Método da semente: a construção participativa do Plano de Manejo da Floresta Nacional do Purus
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v4i1.357Palavras-chave:
gestão socioambiental, método da semente, participação, plano de manejoResumo
A construção do Plano de Manejo (PM) da Floresta Nacional do Purus (Flona Purus) é relatada para expor o Método da Semente (MS), pioneiramente aplicado ali. Essa Unidade de Conservação (UC) foi criada em 1988 onde já existia, reassentada pelo próprio Governo, desde 1982, população tradicional organizada como comunidade intencional. Devotada ao cultivo de tradição etnobotânica ancestral milenar da Amazônia - o culto da aiauasca - esta população tradicional sincretiza devoção à floresta e cristianismo, atraindo adeptos. A posterior criação da UC gerou conflito conceitual que somente encontrou solução com a construção do PM. O método empregado constitui modelo conceitual que utiliza noções previamente conhecidas, concebendo a organização gerencial como organismo vivo. Em seu apoio são apresentados e discutidos os conceitos de isomorfismo de sistemas (Bertalanffy 2006), entendimento de padrões (Mollisson 1988) e meme (Dawkins 2010) que respaldam teoricamente a exploração em profundidade das analogias entre ‘sementes' e ‘projetos' preconizadas pelo método da semente. Apresenta-se então breve sistematização da metodologia e sua aplicação no PM da Flona Purus. O "método" da semente - universalmente empregado pela natureza para "projetar" organismos vivos - é considerado referência metodológica do PM, constituindo fonte inspiradora de analogias intuitivas e familiares. O Plano é entendido como ‘semente' de rede-de-trabalho formatada como ‘árvore' implantada ao longo de um ‘ciclo de vida'. O Plano - esta ‘semente' -, procurando conciliar a realidade social e ambiental local, concebeu a unidade como laboratório socioambiental para experienciar matrizes de sustentabilidade florestal comunitária na Amazônia potencialmente multiplicáveis por políticas públicas adequadas. Tecnicamente, o MS se resume em duas ferramentas didaticamente acessíveis: o "Diagrama da árvore da vida", que modela a imagem orgânica do ‘sistema' gerencial na forma; e o "Quadro do ciclo de vida", matriz que projeta sua evolução orgânica estratégica no tempo. A título de conclusão elencam-se virtudes da metodologia. Explorando as noções intuitivas que temos sobre ‘sementes' o método é naturalmente amigável, facilitando a apropriação da gestão pelos agentes sociais. Constitui abordagem estratégica temporal, organicamente integrada, contemplando política de recursos. Constitui um novo paradigma fecundo e promissor para o planejamento de organizações humanas em geral e das UCs, em particular.
Referências
Arnstein, S.R. 2002. Uma escada da participação cidadã. Revista da Associação Brasileira para o
Fortalecimento da Participação - PARTICIPE, 2(2): 4-13.
Bertalanffy, L. 2006. Teoria geral dos sistemas: fundamentos, desenvolvimentos e aplicações.
Tradução de Francisco M. Guimarães. 6 ed. Editora Vozes. 360p.
Dawkins, R. 2010. O gene egoísta. Tradução de Rejane Rubino. 4 ed. Companhia das Letras. 540p.
ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). 2009. Plano de manejo da Floresta Nacional do Purus: Vol. I - Diagnóstico e Vol II - Planejamento. 663p.
Mollison, B. 1988. Permaculture: a designer´s manual. Tagari tions. 573p.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2014 Os autores mantêm os direitos autorais de seus artigos sem restrições, concedendo ao editor direitos de ção não exclusivos.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os artigos estão licenciados sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O acesso é livre e gratuito para download e leitura, ou seja, é permitido copiar e redistribuir o material em qualquer mídia ou formato.