Parâmetros ecológicos e dinâmica populacional da Entomofauna de Serapilheira em áreas em processo de restauração ecológica

Autores

  • Taise Cristina Plattau Arenhardt Laboratório de Monitoramento e Proteção Florestal/LAMPF, Departamento de Engenharia Florestal/DEF, Fundação Universidade Regional de Blumenau/FURB
  • Guilherme Alan Klunk Laboratório de Monitoramento e Proteção Florestal/LAMPF, Departamento de Engenharia Florestal/DEF, Fundação Universidade Regional de Blumenau/FURB
  • Marcelo Diniz Vitorino Laboratório de Monitoramento e Proteção Florestal/LAMPF, Departamento de Engenharia Florestal/DEF, Fundação Universidade Regional de Blumenau/FURB

DOI:

https://doi.org/10.37002/biobrasil.v13i2.2235

Palavras-chave:

Bioindicadores, fauna edáfica , Mata Atlântica , Floresta Ombrófila Densa

Resumo

A entomofauna de serapilheira destaca-se pela sua elevada abundância, diversidade, importância ecológica e sensibilidade a alterações ambientais. Dessa forma, apresentam grande potencial como bioindicadores da restauração ecológica. O objetivo deste estudo foi avaliar a dinâmica populacional e a composição da entomofauna da serapilheira (Classe Insecta) em áreas com diferentes técnicas de restauração ecológica no Parque Nacional da Serra do Itajaí. Foram determinadas quatro áreas amostrais, sendo: floresta nativa (área referência), regeneração natural, transposição de galharia e rugosidades no solo. As coletas foram realizadas no período de agosto/2014 até agosto/2015, bimestralmente, a partir da instalação de armadilha pitfall e funil de Berlese-Tüllgren. Foram analisados parâmetros de abundância, número de famílias, similaridade, composição, dinâmica populacional das famílias mais abundantes e correlação com fatores ambientais. Foi coletado um total de 16.062 indivíduos, distribuídos em 15 ordens e 104 famílias. Não foram observadas diferenças significativas na abundância e no número de famílias entre as áreas amostrais. A área de regeneração natural apresentou o maior percentual de similaridade com a área de floresta nativa. A temperatura foi único fator ambiental que influenciou significativamente na abundância das famílias Staphylinidae, Ptiliidae, Curculionidae (Coleoptera), Cercopidae, Aphidiae (Hemiptera) e Gryllidae (Orthoptera). A composição de famílias variou significativamente entre as áreas amostrais. Conclui-se que famílias da entomofauna da serapilheira apresentam potencial para uso como bioindicadores no monitoramento da restauração ecológica. A temperatura é uma variável que deve ser considerada na definição e implantação das estratégias de restauração de modo a favorecer o restabelecimento da entomofauna de serapilheira.

Referências

Adenesky-Filho E, Maçaneiro JP, Vitorino MD. How to select potential species for ecological restoration of rain forest - Southern Brazil. Applied Ecology and Environmental Research. 2017; 15. doi: 1671-1684, 2017.

Alvares CA, Stape JL, Sentelhas PC, Gonçalves JLM, Sparovek G. Koppen's climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift. 2013; 22: 711-728.

Anso J, Gasc A, Bourguet E, Desutter-Grandcolas L, Jourdan H. Crickets as indicators of ecological succession in tropical systems, New Caledonia. Biotropoica. 2022; 54(5): 1270-1284. doi: https://doi.org/10.1111/btp.13151

Auad AM, Carvalho CA, Silva DM, Deresz F. Flutuação populacional de cigarrinha-das-pastagens em braquiária e capim-elefante. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 2009; 44: 1205-1208.

Aumond JJ. Adoção de uma nova abordagem para a recuperação de área degradada pela mineração [tese]. Florianópolis: Universidade de Santa Catarina; 2007.266 f.

Baccaro FB, Feitosa RM, Fernandez F, Fernandes IO, Izzo TJ, Souza JLP, Solar R. Guia para os gêneros de formigas do Brasil. Manaus: Editora INPA; 2015.

Beiroz W, Audino LD, Queiroz ACM, Rabello AM, Boratto IA, Silva Z, Ribas CR. Structure and compostion of edaphic arthropod community and its use as bioindicators of environmental disturbance. Applied Ecology and Environmental Research. 2014; 12: 481-491.

Brancalion PHS, Holl KD. Functional composition trajectory: a resolution to the debate between Suganuma, Durigan and Reid. Restoration Ecology. 2015; 24: 1-3. Brasil. Planaveg: Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. Brasília: Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 2017.

Borges FLG, Oliveira MR, Almeida TC, Majer JD, Garcia LC. Terrestrial invertebrates as bioindicators in restoration ecology: A global bibliometric survey. Ecological Indicators. 2021; 125. doi: https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2021.107458

Camara R, Santos GL, Pereira MG, Silva CF, Silva VFV, Silva RM. Effects of natural Atlantic Forest regeneration on soil fauna, Brasil. Floresta e Ambiente. 2018; 25(1). doi: https://doi.org/10.1590/2179-8087.001716

Casari SA, IdeS. Coleoptera Linnaeus, 1758. In: Rafael JA, Melo GAR, Carvalho CJB, Casari SA, Constantino R. (eds.) Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. Ribeiro Preto: Holos; 2012; 453-536.

Clarke KR, Green RH. Statistical design and analysis for a ‘biological effects' study. Marine Ecology - Progress Series. 1988; 46: 213-26.

Cole RJ, Holl KD, Zahawi RA, Wickey P, Townsend AR. Leaf litter arthropod responses to tropical forest restoration. Ecology and Evolution. 2016; 6: 5158-5168. doi: 10.1002/ece3.2220

Correia GGS, Martins SV, Neto AM, Silva, KA. Estoque de serapilheira em floresta em restauração e em Floresta Atlântica de Tabuleiro no sudeste brasileiro. Árvore. 2016; 40: 13-20. doi: https://doi.org/10.1590/0100- 67622016000100002

Danks HV. The elements of seasonal adaptations in insects. The Canadian Entomologist. 2006; 139: 1-44.

Dickow KMS, Marques R, Pinto CB, Höfer H. Produção de serapilheira em diferentes fases sucessionais de uma floresta subtropical secundária, em Antonina/PR. Cerne. 2012; 18: 75-86. doi: https://doi.org/10.1590/ S0104-77602012000100010

Fernandes FS, Alves SS, Santos HF, Rodrigues WC. Staphylinidae e Silphidae (Coleoptera) como potenciais famílias bioindicadoras da qualidade ambiental. Revista Eletrônica TECCEN. 2011; 4(3): 17-32.

Goldani A, Carvalho GS. Análise de parcimônia de endemismo de cercopídeos neotropicais (Hemiptera, Cercopidae). Revista Brasileira de Entomologia. 2003; 47: 437-442. doi: https://doi.org/10.1590/S0085-56262003000300013

Grazia J, Cavichioli RR, Wolff VRS, Fernandes JAM, Takiya DM. Hemiptera. In: Rafael JA, Melo GAR, Carvalho CJB, Casari SA, Constantino R. Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. Holos, Ribeirão Preto, São Paulo; 2012. 345-406.

Guariguata MR, Ostertag R. Neotropical secondary forest succession: changes in structural and functional characteristics. Forest Ecology and Management. 2001;148: 185-206. doi: https://doi.org/10.1016/S0378-1127(00)00535-1

Hammer Ø, Harper DAT, Ryan PD. PAST: Paleontological Statistics Software Package for Education and Data Analysis; 2001. Disponível em: http://palaeo-electronica.org/2001_1/past/issue1_01.htm

IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2012.

ICMBIO. Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Itajaí. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; 2009.

Jennings SB, Brown ND, Sheil D. Assessing forest canopies and understorey illumination: canopy closure, canopy cover and other measures. Forestry. 1999; 72(1): 59-73.

Lavelle P. Diversity of soil fauna and ecosystem function. Biology International. 1996; 33: 3-16.

Lázaro A, Tscheulin T, Devalez J, Nakas G, Petanidou T. Effects of grazing intensity on pollinator abundance and diversity, and on pollination services. Ecological Entomology. 2016; 41: 400-412. doi: https://doi.org/10.1111/een.12310

Lazzarotto CM, Lázzari SMN. Richness and diversity of aphids (Homoptera, Aphididae) along an altitudinal gradient in the Serra do Mar, Paraná, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. 1998; 15: 977-983.

Lohmann TR, Pietrowski V, Bressan DF. Flutuação populacinal de cigarrinhas-das-pastagens na Região Oeste do Paraná. Semina: Ciência Agrárias. 2010; 31:1291-1298.

Maçaneiro JP, Gasper AL, Schorn LA, Galvão F. Few dominant native woody species: How subtropical rainforest successional process acts on abandoned pastures in Southern Brazil. Applied Ecology and Environmental Research. 2017; 15: 1633-1676. doi:10.15666/aeer/1504_16331676

Magurran AE. Medindo a diversidade biológica. Curitiba: UFPR; 2011.

Marinoni RC, Ganho NG. Fauna de Coleoptera no Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Abundância e riqueza das famílias capturadas através de armadilhas de solo. Revista Brasileira de Zoologia. 2003; 20: 737:744.

Meloni F, Varanda EM. Litter and soil arthropod colonization in reforested semi-deciduous seasonal Atlantic forests. Restoration Ecology. 2015; 23(5): 690-697. doi: https://doi.org/10.1111/rec.12236

Mittermeier RA, Gil PR, Hoffmann M, Pilgrim J,Brooks T, Mittermeier CG, Lamoreux J, Fonseca GAB. Hotspots Revisited. Earth's Biologically Richest and Most Endangered Terrestrial Ecoregions. Cemex/Agrupación Sierra Madre: Mexico City; 2004.

Oksanen J, Blanchet FG, Friendly M, Kindt R, Legendre P, McGlinn D, Minchin PR, O'Hara RB, Simpson GL, Solymos P, Stevens MHH, Szoecs E, Wagner H. Vegan: Community Ecology Package. Pacote R Versão 2.5-6; 2018. Disponível em: https://CRAN.R-project.org/package=veganONU. Resolution adopted by the General Assembly on1 March 2019. United Nations; 2019.

Ottermanns R, Hopp PW, Guschal M, Santos GP, Meyer S, Roβ-Nickoll. Causal relationship between leaf litter beetle communities and regeneration patterns of vegetation in the Atlantic rainforest of Southern Brazil (Mata Atlântica). Ecological Complexity. 2011; 8: 299-309. doi: https://doi.org/10.1016/j.ecocom.2011.06.001

Pandolfo C, Braga HJ, Silva Júnior VP da, Massignan AM, Pereira ES, Thomé VMR. Valci FV. Atlas Climatológico do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri; 2002.

Qodri A, Raffudin R, Noerdjito WA. Diversity and abundance of Carabidae and Staphylinidae (Insecta: Coleoptera) in four Montane Habitat Types on Mt. Bawakaraeng,. South Sulawesi. HAYATI Journal of Bioscienses. 2016; 23: 22-28. doi: https://doi.org/10.1016/j.hjb.2016.04.002

Rafael JA, Melo GAR, Carvalho CJB, Casari SA, Constantino R. Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. Ribeiro Preto: Holos; 2012.

Reis A, Bechara FC, Espíndola MB, Vieira NK, Souza LL. Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para implementar processos sucessionais. Natureza & Conservação. 2003; 1: 28-36.

Ribeiro MC, Metzger JP, Martensen AC, Ponzoni FJ, Hirota MM. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implication for conservation. Biological Conservation. 2009; 142: 1141-1153. doi: https://doi.org/10.1016/j.biocon.2009.02.021

Salomão RP, Pordeus LM, Lira AFA, Iannuzzi L. Edaphic beetle (Insecta: Coleoptera) diversity over a forest-matrix gradient in a tropical forest. Journal of Insect Conservation. 2018; 22: 511-519. doi: https://doi.org/10.1007/s10841-018-0079-3

Schorn LA, Maçaneiro JP. Levantamento da Vegetação. In: Vitorino MD, Adenesky-Filho E. Diagnótico prévio:subsídio preliminar para projetos de restauração ecossistêmica. Blumenau: Edufurb; 2018. 149-170.

Schowalter TD. Insect ecology: an ecosystem approach. 2 ed. Academic Press; 2006.

Suganuma MS, Durigan G. Indicators of restorationsuccess in riparian tropical forests using multiple references ecosystems. Restoration Ecology. 2015; 23:238-251. doi: https://doi.org/10.1111/rec.12168

Triplehorn CA, Johnson NF. Estudo dos Insetos: tradução da 7ª edição de borror and delong's introductionto the study of insects. São Paulo: Cengage Learning; 2011.

Vanolli BS, Canisares LP, Franco ALC, Delabie JHC, Cerri CEP, Cherubin MR. Epigeic fauna (with emphasis on ant community) response to land-use change for sugarcane expansion in Brazil. Acta Oecologica. 2021;110. doi: https://doi.org/10.1016/j.actao.2021.103702

Downloads

Publicado

2023-06-07