Conflitos do uso do fogo em Parques

o manejo integrado do fogo como instrumento de mediação

Autores

  • Wanderley Jorge da Silveira Junior Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil
  • Carolina Costa Rodrigues Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil
  • Cléber Rodrigo de Souza Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil
  • Aloysio Souza de Moura Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil
  • Mariana Caroline Moreira Morelli Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil
  • Marco Aurélio Leite Fontes Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.930

Resumo

O uso do fogo no manejo de ecossistemas naturais é um dos principais motivos de conflitos entre a gestão de áreas protegidas e comunidades locais. Esses conflitos influenciam na incidência de incêndios acidentais pelas queimadas não autorizadas e mal planejadas, e dos incêndios criminosos como represálias à conservação, afetando de forma significativa a biodiversidade. O estado de Minas Gerais possui uma vegetação heterogênea, com paisagens inseridas nos Domínios Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, sendo o primeiro predominante, no qual o fogo é elemento natural. Neste contexto, este estudo objetivou identificar os Parques Estaduais de Minas Gerais que possuem o uso do fogo como conflito, bem como suas causas, com intuito de discutir como Manejo Integrado do Fogo pode contribuir para amenizá-los. Para tanto, utilizou-se de questionários estruturados enviados aos gerentes das unidades, que foram analisados quantitativamente por meio de uma matriz de conflitos construídas a partir dos valores obtidos na coleta de dados, os quais permitiram verificar a frequência e o grau de importância do conflito. Os resultados apontaram que todas as unidades respondentes (14) possuem conflitos com o fogo, todavia, 71% (10) o consideram forte ou muito forte, em 21% (3) é muito fraco e apenas uma unidade considerou de média importância. Os conflitos estão relacionados às seguintes causas, hierarquicamente: agropecuária, regularização fundiária, expansão urbana e especulação imobiliária, legislação restritiva e turismo, garimpo e mineração. A partir dos resultados obtidos, entende-se que estabelecer o Manejo Integrado do Fogo pode contribuir para amenizar esses conflitos e favorecer a sociobiodiversidade, sobretudo nos parques onde as atividades agropecuárias se destacam. Essa estratégia se caracteriza como um processo participativo e de governança intercultural que agrega diferentes setores da sociedade, privilegiando a mediação e melhores instrumentos de gestão em acordo com as comunidades locais e o órgão ambiental. Diferencia-se das políticas públicas de controle do fogo que priorizam sua restrição e supressão, e não priorizam as práticas e os conhecimentos ecológicos tradicionais.

Biografia do Autor

Wanderley Jorge da Silveira Junior, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

Doutorando em Engenharia Florestal na área de concentração Ecologia Florestal.

Carolina Costa Rodrigues, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

Doutoranda em Engenharia Florestal na área de concentração Ecologia Florestal.

Cléber Rodrigo de Souza, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

Doutorando em Engenharia Florestal na área de concentração Ecologia Florestal.

Aloysio Souza de Moura, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

Doutorando em Engenharia Florestal na área de concentração Ecologia Florestal.

Mariana Caroline Moreira Morelli, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

Doutoranda em Engenharia Florestal na área de concentração Ecologia Florestal.

Marco Aurélio Leite Fontes, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Brasil

Professor do Departamento de Ciências Florestais, na área de concentração Ecologia Florestal.

Referências

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Publicado

2019-05-15

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