Conhecimentos A'uwẽ sobre manejo do fogo e políticas públicas:
diálogos e Relatos
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.962Palavras-chave:
A'uwẽ, Xavante, uso tradicional do fogo, manejo integrado do fogoResumo
Esta apresentação busca realizar um duplo relato sobre o tema do manejo do fogo nas Terras Indígenas São Marcos e Parabubure, território ocupado por mais de 10.000 indígenas da etnia Xavante, autodenominados A'uwẽ. O primeiro objetivo deste trabalho cooperativo é apresentar um relato a'uwẽ sobre os conhecimentos e uso tradicionais do fogo. O povo A'uwẽ é conhecido na bibliografia especializada pela grande importância cosmológica do fogo e pelo uso intensivo e frequente do mesmo durante as caçadas tradicionais. Nesse sentido, o relato apresentado buscará introduzir algumas facetas do tema sob a perspectiva de um ancião a'uwẽ, ressaltando o contraste diacrônico e a comparação entre a vivência dos tempos de contato recente e a situação contemporânea, onde um novo contexto, com dificuldades e discursos específicos sobre o manejo do fogo, é confrontado com a prática tradicional a'uwẽ. Em um segundo momento, pretende-se apresentar sucintamente uma primeira tentativa, realizada em 2018, de implementação de uma brigada a'uwẽ, por meio de projeto realizado em parceria entre a Funai (Coordenação Regional Xavante, situada em Barra do Garças/MT) e Ibama (Prevfogo/Tocantins). Para tanto, serão apresentados dados e registros audiovisuais do projeto, assim como resultados parciais de entrevistas semiestruturadas realizadas tanto com servidores que acompanharam diretamente o projeto quanto com participantes da brigada recém-criada. Buscando uma articulação entre os dois relatos contidos nesta apresentação, serão apontadas as principais potencialidades e perspectivas de futuro identificadas, assim como as principais dificuldades na execução e desdobramentos do projeto. Entre as potências, é possível mencionar o grande interesse demonstrado pelos participantes durante o curso e a intenção de continuar o exercício futuro da atividade de brigadista; entre os obstáculos, ressalta-se, sobretudo, as limitações orçamentárias para elaboração de projeto de caráter continuado de manejo do fogo em terras indígenas. Esta fragilidade é compartilhada pela maioria das propostas de proteção e monitoramento territorial no âmbito da Funai.
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Referências
Melo, Mônica Martins de. 2007. A confluência entre ecologia do fogo e conhecimento Xavante sobre o manejo do fogo no Cerrado. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília.
Melo, Mônica Martins & Saito, Carlos Hiroo. 2011. Regime de Queima das Caçadas com Uso do Fogo Realizados pelos Xavante no Cerrado. Biodiversidade Brasileira, Ano 1, Nº2, 97-109.
Welch, James et. al. 2013. Indigenous Burning as Conservation Practice: Neotropical Savanna Recovery amid Agribusiness Deforestation in Central Brazil. PLOS One, Vol. 8, Issue 12.
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