Manejo Integrado do Fogo: Tendências e Resultados Preliminares em Unidades de Conservação Federais

Autores

  • Camila Souza Silva Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, Brasil
  • Sarah Clariene Correia Fontoura Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, Brasil
  • Marcello Borges de Oliveira e Silva Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, Brasil
  • Christian Niel Berlinck Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.1185

Resumo

O manejo do fogo passou por um processo de amadurecimento. Inicialmente, a exclusão do fogo era a estratégia de preservação ambiental que resultou em acumulo de combustível e incêndios severos. Como alternativa, buscou-se não mais excluir o fogo da conservação, mas integrá-lo com as necessidades ecológicas e socioeconômicas, o Manejo Integrado do Fogo (MIF). No Brasil, esta abordagem é implementada desde 2012 com mudanças favoráveis quanto à aceitação governamental e comunitária. Este texto relata os resultados do MIF nas Unidade de Conservação Federais (UCs). Em 2014, apenas a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional da Chapada das Mesas trabalhavam na perspectiva do MIF. Em 2017, 53 UCs formalizaram o planejamento de suas ações por meio da elaboração de Planos de Manejo do Fogo (PMIF). Hoje, quase 200 UCs elaboraram PMIFs, das quais, 44% possuem brigada contratada. A contratação de pessoal especializada foi favorecida pela Lei nº 13.668/2018 que amplia o prazo dos contratos de 6 meses para 3 anos. Esta contratação de cerca de 1.200 brigadistas, prioritariamente integrada pela população local, valoriza o conhecimento tradicional e regional e contribui a geração de renda vinculada a conservação. Com a crescente consolidação do MIF, há constante geração e troca de conhecimentos e experiências entre manejadores e instituições, impulsionando o desenvolvimento técnico como os mapas de acúmulo de combustível. A difusão do conhecimento ocorre através de intercâmbios e ciclos de capacitação de servidores, brigadistas e voluntários/comunitários, formando cerca de 2.500 pessoas/ano. Isto gerou diferentes estratégias para a redução de incêndios, como no Parque Nacional da Serra da Canastra que passou a autorizar queimas controladas para proprietários, diminuindo as tensões entre gestores e comunidade; e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, com queimas prescritas (QPs). Estas ações contribuíram para redução de 51% e 90%, respectivamente, da área incendiada (2010/2018), proteção de vegetação sensível, nascentes/veredas, espécies ameaçadas e redução da emissão de GEE. Outras 25 UCs realizaram QPs em 2018 e 40 pretendem executá-las em 2019. O MIF está cada vez mais consolidado, mas ainda é necessário continuar aprender com os resultados para adequar a melhor estratégia para cada área.

Biografia do Autor

Camila Souza Silva, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, Brasil

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade de Brasília (2017). Foi bolsista da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), participando projeto FIP - Improvement of the information systems on forest fire risk, em parceria com Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios (COIN/ICMBio).  Atualmente auxiliar administrativa na Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios. Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Ecologia e Comportamento do Fogo.

Sarah Clariene Correia Fontoura, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, Brasil

Bacharel em Engenharia Florestal pela Universidade de Brasília (1/2016), com período sanduíche nos Estados Unidos, onde cursei 2 semestres (2/2014 e 1/2015) em Ciências Florestais "Forestry" na "Northern Arizona University". No segundo semestre de 2016, atuei voluntariamente em apoio à Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios (COIN) da Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (DIMAN) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Atualmente, trabalho como Auxiliar Administrativo na mesma coordenação, desempenhando atividades de monitoramento do fogo em Unidades de Conservação Federais, confecção de mapas, bem como atividades administrativas, apoio logístico a cursos promovidos pela COIN, sistematização da informação e geração de gráficos e tabelas.

Referências

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Publicado

15/11/2019