Espécies exóticas invasoras em unidades de conservação federais do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v3i2.351Palavras-chave:
invasão biológica, áreas protegidas, conservação da biodiversidadeResumo
Invasões biológicas estão entre as principais causas de perda de biodiversidade. Mesmo áreas protegidas têm sofrido sérias consequências das invasões biológicas, como a alteração da composição de espécies e dos processos ecossistêmicos, e em casos extremos a extinção local de espécies. A ocorrência de espécies exóticas invasoras (EEI) em Unidades de Conservação ainda é pouco estudada, mas dados secundários permitem uma primeira aproximação do problema de modo a orientar ações emergenciais de prevenção e controle. Para tal, foi feito um levantamento das EEI registradas nas 313 unidades de conservação (UC) federais do Brasil. Este levantamento foi baseado em duas fontes principais de dados: os Planos de Manejo para 41 UCs federais e o conjunto de dados do RAPPAM (Avaliação Rápida e Priorização do Manejo de Unidades de Conservação - "Rapid Assessment and Prioritization of Protected Areas Management") para 181 UCs federais. Para complementar esses dados, foram levantadas informações na literatura e foi feita uma consulta aos gestores de 15 UCs federais. No total, foram listadas 144 espécies, sendo: 106 de plantas vasculares, 11 de peixes, 11 de mamíferos, 5 de moluscos, 3 de répteis, 3 de insetos, 2 de cnidários, 1 de anfíbio, 1 de crustáceo, 1 de isópoda. As espécies citadas para um maior número de UCs foram: Canis familiaris - cão doméstico (53 UCs); Felis catus - gato (34 UCs); Apis mellifera - abelha africana (33 UCs); Mangifera indica - mangueira (31 UCs); Urochloa maxima - capim colonião (28 UCs); Melinis minutiflora - capim-gordura (26 UCs). A lista compilada fornece um primeiro retrato das invasões biológicas nas UC federais e alerta para a necessidade do estabelecimento de ações de monitoramento e de manejo para o controle das EEI.
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