Estratégias de integração entre pesquisa e manejo do fogo no Parque Nacional da Serra da Canastra como parte do desenvolvimento de um Programa de Manejo Integrado do fogo

Autores

  • Rogério Oliveira de Souza Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Parque Nacional da Serra da Canastra, São Roque de Minas – MG
  • Carolline Zatta Fieker Universidade Federal de São Carlos/UFSCar, Laboratório de Ecologia e Conservação de Aves Neotropicais, São Carlos – SP
  • Matheus Gonçalves Reis Universidade Federal de São Carlos/UFSCar, Laboratório de Ecologia e Conservação de Aves Neotropicais, São Carlos – SP
  • Sávio Freire Bruno Universidade Federal Fluminense/UFF, Faculdade de Veterinária/HUVET/MCV, Setor de Animais Silvestres, Rio de Janeiro – RJ
  • Paola Vieira Ribeiro Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Parque Nacional da Serra da Canastra, São Roque de Minas – MG
  • Cristina Martins Simões Carvalho Faculdade de Iguatama, Laboratório de Zoologia Geral, Iguatama – MG

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v6i2.524

Palavras-chave:

conservação biológica, ecossistemas campestres, unidade de conservação

Resumo

O Parque Nacional da Serra da Canastra (PNSC) está entre as unidades de conservação (UC) brasileiras que sofrem com a ocorrência frequente de incêndios. A ação de incendiários tem sido apontada como a principal causa. Apesar da prevenção e combate a esses incêndios serem realizados há anos no PNSC por meio da construção de aceiros e combate direto ao fogo, os custos são altos, em várias ocasiões os resultados não são plenamente satisfatórios, e o fogo acaba atingindo grandes proporções e ameaçando a biodiversidade. Tendo em vista essa problemática, foi elaborado por analistas ambientais dessa UC, em parceria com pesquisadores vinculados a universidades, um projeto para o desenvolvimento de um Programa de Manejo Integrado do Fogo cujas metas foram: conhecer o histórico de fogo no PNSC; integrar o conhecimento produzido e publicado por pesquisadores que desenvolveram pesquisas no PNSC; acompanhar as queimadas naturais, antrópicas e de manejo; conhecer as respostas da biota local à ocorrência de queimadas; e, por fim, partilhar o conhecimento e envolver a comunidade na discussão de ações de manejo. No presente artigo, apresentamos o relato das estratégias traçadas e dos procedimentos seguidos para o alcance de algumas das metas de construção do plano, além de apontar alguns resultados obtidos, tais como: a produção de um banco de dados elaborado a partir de revisão bibliográfica sobre os efeitos do fogo na fauna e flora de ecossistemas campestres e savânicos do Brasil, geração de mapas e um banco de imagens das queimadas acompanhadas durante o ano de 2014 e anos anteriores, o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e atividades envolvendo a população local.

Biografia do Autor

Matheus Gonçalves Reis, Universidade Federal de São Carlos/UFSCar, Laboratório de Ecologia e Conservação de Aves Neotropicais, São Carlos – SP

Laboratório de Ecologia e Conservação de Aves Neotropicais, Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva, UFSCar, São Carlos.

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Publicado

12/01/2017

Edição

Seção

Manejo do Fogo em Áreas Protegidas