Análise temporal de macro-habitat no Pantanal via processamento de fotografias aéreas e dados obtidos por sistemas de aeronaves remotamente pilotadas
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i2.759Palavras-chave:
RPAS, invasão, Combretum spp, OBIAResumo
As aplicações e a geração de produtos via sensoriamento remoto orbital para o mapeamento de áreas úmidas, devido à baixa resolução temporal e espacial, podem não gerar os resultados esperados, sobretudo em pequenas áreas. Sendo assim, este trabalho objetivou, com o uso de dados obtidos por um Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada e de aeronave tripulada, analisar e caracterizar as mudanças temporais da paisagem no intervalo de 50 anos, em uma região do Pantanal de Poconé/MT, em nível de detalhe, bem com delimitar os macro-habitat existentes e dimensionar espacialmente a proliferação de espécies invasoras na região. Para a base de dados utilizada no estudo foram obtidas fotografias aéreas com aeronave tripulada da Força Aérea Americana (USAF), que realizou voos na região do Pantanal nos anos de 1965/1966. Como base de dados atual, foram programadas missões com um Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (RPAS) de asa fixa, modelo ECHAR 20B, no mês de agosto de 2015. A partir da obtenção dos dados, foram realizados processamentos digitais e calibrações geométricas necessárias para a comparação temporal dos dados obtidos em 1965/1966 (USAF) e 2015 (RPAS). Posteriormente, no software eCognition Developer foi feita a segmentação e a Análise de Imagens Baseada em Objetos (OBIA), sendo adotados, como parâmetros, regras de classificação, algoritmos existentes no software e também o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada. Por meio dos resultados obtidos, foi possível delimitar os macro-habitat existentes e verificar as alterações na paisagem no período de 50 anos. Quantificaram-se e qualificaram-se as modificações específicas e estruturais causadas pela expansão de espécie arbustiva/arbórea na área, envolvendo principalmente Combretum spp. (Pombeiro) e, em alguns locais, Voshysia divergens (Cambará). As análises temporais, o uso de OBIA e o advento de sensores acoplados em RPAS para a realização de aerolevantamentos apresentaram resultados compatíveis com escalas de 1:1000. Os resultados fornecem subsídios que auxiliam no entendimento da dinâmica de áreas no Pantanal e seus macro-habitat, além de permitirem avanços na fronteira geotecnológica para desenvolvimento de novos estudos em outras regiões, tendo-se em vista os padrões em termos de resolução espacial e temporal.
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