Histórico dos incêndios na vegetação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, entre 1973 e abril de 2010, com base em imagens Landsat

Autores/as

  • Felipe Weber Mesquita Grupo Ambientalista de Palmeiras, Rua Quinze de Janeiro, sem número, Centro, Palmeiras, Bahia
  • Norton Rodrigo Gomes Lima Universidade Estadual do Sudoeste Baiano, Estrada do Bem Querer, Km 4, Caixa postal 95, Vitória da Conquista, Bahia
  • Cezar Neubert Gonçalves Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rua Barão do Rio Branco, 80, Centro, Palmeiras, Bahia
  • Christian Niel Berlinck Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rua Barão do Rio Branco, 80, Centro, Palmeiras, Bahia
  • Bruno Soares Lintomen Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rua Barão do Rio Branco, 80, Centro, Palmeiras, Bahia

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v1i2.141

Palabras clave:

Cadeia do Espinhaço, geoprocessamento, incêndios florestais, áreas protegidas

Resumen

Os incêndios são uma séria ameaça à conservação da biodiversidade e à integridade das Unidades de Conservação (UC). No entanto, a ocorrência de fogo faz parte da dinâmica natural de diversos ecossistemas. Entre as UC federais brasileiras, o Parque Nacional da Chapada Diamantina foi a que registrou o maior número de focos de incêndio entre os anos de 2003 e 2006. Para avaliar o histórico dos incêndios no Parque (1520km²) e em sua área circundante (AC: faixa de 10km ao redor do Parque), imagens de satélites LandSat foram obtidas na internet, georrefenciadas e analisadas para identificação das áreas queimadas, como "cicatrizes" escuras nas imagens de satélite. Estas cicatrizes foram delimitadas e suas áreas calculadas com programas de geoprocessamento. Os dados foram organizados anualmente. No período entre 1973 e 1983, utilizando imagens LandSat 1, 2 e 3, com resolução espacial de 80m, foram identificados (média ± DP) 21,00 ± 20,24 polígonos de incêndios anuais, que afetaram áreas com 589,58 ± 680,79 ha em média, no Parque, e 82,70 ± 89,70 polígonos e 2.244,86 ± 1.272,70 ha na AC. Entre 1984 e abril de 2010, utilizando imagens LandSat 5 com resolução espacial de 30m, a área queimada apurada foi de 6.413,62 ± 4.025,38 ha no PNCD (188,88 ± 194,54 polígonos) e 6.125,49 ± 4.496,98 ha (441,40 ± 430,46) na AC. Há uma grande variabilidade na extensão anual dos incêndios no Parque. Os anos em que se registraram as maiores extensões queimadas foram 1993 e 2008. Ao todo, 61% da área do Parque foi atingida pelo fogo no período avaliado no presente estudo. As áreas não atingidas se concentram em regiões mais úmidas e com formações florestais. A área circundante teve 37,6% de sua extensão atingida por incêndios. Os dados levantados sugerem que fatores climáticos, como a ocorrência do fenômeno El Niño, favorecem a ocorrência de incêndios, embora no período entre 2003 e 2008 não se tenha observado este padrão. É possível que a retirada de 18.000 cabeças de gado bovino do Parque em 2002 e que o relativo controle dos incêndios nos anos subseqüentes tenham favorecido o acúmulo de biomassa, tornando muito difícil o controle dos incêndios em 2008, quando 41% do Parque foram afetados pelo fogo. 

Biografía del autor/a

Felipe Weber Mesquita, Grupo Ambientalista de Palmeiras, Rua Quinze de Janeiro, sem número, Centro, Palmeiras, Bahia

Grupo Ambientalista de Palmeiras, Palmeiras, Bahia

Norton Rodrigo Gomes Lima , Universidade Estadual do Sudoeste Baiano, Estrada do Bem Querer, Km 4, Caixa postal 95, Vitória da Conquista, Bahia

Universidade Estadual do Sudoeste Baiano

Cezar Neubert Gonçalves, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rua Barão do Rio Branco, 80, Centro, Palmeiras, Bahia

Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Christian Niel Berlinck, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rua Barão do Rio Branco, 80, Centro, Palmeiras, Bahia

Coordenação de Emergências Ambientais, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Bruno Soares Lintomen, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rua Barão do Rio Branco, 80, Centro, Palmeiras, Bahia

Parque Nacional da Chapada Diamantina, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Citas

Berlinck, C.N.; Lima, L. H. A. & Gonçalves, C.N. 2010. O Parque Nacional da Chapada Diamantina e a emissão de gases de efeito estufa. Ciência Hoje, 46 (276): 28-33.

Bradstock, R.A. & Kenny, B.J. 2003. An application of plant functional types to fire management in a conservation reserve in southeastern Australia. Journal of Vegetation Science, 14: 345-354.

Coutinho, L.M. 1980. As queimadas e seu papel ecológico. Brasil Florestal, 44: 7-23. CPRM. 1994. Projeto Chapada Diamantina. Parque Nacional da Chapada Diamantina - BA. Informações básica para gestão territorial: diagnóstico do meio físico e da vegetação. Salvador: CPRM - IBAMA. 104 p.

Fiedler, N.C.; Azevedo, I.N.C.; Rezende, A.V.; Medeiros, M.B. & Venturoili, F. 2004. Efeito de incêndios florestais na estrutura e composição florística de uma área de cerrado sensu stricto na Fazenda Água Limpa DF. Revista Árvore, 29: 129-138.

ecosystems. Trends in Ecology and Evolution, 20 (7): 389-393. França, H.; Ramos Neto, M.B. & Setzer, A. 2007. O fogo no Parque Nacional das Emas. Série Biodiversidade, 27. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 140 p.

, Brasil. Gonçalves, C.N. 2003. Dezoito mil cabeças de gado que ameaçavam o Parque Nacional da Chapada Diamantina - análise do problema e perspectivas oriundas da retirada dos animais. Informativo PNCD, 2 (3): 10-11. IBAMA. 2008. Parque Nacional da Chapada Diamantina - BA. Relatório de combate ampliado.

IBAMA - PREVFOGO: Brasília. 11 fl. INPE 2010. Catálogo de imagens. (Acesso em 10/02/2010) Instituto Nacional de Meteorologia. 2008. Boletim agroclimatológico mensal. Outubro 2008.

INMET - SEAGRE: Brasília. 41 p.

Medeiros, M.B. & Fiedler, N.C. 2003. Incêndios florestais no Parque Nacional da Serra da Canastra: desafios para a conservação da biodiversidade. Ciência Florestal (Santa Maria), 14 (2): 157-168.

Pausas, J. G.; Bradstock, R. A.; Keith, D.A.; Keeley, J.E. & The GCTE (Global Change Of Terrestrial Ecosystems) Fire Network. 2004. Plant functional traits in relation to fire in crown-fire ecosystems. Ecology, 85(4): 1085-1100.

Ribeiro, K. T. ; Madeira, J. A. ; Collet, H. D. ; Nascimento, J. S. & Braga, J. C. 2006. Conquistas e desafios na prevenção e combate a incêndios em vegetações abertas no interior e entorno do Parque Nacional da Serra do Cipó, sudeste do Brasil. In: 2o Congreso para la prevención y combate de incendios forestales y de pastizales en el Mercosur, Anais do ... Malargüe.

Vélez, R. (coord.). 2000. La defensa contra incêndios forestales: fundamentos y experiencias, Editora McGraw Hill, Madrid, Espanha.

Publicado

2011-12-12

Artículos más leídos del mismo autor/a