Produção, comercialização e identificação de variedades de pinhão no entorno da Floresta Nacional de Três Barras - SC
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v2i2.275Palavras-chave:
Araucaria angustifolia (Bertol), Kuntze, araucária, coleta sustentável, conservação pelo uso, recursos genéticos vegetaisResumo
Araucaria angustifolia tem sua ocorrência natural no Brasil entre altitudes de 500 a 2.300m e suas sementes, os pinhões, podem ser encontrados maduros de fevereiro a dezembro, conforme diversas variedades. O pinhão serve ainda de alimento à fauna silvestre e também como base para a economia de muitas famílias rurais no estado catarinense. Com isso, o objetivo deste trabalho foi quantificar produção e avaliar a realidade de uso e comércio do pinhão como fonte alternativa de renda a famílias rurais no entorno da Floresta Nacional de Três Barras, Planalto Norte de Santa Catarina. A média de pinhas (ou estróbilos femininos) produzidas para o ano de 2010 foi de 3,6 pinhas/planta, com uma massa média de 1,155kg/pinha. A produção média de pinhões foi de 340g/pinha o que representou 29,4% da massa fresca da pinha. O número médio de sementes formadas por pinha foi de 49,5 e massa média de cada pinhão de 6,2g. As falhas na formação de pinhões representam 68,2% dos constituintes da pinha. Quando comparados a outros trabalhos, os resultados encontrados neste estudo refletem uma alta variação, muito possivelmente influenciados pela densidade populacional e idade dos remanescentes. Esta variação foi percebida por 87,5% dos agricultores. A produtividade estimada na localidade Campininha foi de 19,4kg/ha. Ao preço médio pago por kg de pinhão de R$1,99, a renda média anual do produtor rural equivale a R$38,64/ha. Este valor representa cerca de 10% da renda obtida pelos produtores com erva-mate (Ilex paraguaiensis). Desta forma a erva-mate caracteriza-se como um recurso economicamente muito mais atrativo. Todos os agricultores entrevistados afirmaram nomear pelo menos suas diferentes variedades de pinheiros (São José e Kayuvá), além de uma variedade de maior ocorrência (não nomeada). Existe ainda uma legislação não embasada que antecipa a data de coleta de pinhão e que pode estar fomentando forte pressão sobre a variedade São José. A obtenção de dados de produção, disponibilidade e amplitude de oferta de pinhão possibilita obter informações que podem auxiliar na regulamentação da coleta e comercialização do pinhão.
Â
Referências
ACB, 2005. Estudo de mercado de faveira na região do Araripe. Projeto Araripe. Programa Biodiversidade Brasil-Itália/ PBBI-IBAMA. Relatório Técnico 94p.
Acker, S.A.B.E.V.; Berg, D.J.V.B.; Tromp, M.N.J.L.; Griffioen, D.H.; Bennekom, W.P.V.; Vijgh, W.J.F.V.D. & Bast, A. 1996. Structural aspects of antioxidant activity of flavonoids. Free Radical Biology Medicine, 20(3):331-342.
Alencar, A.L.; Silva, M.A.P. & Barros, L.M. 2007. Florística e fitossociologia de uma área de cerradão na Chapada do Araripe- Crato-CE. Revista Brasileira de Biociênicas, 5(2):18-20.
Approbato, A.U. & Godoy, S.A. 2006. Levantamento de diásporos em áreas de Cerrado no Município de Luiz Antônio, SP. Hoehnea, 33(3):385-401.
Bernal, R., 1998. Demography of the vegetable ivory palm Phytelephas seemannii in Colombia, and the impact of seed harvest. Journal of Applied Ecology, 35:64-74
Bizerril, M.X.A.; Rodrigues, F.H.G. & Hass, A. 2005. Fruit consumption and seed dispersal of Dimorphandra mollis Benth. (Leguminosae) by the lowland tapir in the Cerrado of Central Brazil. Brazilian Journal of Biology, 65(3):407-413.
Borges-Filho & Felfili, J.M. 2003. Avaliação do extrativismo de casca de Stryphnodendron adstringens (Mart. Coville), no Distrito Federal, Brasil. Revista Árvore, 27(1): 735-745.
CEDAC 2007. O estado da arte da cadeia sócio-produtiva da faveira (Dimorphandra spp) no Cerrado. Ministério do Meio Ambiente e Centro de Desenvolvimento Agroextrativista do Cerrado. Relatório Técnico 438p.
Costa, I.R.; Araújo, F.S. & Lima-Verde, L.W. 2004. Flora e aspectos auto-ecológicos de um encrave de cerrado na chapada do Araripe, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica, 18(4):759-770.
Costa, I.R. & Araújo, F.S. 2007. Organização comunitária de um encrave de cerrado sensu stricto no Bioma caatinga, chapada do Araripe, Barbalha, Ceará. Acta Botanica Brasilica, 21(2):281-291.
Cunningham, A.B. 2001. Applied ethnobotany: people, wild plant use & conservation. Earthscan tions Ltd., 300p.
Figueiredo, 1997. Unidades fitoecológicas. Atlas do Ceará. Fortaleza, Ed. IPLANCE. Figueiredo, P.S. 2008. Fenologia e estratégias reprodutivas das espécies arbóreas em uma área marginal de cerrado, na transição para o semi-árido no nordeste do Maranhão, Brasil. Revista Tropica - Ciências Agrárias e Biológicas, 2(2):8-22.
Gardner, G. 1846. Travels in the interior of Brazil, principally through the northern Provinces and the Gold and Diamond Districts, during the years 1836-1841. London: Reeve, Bros.
Gardner, G. 1975. Viagem ao interior do Brasil. Editora Itatiaia. 246p
Gomes, L.J., 1998. Extrativismo e comercialização da fava-d´anta (Dimorphandra spp.): um estudo de caso na região de Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Universidade Federal de Lavras. 158p.
Holm, J.A.; Miller, C.J. & Cropper, W.P., 2008. Population dynamics of the dioeceus Amazonian palm Mauritia flexuosa: simulation analysis for sustainable harvesting. Biotropica 40(5):550-558.
Hulme, P.E. 2001. Seed-eaters: seed dispersal, destruction and demography. pp. 257-273. In: Levey, D.J.; W.R. Silva & M. Galetti (eds.) Seed dispersal and frugivory: ecology, evolution and conservation. CAB International. Wallingford. UK
IBAMA, 2004. Plano de Manejo da Floresta Nacional do Araripe. Brasília-DF. 318p.
IPECE, 2012. Perfil básico municipal. Electronic Database accessible at http://www.ipece.ce.gov.br/ coes/perfil_basico/perfil- basico-municipal-2011. Captured on 8 May 2012.
Lewis, G.; Schrire, B.; Mackinder, B. & Lock, M. 2005. Legumes of the world. Kew, Richmond, Royal Botanic Gardens.
Lima H.C. 2010 Dimorphandra In: Lista de espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB083086. Acesso em 2012.
Lucci, N. & Mazzafera, N. 2009. Distribution of rutin in fava d´anta (Dimorphanda mollis) seedlings under stress Journal of Plant Interactions, 4(3):203-208.
Mares, M.A.; Willig, M.R.; Streilen, K.E. & Lacher Jr, T.E. 1981. The mammals of northeastern Brazil: a preliminary assessment. Annals of the Carnegie Museum, 50:81-137.
Morais, R.G.G. de & Macedo, M. 1996. Os banhos medicinais entre os índios Paresi, Sapezal, Mato Grosso. In: Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Florianópolis. UFSC. p.63.
Morris, W.F. & Doak, D.F. 2002. Quantitative conservation biology: theory and practice of population viability analysis. Sinauer Associates. 480p.
Murad, J.E.; Gazzinelli, N.; Santana, M.; Lacombe, O. & Fortini,L.G. 1968. Propriedades farmacológicas de uma planta do cerrado a Dimorphandra mollis Benth. Ciência e Cultura, 20(2):309-310.
Bailey, K. 1994. Methods of social research. (4 ed). Free Press. 588p.
Brasil, 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o , incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União. < http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm> (Acesso em 20/09/2011).
Brasil. 2006. Lei 11.428 de 22 de Dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica e dá outras providências. Diário Oficial da União. (Acesso em 05/10/2010)
Carvalho, P.E.R. 2003. Espécies arbóreas brasileiras. Embrapa Informação Tecnológica. 1039 p.
Castella, P.R. & Britez, R.M.A. 2004. Floresta com araucária no Paraná: conservação e diagnóstico dos remanescentes florestais. Ministério do Meio Ambiente. 233 p.
Dinerstein, E.; Olson, J.M.; Graham, D.J.; Webster, A. L.; Priim, S.A.; Booknder, M.P. & Ledec, G. 1995. Una evaluación del estado de conservación de las ecorregiones terrestres de America Latina y el Caribe. World Bank tions. 154p.
Duarte, R.I.; Silva, A.L.S.; Schultz, J.; Silva, J.Z. & Reis, M.S. 2012. Características de desenvolvimento inicial em teste de progênie de uma população de araucária na Flona de Três Barras-SC. Biodiversidade brasileira.
Ferreira, D.K.; Nazareno, A.G.; Mantovani, A.; Bittencourt, R.; Sebbenn, A.M.; Reis, M.S. 2012. Genetic analysis of 50-year old Brazilian pine (Araucaria angustifolia) plantations: implications for conservation planning. Conservation Genetics, 13: 435-442.
Figueiredo Filho, A.; Orellana, E.; Nascimento, F.; Dias, A. N. & Inoue, M. T. 2011. Produção de sementes de Araucaria angustifolia em plantio e em floresta natural no Centro-sul do Estado do Paraná. Floresta, 41 (1): 155-162.
Filippon, S. 2009. Aspectos da demografia, fenologia e uso tradicional do Caraguatá (Bromelia antiacantha Bertol.) no Planalto Norte Catarinense. Dissertação. (Mestrado em Recursos Genéticos Vegetais) Universidade Federal de Santa Catarina. 104p.
Filippon, S.; Darós, C.; Ferreira, D.C.; Silva, D.L.S; ALtrack, G.; Duarte, A.S. & Reis, M.S. 2012. Bromelia antiacantha Bertol. (Bromeliaceae): caracterização demográfica e potencial de manejo em uma população no Planalto Norte Catarinense. Biodiversidade Brasileira. 2(1): xxxx
IBAMA. 2003. Floresta Nacional de Três Barras - informações gerais. Três Barras: Ibama. Apostila.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2009. Produção da extração vegetal e silvicultura. (Acessado em: 30/08/2010).
IBGE. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2010. Produção da extração vegetal e silvicultura. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pevs/2010/default_zip_brasil.shtm> (Acessado em 21/03/2012).
Iriarte, J.; Gillam, J.C. & Marozzi, O. 2008. Monumental burials and memorial feasting: an example from the southern Brazilian highlands. Antiquity, 82: 947-961.
Mantovani, A.; Morellatto, L.P.C. & Reis, M.S. 2004. Fenologia reprodutiva e produção de sementes em Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze. Revista Brasileira de Botânica, 27(4): 787-796.
Marques, A.C.; Batisti Filho, A.; Faccin, E.; Almeida, E.G.; Da Silva, M.C.; Freitas, S.F. & Chupel, T.U. 2004. Coleta de pinhões na Floresta Nacional de Três Barras - SC. Revista de Estudos Vale do Iguaçu, 5: 31-41.
Marques, A.; Mattos, A.G.; Bona, L.C. & Reis, M.S. 2012. Florestas nacionais e desenvolvimento de pesquisas: o manejo da erva-mate (Ilex paraguariensis A.St.-Hil.) na Flona de Três Barras/ SC. Biodiversidade brasileira, 2(1): .
Mattos, A.G. 2011. Caracterização das práticas de manejo e das populações de erva-mate (Ilex paraguariensis A. Sant Hill) nativa em exploração no Planalto Norte Catarinense. Dissertação. (Mestrado em Recursos Genéticos Vegetais) Universidade Federal de Santa Catarina. 163p.
Mattos, J.R. Opinheiro brasileiro. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2011. 700p.
Mittermeier, R.A.; Myers, N.; Gil, P.R. & Mittermeier, C.G. 1999. Hotspots: Earth's biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. Cemex, Conservation International and Agrupación Sierra Madre. 431p.
Montagna, T.; Ferreira, D.K.; Steiner, F.; Loch, F.A.S.S.; Bittencourt, R.; Silva, J.Z.; Mantovani, A. & Reis, M.S. 2012. A importância das unidades de conservação na manutenção da diversidade genética de araucária (Araucaria angustifolia) no estado de Santa Catarina. Biodiversidade brasileira, 2(1).
Reitz, R. & Klein, R.M. 1966. Araucariáceas. Flora Ilustrada Catarinense, 62 p.
Reitz, R.; Klein, R.M. & Reis, A. 1978. Projeto madeira de Santa Catarina. Herbário Barbosa Rodrigues. 320 p.
Ribeiro, M.C.; Metzger, J.P.; Martensen, A.C.; Ponzoni, F. & Hirota, M. 2009. Brazilian Atlantic forest: how much is left and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, 142: 1141-1153.
Ribeiro Da Silva, C.J. & Barbosa, H.A. 2012. Registros de entrada e coleta de pinhões na Floresta Nacional de Três Barras. Livro de Registros da Floresta Nacional de Três Barras/ ICMBio.
Santa Catarina. 2011. Lei Nº 15457, de 17 de Janeiro de 2011. Regulamentação da colheita do pinhão. Diário Oficial do Estado de Santa Catarina (Acesso em 23/03/2011).
Vieira Da Silva, C. 2006. Aspectos da obtenção e comercialização de pinhão na região de Caçador, SC. Dissertação (Mestrado em Recursos Genéticos Vegetais) Universidade Federal de Santa Catarina. 111p.
Vieira Da Silva, C. & Reis, M.S. 2009. Produção de pinhão na região de Caçador, SC: aspectos da obtenção e sua importância para comunidades locais. Ciência Florestal, 19(4): 363-374.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2012 Os autores mantêm os direitos autorais de seus artigos sem restrições, concedendo ao editor direitos de ção não exclusivos.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os artigos estão licenciados sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O acesso é livre e gratuito para download e leitura, ou seja, é permitido copiar e redistribuir o material em qualquer mídia ou formato.