Dinâmica espacial e temporal do uso do fogo na Mata Atlântica de Sergipe
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.1128Keywords:
Assentamento rural, focos de calor, cana-de-açúcarAbstract
O monitoramento de focos de calor se constitui em importante ferramenta de gestão e avaliação ambiental, permitindo compreender a dinâmica e as tendências do uso do fogo. No Brasil, o INPE realiza a detecção de focos de calor por imagens geradas por sensores óticos, capazes de captar a radiação eletromagnética na faixa termal-média de 4μm. O objetivo deste estudo consiste em analisar a distribuição espacial e temporal dos focos de calor detectados nos anos de 2016 e 2017 pelo sensor VIIRS (plataforma NPP-375) na área abrangida pelo bioma Mata Atlântica no estado de Sergipe, com base nos dados vetoriais do Atlas dos Remanescentes Florestais de 2016, produzido pelo SOS Mata Atlântica, bem como em áreas destinadas a Assentamentos Rurais gerenciados pelo Incra. Os vetores dos focos de calor foram obtidos no Banco de Dados de Queimadas do CPTEC/INPE, enquanto que os vetores dos Assentamentos Rurais foram obtidos nos sítios do Incra e do Sistema Nacional da Cadastro Ambiental Rural. A melhor capacidade de refinamento e detecção dos focos de calor motivou a escolha da plataforma NPP-375. A partir da intersecção das camadas vetoriais em ambiente SIG foi identificado a incidência de 2.187 focos de calor na área do estudo, dos quais apenas 260 estão associados a fitofisionomias do bioma Mata Atlântica (Mata 186, Restinga 61 e Mangue 13). Dos 186 focos de calor registrados em área de Mata, 17 incidem sobre a Reserva Legal de Assentamentos Rurais. Os focos de calor foram detectados com maior intensidade no período de estiagem, contudo esta condição não está associada apenas a umidade e a redução pluviométrica, mas também ao ciclo de culturas que se utilizam do fogo como forma de manejo, como é o caso da cana-de-açúcar. Ressalta-se que a ocorrência de 1.873 focos de calor coincidiram com o pico da colheita da cana-de-açúcar em Sergipe, que ocorre entre os meses de novembro a março. O estado de Sergipe carece de ações governamentais que promovam técnicas alternativas ao uso do fogo na colheita da cana-de-açúcar, bem como de ações preventivas e de combate a incêndios florestais em Assentamentos Rurais.
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