 medidores automatizados, que registraram e armazenaram dados de temperatura e umidade a cada 10 minutos. Os resultados mostram que a caverna Lapa Bonita apresenta a menor temperatura média (20,79°C) e a Lapa dos Desenhos a maior temperatura média (24,07°C). Em relação à umidade relativa do ar, a Lapa dos Desenhos apresenta os menores valores, com média de 62,56% e a Lapa Bonita os maiores, com média de 85,28% entre todas as cavernas avaliadas e para o período estudado. Os resultados da pesquisa também indicam que, dentre todas as cavernas avaliadas, a Lapa Bonita é aquela que apresenta as menores variações desses parâmetros, com desvio padrão de 0,54 para a temperatura e 9,96 para umidade. O conhecimento das características microclimáticas de cada caverna obtido com os dados do monitoramento pode auxiliar a gestão do parque nacional na adoção de novos limites em relação à capacidade de carga atualmente estabelecida para cada um desses atrativos.Â
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