Análise da diversidade e caracterização das síndromes de dispersão de diásporos em um gradiente sucessional de caatinga hiperxerófila
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v13i3.2207Palavras-chave:
Blastocoria, sucessão ecológica, xerofiliaResumo
A dispersão de sementes refere-se à retirada ou liberação dos diásporos da planta de origem e permite que frutos e/ou sementes escapem de serem depositados nas proximidades desse vegetal, onde as taxas de mortalidade são altas. Com isso o objetivo deste estudo é analisar o comportamento do processo de dispersão de diásporos na comunidade vegetal ao longo de uma cronossequência sucessional em áreas de Caatinga Hiperxerófila. A metodologia constituiu-se na divisão de três áreas de Caatinga selecionadas conforme seu estágio de sucessão, onde foi utilizado o método de parcelas, demarcando-se dois transectos de 30 m x 10 m, em cada condição; estes subdivididos em duas parcelas quadradas de 10 m², estando cada uma separada 10 m entre si. Avaliaram-se todos os indivíduos vegetais de fanerógamas, com hábito arbustivo-arbóreo, ≥ 30 cm de altura. Em seguida, realizou-se também a tipificação e classificação dos frutos e síndromes de dispersão. De acordo com os resultados obtidos, observou-se que a síndrome de dispersão por blastocoria destacou-se nos três estágios sucessionais com 46% no inicial, 40% no intermediário, seguido de anemocoria 27% no tardio. Verificou-se ainda uma redução no número de frutos secos à medida que a sucessão ecológica avançou, ocorrendo o inverso com os frutos carnosos. Desse modo observou-se que o processo de dispersão de propágulos em área de Caatinga Hiperxerófila varia de acordo com as alterações ambientais presentes em cada estágio sucessional analisado. Assim, no último estágio, a flora local utiliza-se de frutos carnosos como atrativos mais eficientes de dispersores; já nos estágios iniciais da sucessão, houve predominância de estratégias de dispersão por vetores abióticos, como a anemocoria e blastocoria.
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