Desenhando paisagens, refazendo saberes:

práticas, mitos e manejo do fogo no TIX (Território Indígena do Xingu)

Autores/as

  • Adryan Araujo Nascimento Instituto Socioambiental (ISA), Canarana - MT, Brasil
  • Katia Y. Ono Instituto Socioambiental (ISA), Canarana - MT, Brasil
  • Amanda Horta Docente UNEMAT

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.1340

Palabras clave:

Política sobre fogo, manejo indígena do fogo, Território Indígena do Xingu (TIX)

Resumen

Território Indígena do Xingu (TIX) é o nome adotado, nos últimos anos, por 16 povos indígenas xinguanos - Aweti, Ikpeng, Kalapalo, Kamaiurá, Kawaiweté, Kisêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvôtu, Tapayuna, Trumai, Waurá, Yawalapiti, Yudja - para designar a área de 2,8 milhões de hectares em que habitam, parte importante do corredor de Áreas Protegidas distribuídas ao longo da bacia do Rio Xingu. O TIX é marcado por imensa diversidade Socioambiental, mas vêm sofrendo com alterações no clima e impactos do modelo de ocupação da região que cerca seu território com extensas monoculturas. Nas ultimas décadas incêndios florestais tornaram-se cada vez mais frequentes e recorrentes no território e os indígenas têm observado mudanças na umidade da floresta e nos sinais que orientam suas práticas de manejo. Usado como ferramenta o fogo sempre foi fator gerador de diversidade, mas agora se mostra perigoso- "o fogo ficou bravo, grande, forte e corredor", impactando recursos ambientais de grande importância para vida desses povos. Esse trabalho tem como objetivo descrever como os povos do TIX vêm buscando recuperar o equilíbrio no uso do fogo, em um diálogo entre os saberes tradicionais e novas técnicas de uso do fogo, a partir de uma releitura dos sinais do ambiente e de suas práticas de manejo. Neste contexto, o ISA (Instituto Socioambiental) tem executado projetos que buscam fomentar e apoiar experiências de adaptação e construção de técnicas e estratégias de prevenção aos incêndios, construção de acordos comunitários de manejo e bom uso do fogo, a partir das formas locais de organização social. Argumentamos que a diversidade nas formas de convivência com o ambiente (manejar e ocupar as paisagens) é o único caminho para o (re)equilíbrio no manejo do fogo dentro do território, com protagonismo dos Xinguanos. O diálogo entre as tecnologias tradicionais, mitos e as novas práticas que vêm sendo experimentadas conecta a complexidade do Manejo Indígena às políticas preventivas de incêndios florestais. Neste sentido, a diversidade de paisagens e formas de manejo dos ambientes no TIX pode contribuir para o processo de reviver o fogo bom, que acende a diversidade e a vida dos territórios, florestas e seus povos.

Publicado

2019-05-15