Variações na Vazão do Rio Santo Antônio, Relação com o Pantanal Marimbus e a Importância para a Biodiversidade na Região do Parque Nacional da Chapada Diamantina/BA

Autores

  • Cezar Neubert Gonçalves Parque Nacional da Chapada Diamantina - ICMBIO

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v11i4.1782

Palavras-chave:

Hidrografia , balanço hídrico, bacia do rio Paraguaçu, crise hídrica

Resumo

O rio Santo Antônio é um afluente da margem esquerda do rio Paraguaçu, e forma, em seu baixo curso, a área alagada chamada Marimbus. Há relatos de que a vazão desse rio estaria sendo reduzida. Neste trabalho, realizou-se uma análise qualiquantitativa da variação da vazão (DQ) no rio Santo Antônio ao longo de 57 anos e oito meses, com dados de uma estação fluviométrica em Andaraí. Os dados foram sistematizados e analisados com correlações de Pearson (α = 0,05), comparando-as com a variação na pluviometria (DP) em uma estação meteorológica da sub-bacia do rio Santo Antônio. Os valores de DQ entre 1950 e 1970 apresentaram amplitudes que foram de -0,8036 a 4,8386, com 57,92% dos registros DQ < 0. Entre 1971 até 2018, DQ variou de -0,9591 a 2,5644, com 74,31% dos registros DQ < 0. A comparação DQ e DP entre 1950 e 2018 mostrou-se estatisticamente significativa (r = 0,341; R² = 0,1163; p = 0,0116). Dados bibliográficos mostraram um aumento da área ocupada por culturas que utilizam intensamente água do rio, como banana (Musa sp). A revisão da bibliografia publicada sobre o Marimbus mostra cinco trabalhos botânicos na região, além de dez espécies, como Moenkhausia diamantina Benine et al., 2007; Parotocinclus adamanteus Pereira et al. (2019) e Astyanax lorien Zanata et al. (2018), por exemplo, e uma subfamília de peixes (Copionodontinae), endêmicas da região e áreas vizinhas. A fauna local é diferenciada em relação ao que existe nas regiões circunvizinhas. Desta forma, é necessário que a captação de água do rio Santo Antônio seja gerenciada de modo a evitar que a vazão deste curso d’água continue a diminuir. 

Referências

ANA. Estação convencional 51190000, Ponte de Ligação Andaraí – BR 242. <http://www.snirh.gov.br/ hidroweb/serieshistoricas>. Acesso em: 17/12/2020.

Alves BCC, Souza Filho FA & Silveira CS. Análise de Tendências e Padrões de Variação das Séries Históricas de Vazões do Operador Nacional do Sistema (ONS). Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 18(4): 19-34. 2013.

Aranzabal IA & Oliveira CAD. A gestão pública das águas e os conflitos territoriais na Bacia Hidrográfica do rio Paraguaçu. 2019. <https://cptba.org.br/wp-content/ uploads/2019/11/Artigo-Paragua%C3%A7u.pdf.> Acesso em: 14/04/2021.

Aulete. Marimbu. Aulete Dicionário Digital. Acesso em: 12/04/2020.

Ávila PLR & Brito JIB. Relação entre a Oscilação Decadal do Pacifico e a variabilidade de precipitação de Campina Grande, PB. Ciência & Natura, 37: 159- 162. 2015.

Ayres M, Ayres Jr M, Ayres DL & Santos AAS. 2007. Bioestat 5.3. Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. IDSM. 384p.

Carvalho CJR. 2000. Ecofisiologia do dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.), p. 89-124. In: Viégas JM & Müller AA. A cultura do dendezeiro na Amazônia brasileira. 1 Ed. Embrapa, 320p.

Chen D, Cane MA, Kaplan A, Zebiak SE & Huang D. Predictability of El Niño over the past 148 years. Nature, 428(15): 733-736. 2004.

CONAMA. 2005. Resolução no 357, de 17 de março de 2005. Diário Oficial da União. <http://www2.mma.gov. br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em: 20/03/2021.

CONAMA. 1994. Resolução nº 5, de 4 de maio de 1994. Diário Oficial da União. <http://www2.mma. gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=146>. Acesso em : 04/04/2021.

Couto APL, Funch LS & Conceição AA. Composição florística e fisionomia de floresta estacional semidecídua submontana na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Rodriguésia, 61(2): 391-405. 2011.

CPRM. 1994. Projeto Chapada Diamantina. Parque Nacional da Chapada Diamantina – BA. Informações básica para gestão territorial: diagnóstico do meio físico e da vegetação. 1 Ed. CPRM – IBAMA. 104p.

França F, Melo E, Oliveira IB, Reis ATCV, Alves GL & Costa MF. Plantas vasculares das áreas alagadas dos Marimbus, Chapada Diamantina, BA, Brasil. Hoehnea, 37(4): 719-730. 2010.

Godinho LR & Santos ACA. Dieta de duas espécies de peixes da família Cichlidae (Astronotus ocellatus e Cichla pinima) introduzidos no rio Paraguaçu, Bahia. Biotemas, 27: 83-91. 2014.

Gonçalves CN & Azevedo-Gonçalves CF. 2016. Estrutura de populações relictuais e resiliência de buritis no parque Nacional da Chapada Diamantina e entorno, com sugestões de ações para a conservação da espécie. p. 36-47. In: Gonçalves CN & Azevêdo-Gonçalves CFA (orgs.). Aspectos Botânicos e Ecológicos em Comunidades da Chapada Diamantina. 1ed. Novas Edições Acadêmicas. 141p.

Guimarães Rosa J. 1956. Grande Sertão Veredas. 1 ed. Livraria José Olympio Editora. 602p.

ICMBio. 2007. Plano de Manejo do Parque Nacional da Chapada Diamantina. ICMBIO. 506p.

INMET. 2020. Estação: Lençóis (83242). Tabela de Dados Meteorológicos. Disponível em: https://tempo.inmet.gov. br/TabelaEstacoes/83242. Acesso em: 18/12/2020.

Kayano MT, Andreoli RV, Souza RAF, Garcia SR & Calheiros AJP. 2016. El Niño e La Niña dos últimos 30 anos: diferentes tipos. Revista Climanálise. Edição comemorativa de 30 anos do Climanálise. Acesso em: 30/03/2021.

Lima JR & Magalhães AR. Secas no Nordeste: registros históricos das catástrofes econômicas e humanas do século 16 ao século 21. Parcerias Estratégicas, 23(46): 191-212. 2018.

Lima NRG, Paula A, Soares Filho AO, Gonçalves CN & Guimarães VFG. 2016. Florística e estrutura de dois fragmentos de floresta estacional semidecidual do Parque Nacional da Chapada Diamantina, Andaraí – Bahia. p. 36-47. In: Gonçalves CN & Azevêdo-Gonçalves CFA (orgs.). Aspectos Botânicos e Ecológicos em Comunidades da Chapada Diamantina. 1Ed. Novas Edições Acadêmicas. 141p.

Lima ACP, França F & Jesus TB. Avaliação dos níveis de metais pesados no pantanal dos Marimbus, Bahia, Brasil. Engenharia Sanitária e Ambiental, 23(3): 591-598. 2018.

Magalhães FM, Laranjeiras DO, Costa TB, Juncá FA, Mesquita DO, Röhr DO, Silva WP, Vieira GHC & Garda AA. Herpetofauna of protected areas in the Caatinga IV: Chapada Diamantina National Park, Bahia, Brazil. Herpetology Notes, 8: 243-261. 2015.

Marimbus. Pantanal dos Marimbus. 2015. . Acesso em: 22/04/2021.

Molion LCB. Aquecimento global, el niños, manchas solares, vulcões e oscilação decadal do pacífico. Revista Climanálise, 3(1): 1-5. 2005.

Mortatti J, Bortoletto Júnior MJ, Milde LCE & Probst J. Hidrologia dos Rios Tietê e Piracicaba: séries temporais de vazão e hidrogramas de cheia. Revista de Ciência & Tecnologia, 12(23): 55-67. 2014.

Oliveira CD. Os territórios camponeses na Bacia Hidrográfica do rio Paraguaçu, na Bahia-Brasil e as ameaças pela política agronegócio. Diálogos Textos breves sobre desarrollo rural solicitados por el IPDRS, 212: 1-5. 2018. <https://ipdrs.org/images/dialogos/ archivos/Dialogos_212.pdf>. Acesso em: 22/04/2021.

Parrini R, Raposo MA, Pacheco JF, Carvalháes AMP, Melo Júnior TA, Fonseca PS & Minns J. Birds of the Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Cotinga, 11: 86-95. 1999.

Pereira SB, Pruski FF, Silva DD & Ramos MM. Estudo do comportamento hidrológico do Rio São Francisco e seus principais afluentes. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 11(6): 615-622. 2007.

Ramos GJP, Bicudo CEM, Góes-Neto A & Santana CWN. Hydrodictyaceae (Chlorophyceae, Chlorophyta) do Pantanal dos Marimbus, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Iheringia, Série Botânica, 71(1): 13-21. 2016.

Santos ACA & Caramaschi EP. Composition and Seasonal Variation of the Ichthyofauna from Upper Rio Paraguaçu (Chapada Diamantina, Bahia, Brazil). Brazilian Archives of Biology and Technology, 50: 663-672. 2007.

Sarmento-Soares LM, Santos ACA & Martins- Pinheiro RF. Rios e peixes do Paraguaçu na Chapada Diamantina: conservação e perspectivas. BSBI, 134: 16-57. 2020.

SEI. Mapa da Bacia do Rio Paraguaçu. . Acesso em: 04/04/2021.

Venturieri A, Fernandes WR, Boari AJ & Vasconcelos MA. 2009. Relação entre ocorrência do amarelecimento fatal do dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) e variáveis ambientais no estado do Pará. p. 523-530. In: Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal. 7954p.

Downloads

Publicado

10/11/2021

Edição

Seção

Análise de Componentes do Sistema Climático e a Biodiversidade no Brasil