Etnoconservação de morcegos em unidades de conservação de uso sustentável da Amazônia Brasileira

Autores

  • Valeria dos Santos Moraes-Ornellas Universidade Federal do Pará
  • Ricardo Bastos Ornellas Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.37002/biobrasil.v13i2.2402

Palavras-chave:

Conhecimento tradicional, reservas extrativistas, extrativistas, quirópteros

Resumo

A importância ecológica dos morcegos faz com que o desconhecimento de sua ecologia e ameaças aos seus ecossistemas possa compor situações de risco para a própria sociedade humana. Nas UCs de uso sustentável, eles encontram abrigo, mas, precisariam ser mais bem compreendidos pelos moradores tradicionais dessas áreas protegidas. O presente estudo envolve um inventário das UCs de uso sustentável na Amazônia brasileira e uma pesquisa de trabalhos ecológicos sobre morcegos realizados em tais territórios. Ele também é constituído de uma pesquisa-ação realizada com jovens moradores de três Reservas Extrativistas do estado do Pará que são discentes de graduação da Universidade Federal do Pará. A pesquisa-ação foi composta por uma sequência didática, a partir da qual se percebeu a importância dos castanhais, dos rios e de uma rede de organização dos extrativistas para os moradores dessas UCs. Dentre os problemas ambientais mencionados, os impactos do garimpo ilegal foram enfatizados. Os discentes classificaram os morcegos de maneira simplificada, demonstrando o estabelecimento de uma compreensão maior de sua importância ecológica ao final da sequência didática. Sugere-se ser fundamental que se promovam ações colaborativas entre academia e moradores tradicionais da Amazônia profunda, proporcionando a conservação da biodiversidade e da identidade sociocultural na região.

Referências

Almeida SF. Diversidade e conservação de morcegos em uma região cárstica do Cerrado brasileiro: uma extraordinária riqueza de espécies em cavernas. [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 2014. 47p.

Bernard E, Aguiar LMS, Brito D, Cruz-Neto AP, Gregorin R, Machado RB, Oprea M, Paglia AP, Tavares VC. Uma análise de horizontes sobre a conservação de morcegos no Brasil. In: Freitas TRO, Vieira EM. Mamíferos do Brasil: genética, sistemática, ecologia e conservação, v. 2. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Mastozoologia; 2012. p. 19-35.

Bernard E, Tavares VC, Sampaio E. Compilação atualizada das espécies de morcego (Chiroptera) para a Amazônia brasileira. Biota Neotropica; 2011. 11(1): 35-46.

Borges LAC, Rezende JLP, Pereira JAA, Coelho-Jr LM, Barros DA. Áreas de preservação permanente na legislação ambiental brasileira. Ciência Rural. 2011; 41(7): 1202-1210.

Cadastro Nacional de Unidades de Conservação [homepage na internet]. Plataforma oficial de dados do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza [acesso em 31 jan 2023]. Disponível em: https://cnuc.mma.gov.br/.

Castro AB. Influência do manejo florestal madeireiro de impacto reduzido sobre a assembleia de morcegos em uma floresta tropical chuvosa no baixo rio Amazonas [dissertação]. Santarém: Universidade Federal do Oeste do Pará; 2016. 56 f.

Castro IJ, Silva CR, Costa AJS, Martins ACM. Predação oportunista de Artibeus planirostris (Spix, 1823) e Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) (Chiroptera, Phyllostomidae) por marsupiais e anuro na APA do Rio Curiaú, Amapá, Brasil. Acta Amazonica; 2011. 41(1): 171-174.

Castro-Arellano I, Presley SJ, Saldanha LN, Willig MR, Wunderle-Jr JM. Effects of reduced impact logging on bat biodiversity in terra firme forest of lowland Amazonia. Biological Conservation; 2007. 138: 269-285.

Castro-Arellano I, Presley SJ, Willig MR, Wunderle-Jr JM, Saldanha LN. Reduced-impact logging and temporal activity of understory bats in lowland Amazonia. Biological Conservation; 2009. 142: 2131-2139.

Costa LM. Conservação de morcegos no estado do Rio de Janeiro: como e onde já foram amostrados e que locais merecem atenção. [tese]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2014. 129 p.

Costa LM, Winck G, Luz JL, Bergallo HG, Esbérard CEL. Atual estado de proteção dos morcegos ameaçados de extinção no estado do Rio de Janeiro. Oecologia Australis; 2019. 23(2): 215-233.

Esbérard CEL. Diversidade de morcegos em área de Mata Atlântica regenerada no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoociências; 2003. 5(2): 189-204.

Frik WF, Kingston T, Flanders J. A review of the major threats and challenges to global bat conservation. Annals of the New York Academy of Sciences. 2020; 1469: 5-25.

Furey NM, Racey PA. Conservation ecology of cave bats. In: Voigt C, Kingston T (Eds). Bats in the Anthropocene: conservation of bats in a changing world. NY: Springer; 2016. p. 463-500.

Good News TV [video na internet]. Good News desvenda o mistério dos morcegos [acesso em 2 jan 2014]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=H6z0Mb4tCpg.

Hpfstatter LJV. O imagético de uma comunidade catingueira e os sentidos atribuídos à onça em um processo formativo de educação ambiental crítica [dissertação]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos; 2013. 201 f.

Hrycyna G, Martins ACM, Graciolli G. Infracommunities of bat flies (Diptera: Streblidae and Nycteribiidae) of bats (Mammalia: Chiroptera) in three conservation units in the state of Amapá, Brazil. Biota Neotropica. 2019; 19(4): 1-9.

Jaramillo MID. Modelagem de pressões, ameaças e oportunidades para a conservação de morcegos no Brasil. [tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2018. 124 p.

Jones G, Jacobs DS, Kunz TH, Willig MR, Racey PA. Carpe noctem: the importance of bats as bioindicators. Endangered Species Research. 2009; 8: 93-115.

Lima APL. Agressão por morcegos em humanos em uma área de conservação na Amazônia Oriental [dissertação]. Castanhal: Universidade Federal do Pará; 2020. 69 f.

Martins ACM. Morcegos do Amapá e a resposta da família Phyllostomidae à variáveis de composição de paisagens pouco fragmentadas na Amazônia [dissertação]. Brasília: Universidade de Brasília; 2012. 168 f.

Martins ACM, Bernard E, Gregorin R. Inventários biológicos rápidos de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em três unidades de conservação do Amapá, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 2006; 23(4): 1175-1184.

Martins ACM, Oliveira HFM, Zimbres B, Sá-Neto RJ, Marinho-Filho J. Environmental heterogeneity and water availability shape the structure of phyllostomid bat assemblages (Mammalia: Chiroptera) in the northeastern Amazon forest. Forest Ecology and Management. 2022; 504: 1-12.

Mikich SB, Bianconi GV, Parolin LC, Almeida A. Serviços ambientais prestados por morcegos frugívoros na recuperação de áreas degradadas. In: Parron LM, Garcia JR, Oliveira EB, Brown GG, Prado RB (Eds). Serviços ambientais em sistemas agrícolas e florestais do bioma Mata Atlântica. Brasília: Embrapa; 2015. p. 248-256.

Pacheco SM. Técnicas de campo empregadas no estudo de quirópteros. Caderno La Salle XI. 2004; 280: 193-205.

Peracchi AL, Lima IP, Reis NR, Nogueira MR, Ortêncio-Filho H. Ordem Chiroptera. In: Reis NR, Peracchi AL, Pedro WA, Lima IP. Mamíferos do Brasil. Londrina: Nélio R. dos Reis; 2006. p. 153-230.

Pereira LGA. Mudanças não-lineares na abundância de guildas tróficas e na composição de espécies de morcegos com a distância ao riacho determinam a largura da zona ripária para morcegos. [dissertação]. Manaus: Universidade Federal do Amazonas; 2015. 31 p.

Primack RB, Rodrigues E. Biologia da conservação. Londrina: E. Rodrigues; 2001.

Prous X, Pietrobon T, Ribeiro MS, Zampaulo RA. Bat necrophagy by a whip-spider (Arachnida, Amblypygi, Phrynidae) in a cave in the eastern Brazilian Amazon. Acta Amazonica. 2017; 47(4): 365-368.

Recalde FC, Breviglieri CPB, Kersch-Becker MF, Romero GQ. Contribution of emergent aquatic insects to the trophic variation of tropical birds and bats. Food Webs; 2021. 29: 1-14.

Rocha PA, Brandão MV, Oliveira-Jr AC, Aires CC. Range extension of Centronycteris maximiliani (Mammalia: Chiroptera) for southern Amazonia. Acta Amazonica. 2015; 45(4): 425-430.

Rocha VJ, Barbosa GP, Rossi HRS, Sekiama ML. Riqueza e diversidade de quirópteros (Chiroptera; Mammalia) em Áreas de Preservação Permanente do campus da UFSCar - Araras (SP). Revista Ciência, Tecnologia & Ambiente. 2019; 8(1): 21-29.

Santos ABA, Silva JB, Palheta L, Pena SA, Vieira TB. Morcegos (Mammalia, Chiroptera) e moscas ectoparasitas de morcegos (Diptera, Streblidae) encontrados no oeste da Amazônia brasileira. Revista Multidisciplinar de Educação e Meio Ambiente. 2020; 1(2): ID237.

Silva JS, Ranieri VEL. O mecanismo de compensação de Reserva Legal e suas implicações econômicas e ambientais. Ambiente & Sociedade. 2014; 17(1): 115-132.

Szpeiter BB, Ferreira JIGS, Assis FFV, Stelmachtchuk FN, Peixoto-Jr KC, Ajzenberg D, Minervino AHH, Gennari SM, Marcili A. Bat trypanosomes from Tapajós-Arapiuns Extractive Reserve in Brazilian Amazon. Brazilian Journal of Veterinary Parasitology. 2017; 26(2): 152-158.

Teixeira TH, Ferreira-Neto JA, Moura, RA, Figueiredo, NA. The Units of Conservation of Sustainable Use in Amazonian biome: dilemmas and perspectives for sustainable development. Revista Portuguesa de Estudos Regionais. 2017; 46: 76-89.

Torres JM, Anjos EAC. Estrutura da comunidade de morcegos da área em regeneração da Fazenda Cervinho, Bandeirantes, Mato Grosso do Sul. Multitemas. 2012; (41): 109-122.

Viana V. Abordagem sistêmica para o desenvolvimento sustentável da Amazônia profunda. Revista Tempo do Mundo. 2021; (27): 71-99.

Downloads

Publicado

2023-08-04