Prevalência da Coccidiose em Molossus molossus (Pallas, 1766) (Chiroptera; Molossidae) no estado de São Paulo

Autores

  • Ana Carolina Souza Pallante Universidade São Judas Tadeu, Brasil.
  • Adriana Ruckert da Rosa Divisão de Vigilância de Zoonoses de São Paulo/SP, Brasil.
  • Irineu Norberto Cunha Museu Biológico - Instituto Butantan, Brasil.
  • Gabriel Henrique Araújo Zacaria Universidade São Judas Tadeu, Brasil.
  • Debora Cardoso de Oliveira Divisão de Vigilância de Zoonoses de São Paulo/SP, Brasil.
  • Shirley Seixas Pereira da Silva Instituto Resgatando o Verde/IRV, Rio de Janeiro/RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v14i2.2379

Palavras-chave:

Quirópteros , Eimeria, Qoocistos esporulados, parasitologia

Resumo

Os quirópteros são animais de suma importância para o meio ambiente, porém possuem uma convivência sinantrópica relevante para a saúde pública. Devido a sua grande adaptabilidade ao meio urbano, certas patologias podem ser desencadeadas em larga escala em consequência desse convívio. Foram enviados ao laboratório de diagnóstico de raiva da Divisão de Vigilância de Zoonoses de São Paulo (DVZ/SP) todos os morcegos recebidos de outros municípios, bem como os coletados pelo setor de quirópteros da DVZ, no período de 22 de setembro de 2021 a três de fevereiro de 2022, com suas respectivas fichas individuais. Após a identificação de granulações incomuns nas estruturas e vísceras de Molossus molossus, iniciou-se um estudo para a analisar o enteroparasita causador da patologia encontrada, o processo de contaminação e como ele impacta a saúde desses animais. O estudo baseou-se em metodologia ativa de pesquisas utilizando base de dados nacionais e internacionais, além da análise macro e microscópica das estruturas afetadas. Identificou-se o parasita como Eimeria sp. em 87 morcegos examinados. Devido ao hábito alimentar insetívoro de Molossus molossus, esta espécie tem alto índice de parasitagem. É possível que a forma de transmissão seja através da ingestão de oocistos esporulados presentes em insetos. O ciclo do parasita se desenvolve dentro do hospedeiro, acometendo principalmente a região gastrointestinal. Após a análise dos animais, verificou-se que a região gastrointestinal apresentou cerca de 97 a 98% de contaminação. Os resultados obtidos através deste trabalho demonstram a necessidade de estudos a longo prazo para determinar a espécie de Eimeria que mais acomete os morcegos hospedeiros e como os parasitas impactam a saúde deles.

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Publicado

2024-07-15

Edição

Seção

Fluxo contínuo