Estimativa do Tráfico de Aves Silvestres no Distrito Federal, Brasil

Autores

  • Filipe Martins Neves Secretaria de Estado de Educação - DF (SEEDF)
  • Eleonora D'Avila Erbesdobler UNICEPLAC - Centro Universitário do Planalto Central

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v11i1.1683

Resumo

O Brasil possui uma das mais diversas avifaunas do mundo, entretanto bastante ameaçada. O bioma Cerrado não foge dessa realidade. Uma das principais ameaças às aves brasileiras é o tráfico de animais silvestres. O objetivo deste estudo foi estimar o tráfico de aves silvestres no Distrito Federal. Os dados utilizados referem-se às aves entregues, de 2013 a 2015, ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA da região. Registraram-se 7541 aves no total, 165 espécies e 22 ordens. Predominaram as ordens Passeriformes (67,7%) e Psittaciformes (19,5%), o mesmo observado em âmbito nacional. As espécies com maiores registros foram: Sicalis flaveola (1725), Sporophila nigricollis (713), Saltator similis (392), Brotogeri chiriri (382), Gnorimopsar chopi (340) e Amazona aestiva (311). Registrou-se 12 (7,2%) espécies em risco de extinção, destacando: Sporophila maximiliani (122), Crax fasciolata (41) e Penelope superciliaris (25), estas em perigo crítico. Somente três espécies endêmicas foram registradas, demonstrado a raridade dessas aves. O registro de espécies não restritas ao Cerrado e de outros biomas abastecendo o tráfico da região ressaltam a importância do Distrito Federal como rota do tráfico de animais silvestres no país, corroborando com estudos anteriores. As informações levantadas neste estudo geram estimativa que colabora para a disseminação de dados a respeito do tráfico de aves silvestres no Distrito Federal e mostra a triste e persistente problemática do tráfico de animais silvestres na região e no Brasil.

Biografia do Autor

Filipe Martins Neves, Secretaria de Estado de Educação - DF (SEEDF)

Perito Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2012) possui Licenciatura Plena em Biologia pelo Claretiano - Centro Universitário (2020), é Médico Veterinário pelo Centro Universitário do Planalto Central (2017) e Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Brasília (2009). Tem experiência na área da Botânica, com ênfase em Virologia e Ecologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Melon yellowing-associated virus, Restabelecimento da integridade ecológica e Estrutura genética e dinâmica populacional. Possui também experiência nas áreas de Perícia Ambiental e Conservação de Fauna, com ênfase em Legislação, Manejo e Tratamento de Fauna Silvestre e Exótica. Atualmente trabalha na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF) como Monitor de Gestão Educacional na área de Educação Especial com ênfase no Transtorno do Espectro Autista (TEA) e atua também na área de Educação Ambiental, Manejo de Fauna e Conservação do Cerrado.

Eleonora D'Avila Erbesdobler, UNICEPLAC - Centro Universitário do Planalto Central

Graduada em Zootecnia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1994), mestrado em Produção Animal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (1999) e doutorado em Biociências e Biotecnologia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2003). De 2004 a 2006 trabalhou como Professora Universitária do Curso de Medicina Veterinária da FIPLAC. De 2005 a 2010 trabalhou no Jardim Zoológico de Brasília, atuando como Chefe do Serviço de Alimentação e Nutrição Animal, técnica do setor de enriquecimento ambiental e condicionamento animal e Coordenadora de Pesquisa. Trabalhou de 2010 a março de 2012 na Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) como analista técnica científica. Trabalha desde 2011 como Professora Universitária do Curso de Medicina Veterinária da FACIPLAC. Tem experiência em Nutrição Animal, Animais Silvestres, Ecologia, Conservação, Comportamento animal, Extensão e Administração Rural. Atuando também no Planejamento, elaboração e desenvolvimento de projetos financiados pela FAPDF e CNPq e em projetos de inclusão social e acessibilidade para a difusão e popularização da ciência e tecnologia em atividades ambientais.

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Publicado

02/06/2021

Edição

Seção

Fluxo contínuo