Resgatando Conhecimentos Indígenas na Prática do Manejo Integrado do Fogo, TIs Xerente e Funil, Tocantínia, Tocantins, Brasil

Autores

  • Rejane Carneiro Salvador de Oliveira Instituto Pedagógico de Desenvolvimento Agro-social e Comunitário (INPAC), Itaetê, Bahia, Brasil
  • Pedro Paulo Gomes da Silva Xerente Associação dos Brigadistas Xerente, Tocantínia, Tocantins, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.1320

Resumo

As Comunidades Indígenas Xerente, residentes nas Terras Indígenas (TIs) Xerente e Funil, localizadas no bioma Cerrado, município de Tocantínia, Tocantins, Brasil, contribuem com o Programa Brigadas Federais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e executado pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PREVFOGO), que tem como um dos principais objetivos implementar o Manejo Integrado do Fogo em Terras Indígenas, tanto na prevenção, quanto no combate aos incêndios florestais. O Programa iniciou-se em 2013 e o povo Xerente com seus conhecimentos e experiências teve grande influência na mudança de estratégias de prevenção aos incêndios florestais, visto que, estes eram severos e castigavam sua fauna e flora. Os Indígenas colaboraram com a Brigada Federal Indígena Xerente, a qual atua nas duas TIs supracitadas. No início da execução do Programa, houve discordância dos conhecimentos tradicionais, pois durante o curso de Formação de Brigada, promovido pelo PREVFOGO/IBAMA, os Brigadistas eram instruídos a não deixar queimar, ou seja, todo fogo detectado deveria ser extinto. Desta forma, provocando choque entre a cultura indígena e a estratégia adotada pela Brigada, pois os Anciões (indígenas mais velhos) não aceitaram essa estratégia e passaram a orientar os Brigadistas sobre a importância do uso do fogo na época pós-chuva, quando a vegetação ainda está úmida, impedindo que o fogo manejado se tornasse incêndio florestal, todavia sabiam onde seria extinto naturalmente. Assim, foram realizadas reuniões entre servidores do PREVFOGO/IBAMA e Anciões, onde estes descreviam a forma que seus ancestrais utilizavam o fogo, sendo valorizada pelos servidores essa sabedoria popular e criando ali um marco histórico de confiança, participação, troca de conhecimentos e zelo pelo uso do fogo. As estratégias para evitar grandes incêndios passaram a ser feitas em conjunto. Com isso, houve resgate do uso do fogo pelo Povo Xerente, através de queimas prescritas seguindo as recomendações dos Anciões, baseadas nas temáticas: fogo de limpeza de roça, para caça, limpeza ao redor das Aldeias, garantia da frutificação e rota de fuga para animais. Neste sentido, a cada ano está havendo redução dos grandes incêndios nas TIs Xerente e Funil.

Biografia do Autor

Rejane Carneiro Salvador de Oliveira, Instituto Pedagógico de Desenvolvimento Agro-social e Comunitário (INPAC), Itaetê, Bahia, Brasil

NATURAL DA CHAPADA DIAMANTINA, NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL. GRADUADA EM PEDAGOGIA E ESPECIALIZADA EM PSICOPEDAGOGIA. ATUANTE NAS ÁREAS SOCIOAMBIENTAIS COM PÚBLICOS ORIUNDOS DA ZONA RURAL. DESENVOLVE ATIVIDADES COM ÊNFASE NAS TEMÁTICAS: INCÊNDIO FLORESTAL, EDUCAÇÃO AMBIENTAL, PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, MODO DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL, ORGANIZAÇÃO SOCIAL, CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA, TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA, ENTRE OUTRAS.

Pedro Paulo Gomes da Silva Xerente, Associação dos Brigadistas Xerente, Tocantínia, Tocantins, Brasil

INDÍGENA DA ETNIA XERENTE, NATURAL DE TOCANTÍNIA, ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL. GRADUADO EM ADMINISTRAÇÃO. ATUANTE NAS ÁREAS SOCIOCULTURAL E AMBIENTAL COM PÚBLICO INDÍGENA. DESENVOLVE ATIVIDADES DE PREVENÇÃO E COMBATE DE INCÊNDIO FLORESTAL, UTILIZANDO CONHECIMENTOS TÉCNICOS E TRADICIONAIS DA CULTURA INDÍGENA, PRINCIPALMENTE QUANTO AO MANEJO INTEGRADO DO FOGO.

Referências

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Publicado

15/11/2019

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