Avaliação do risco de extinção da ariranha Pteronura brasiliensis (Zimmermann, 1780) no Brasil

Autores

  • Lívia de Almeida Rodrigues Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros – CENAP/ICMBio
  • Caroline Leuchtenberger Instituo Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA
  • Vania Carolina Fonseca da Silva Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v3i1.390

Palavras-chave:

Avaliação do risco de extinção, Ariranha, Pteronura brasiliensis

Resumo

Ariranhas, Pteronura brasiliensis, são sociais, vivendo em grupos monogâmicos sob cooperação reprodutiva, o que restringe o tamanho populacional efetivo da espécie aos casais dominantes. Indivíduos tornam-se maduros a partir de dois anos de vida, sendo que fêmeas na natureza reproduzem até os 11 anos de idade aproximadamente e os machos podem reproduzir até os 15. Dessa forma, estima-se que o ciclo de três gerações da espécie represente um período aproximado de 20 anos. A espécie, que ocorria nos biomas Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Amazônia, sofreu uma drástica redução populacional no passado devido principalmente à caça. Atualmente, há registros isolados no Cerrado e possivelmente na Mata Atlântica, no estado do Paraná, sendo que populações viáveis da espécie estão limitadas à Bacia Amazônica e ao Pantanal. Essas áreas, no entanto, serão diretamente impactadas pela destruição e fragmentação de áreas naturais, bem como pela construção de hidrelétricas de pequeno e grande porte em grande quantidade e num futuro próximo (prazo menor que 20 anos, ou três gerações da espécie), ocasionando uma representativa perda de habitat e provável alteração na comunidade de peixes, que são seu principal recurso alimentar (sub-critério Ac). Perdas populacionais também ocorrem devido a conflitos com pescadores e interferência da espécie na aqüicultura (sub-critério Ad). Desta forma, considera-se que a espécie sofrerá uma redução populacional de pelo menos 30% nos próximos 20 anos, o que justifica sua categorização como Vulnerável (VU), segundo o critério A3cd.

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Publicado

30/06/2013

Edição

Seção

Avaliação do estado de conservação das espécies

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