Comércio de caça na região da Estação Ecológica Raso da Catarina, Bahia, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v8i1.758Palavras-chave:
caatinga, caça comercial, triangulação, unidade de conservaçãoResumo
A caça de animais silvestres é uma das formas de exploração da fauna mais antigas que se tem conhecimento e vem sendo apontada como uma das principais razões de ameaça à vida silvestre. Este estudo registrou as espécies caçadas e sua importância para fins comerciais e analisou a estrutura do comércio da caça praticada na região da Estação Ecológica Raso da Catarina (ESEC Raso da Catarina), no estado da Bahia, Brasil. Foi utilizado o método de pesquisa em triangulação de dados, com base em entrevistas semiestruturadas com caçadores, funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) da ESEC Raso da Catarina e policiais da Companhia de Policiamento Especializado da Caatinga (CIPE/Caatinga). Como índice quantitativo foi calculado o Valor de Uso das espécies para demonstrar a importância das mesmas em função do uso na caça. Para compreender a estrutura do comércio de caça na região foi realizada análise de Classificação Hierárquica Descendente (CHD) no software Iramuteq. Os entrevistados citaram 10 espécies caçadas para fins comerciais pertencentes aos grupos dos mamíferos e aves. Os maiores Valores de Uso foram para o tatu-verdadeiro (Dasypus novemcinctus) (VU=0,63) e tatu-peba (Euphractus sexcinctus) (VU=0,58), cujos valores comerciais variaram entre R$ 30 e 80 reais. O estudo demonstrou que existe comércio de caça na região, os compradores são de Paulo Afonso, Jeremoabo, Santa Brígida e região e a apreciação pelo sabor da carne é a maior motivação. A venda ocorre de forma simples e em escala local, a caça é oferecida localmente pelos caçadores da região ou encomendada por atravessadores e revendida em feiras da região. O estudo recomenda a intensificação da fiscalização e parcerias com agências de polícias, assim como e a implementação de programas de geração de renda e educação ambiental para sensibilização da população sobre os impactos do consumo da carne de caça.Referências
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