Experiências internacionais de manejo integrado do fogo em áreas protegidas - recomendações para implementação de manejo integrado de fogo no Cerrado
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v6i2.586Palavras-chave:
Cerrado, Conservação da biodiversidade, gestão dos recursos naturais, indicadores ecológicos, manejo do fogo, monitoramentoResumo
O Manejo Integrado do Fogo (MIF) é uma abordagem que considera aspectos ecológicos, culturais e de manejo para propor uso de queimas controladas, bem como a prevenção e combate a incêndios, com vistas a garantir a conservação e uso sustentável de ecossistemas. Programas de MIF foram implementados há décadas e em larga escala em Áreas Protegidas em diferentes continentes do mundo, especialmente em ambientes dependentes do fogo ou pirofíticos. Este artigo sintetiza, de forma não exaustiva, experiências internacionais de manejo do fogo em áreas protegidas e propõe recomendações para sua implementação em Programas de MIF em Unidades de Conservação (UC) do Cerrado ainda em fase de experimentação. Exemplos de implementação de manejo do fogo foram revisados com ênfase nas metodologias de pesquisa e monitoramento em regiões de ocorrência de savanas, mais especificamente, na região sul da África e Norte da Austrália, onde os objetivos de pesquisa focam geralmente em avaliar impactos de diferentes regimes de queima na flora e fauna. Programas de pesquisa e monitoramento foram implementados apenas para um número reduzido de espécies ou grupos indicadores. Dentre indicadores comumente reportados pode-se citar o monitoramento, via sensoriamento remoto de áreas queimadas, épocas e locais de ocorrência de queimadas (manejadas ou não) e o monitoramento da estrutura da vegetação, especialmente vegetação arbórea. Dentre os grupos animais, aves, insetos e mamíferos terrestres são os grupos mais comumente monitorados em áreas de manejo do fogo. Fica evidente que mesmo em regiões em que há esforços sistemáticos de pesquisa e monitoramento para subsidiar decisões de manejo, certo grau de incerteza é sempre mantido. Muitas vezes, a influência de pesquisas sobre as decisões de manejo é limitada e está muito mais explícita na criação de ambientes de aprendizagem, trocas de informações e melhoria na qualidade técnica das tomadas de decisão por parte dos gestores em relação ao manejo do que na identificação de regimes definidos de queimas ou receitas prontas para melhoria da gestão ambiental. A partir das experiências sistematizadas, são feitas recomendações para implementação de MIF em UC do Cerrado.Referências
Andersen, A.N.; Cook, G.D.; Corbett, L.K.; Douglas, M.M.; Eager, R.W.; Russell-Smith, J.; Setterfield, S.A.; Williams, R.J. & Woinarski, J.C.Z. 2005. Fire frequency and biodiversity conservation in Australian tropical savannas: implications from the Kapalga fire experiment. Austral Ecology, 30: 155-167.
Andreae, M.O., Atlas, E.; Harris, G.W.; Helas, G.; Kock, A.D.; Koppmann, R. & Welling, M. 1996. Methyl halide emissions from savanna fires in southern Africa. Journal of Geophysical Research: Atmospheres (1984-2012), 101: 23603-23613.
Beale, C.M.; Van Rensberg, S.;, Bond, W.J.; Coughenour, M.; Fynn, R.; Gaylard, A.; Grant, R.; Harris, B.; Jones, T.; Mdumai, S.; Owen-Smith, N. & Sinclair, A.R.E. 2013. Ten lessons for the conservation of African savannah ecosystems. Biological Conservation, 167: 224-232.
Bond, W.J.; Woodward, F.I. & Midgley, G.F. 2005. The global distribution of ecosystems in a world without fire. New Phytologist, 165: 525-538.
Bradstock R.A. & Auld, T.D. 1995. Soil temperatures during experimental bushfires in relation to fire intensity: consequences for legume germination and fire management in south-eastern Australia. Journal of applied Ecology, 32: 76-84.
Bradstock, R.A.; Bedward, M.; Gill, A.M. & Cohn, J.S. 2005. Which mosaic? A landscape ecological approach for evaluating interactions between fire regimes, habitat and animals. Wildlife Research, 32: 409-423.
Bradstock, R.A. & Richard J.W. 2009. Can Australian fire regimes be managed for carbon benefits?. New Phytologist, 183: 931-934.
Bradstock, R.A.; Bedward, M.; Scott, J. & Keith, D.A. 2011. Simulation of the Efect of Spatial and Temporal in Fire Regimes Variation on the Population Viability of a Banksia Species. Conservation Biology, 10: 776-784.
Burrows, N.D. & Wardell-Johnson, G. 2004. Implementing fire mosaics to promote biodiversity and reduce the severity of wildfires in south-western Australian ecosystems. Proceedings of the 11th Annual AFAC conference and inaugural Bushfire CRC conference. Bushfire CRC, Melbourne, Australia.
Canada, N.R. 2005. Canadian wildland fire strategy: A vision for an innovative and integrated approach to managing the risks. Canadian Forest Service.
Christensen, N.L. 2005. Fire in the Parks: A Case Study for Change Management. The George Wright Forum, 22: 12-31.
D'Antonio, C.M. & Vitousek, P.M. 1992. Biological invasions by exotic grasses, the grass-fire cycle, and global change. Annual Review of Ecology and Systematics, 23: 63-87.
Douglass, L.L.; Possingham, H.P.; Carwardine, J.; Klein C.J.; Roxburgh S.H. & Russell-Smith, J. 2011. The Effect of Carbon Credits on Savanna Land Management and Priorities for Biodiversity Conservation. PLoSONE, 6:23843. doi:10.1371/journal.pone.0023843
Driscoll, D.A.; Lindenmayer, D.B.; Bennett, A.F.; Bode, M.; Bradstock, R.A.; Cary, G.J.; Clarke, M.F.; Dexter, N.; Fensham, R.; Friend, G.; Gill, M.; James, S.; Kay, G.; Keith, D.A.; MacGregor, C.; RussellSmith, J.; Salt, D.; Watson, J.E.M.; Williams, R.J. & York, A. 2010. Fire management for biodiversity conservation: Key research questions and our capacity to answer them. Biological Conservation, 143: 1928-1939.
Edwards, A.; Hauser, P.; Anderson, M.; McCartney, J.; Armstrong, M.; Thackway, R.; Allan, G.; Hempe, C. & Russell-Smith, J. 2001. A tale of two parks: contemporary fire regimes of Litchfield and Nitmiluk National Parks, monsoonal northern Australia. International Journal of Wildland Fire, 10: 79-89.
Higgins, S.I.; Bond, W.J. & Trollope, W.S.W. 2000. Fire, resprouting and variability: a recipe for grass - tree coexistence in savanna. Journal of Ecology, 88: 213-229.
Inkster-Draper, T.E.; Sheaves, M.; Johnson, C.N. & Robson, S.K.A. 2013. Prescribed fire in eucalypt woodlands: immediate effects on a microbat community of northern Australia. Wildlife Research, 40: 70-76.
Kern, N.G. 1981. The influence of fire on populations of small mammals of the Kruger National Park. Koedoe, 24: 125-157.
Kilgore, B.M. & Taylor, D. 1979. Fire history of a sequoia-mixed conifer forest. Ecology, 60: 129-142.
Knapp, E.E. 2009. Ecological effects of prescribed fire season: a literature review and synthesis for managers. DIANE Publishing. 80p.
Kojwang, H.O. 2000. Integrated Forest Fire Management (IFFM) in Namibia. United Nations, Ministry for Environment and Turism, Windhoek, Namibia.
Lacaux, J.P.; Delmas, R.; Jambert, C. & Kuhlbusch, T.A.J. 1996. NOx emissions from African savanna fires. Journal of Geophysical Research, 101: 585-596.
Legge, S.; Murphy, S.; Heathcote, J.; Flaxman, E.; Augusteyn, J. & Crossman, M. 2008. The short-term effects of an extensive and high-intensity fire on vertebrates in the tropical savannas of the central Kimberley, northern Australia. Wildlife Research, 35: 33-43.
Legge, S.; Murphy, S.; Kingswood, R.; Maher, B. & Swan, D. 2011. EcoFire: restoring the biodiversity values of the Kimberley region by managing fire. Ecological Management & Restoration, 12: 84-92.
Levine J.S.; Winstead, E.L.; Parsons, D.A.B.; Scholes, M.C.; Scholes, R.J.; Cofer, W.R.; Cahoon, D.R. & Sebacher, D.I. 1996. Biogenic soils emissions of nitric oxide (NO) and nitrous dioxide (N2 O) from savanas in South Africa: the impact of wetting and burning. Journal of Geophysical Research, 101(19): 23689-23697.
Ward, D.E. 1996. Effect of fuel composition on combustion efficiency and emission factors for African savanna ecosystems. Journal of Geophysical Research: Atmospheres (1984-2012), 101: 23569-23576.
Werner, P.A. 2012. Growth of juvenile and sapling trees differs with both fire season and understorey type: Trade-offs and transitions out of the fire trap in an Australian savanna. Austral Ecology, 37: 644-657.
Whelan, R.J. 1995. The ecology of fire. Cambridge University Press, 349p.
Wigley, B.J.; Bond, W.J. & Hoffman, M.T. 2009. Bush encroachment under three contrasting land-use practices in a mesic South African savanna. African Journal of Ecology, 47: 62-70.
Williams, R.J.; Woinarski, J.C.Z. & Andersen, A.N. 2003. Fire experiments in northern Australia: contributions to ecological understanding and biodiversity conservation in tropical savannas. International Journal of Wildland Fire, 12: 391-402.
Whitehead, P.J.; Purdon, P.; Russell-Smith, J.; Cooke, P.M. & Sutton, S. 2008. The management of climate change through prescribed Savanna burning: Emerging contributions of indigenous people in Northern Australia. Admin. Dev., 28: 374-385.
Yates, C. & Russell-Smith, J. 2003. Fire regimes and vegetation sensitivity analysis: an example from Bradshaw Station, monsoonal northern Australia. International Journal of Wildland Fire, 12: 349-358.
Yibarbuk, D.; Whitehead, P.J.; Russell-Smith, J.; Jackson, D.; Godjuwa, C.; Fisher, A.; Cooke, P.; Choquenot, D. & Bowman, D.M.J.S. 2001. Fire ecology and aboriginal land management in Central Arnhem Land, Northern Australia: a tradition of ecosystem management. Journal of Biogeograhy, 28: 325-343.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Biodiversidade Brasileira - BioBrasil
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os artigos estão licenciados sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O acesso é livre e gratuito para download e leitura, ou seja, é permitido copiar e redistribuir o material em qualquer mídia ou formato.