Custo-eficiência de programas de monitoramento participativo da biodiversidade: o caso do PROBUC (Programa de monitoramento da biodiversidade e do uso de recursos naturais em unidades de conservação estaduais do Amazonas)

Autores

  • Maria Gabriela Albuja Bucheli Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas/IDESAM, Programa de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais, Manaus- AM, Brasil
  • Carlos Eduardo Marinelli Universidade de Brasília/UnB, PPG em Ecologia, Mestrado Profissionalizante em Gestão de Áreas Protegidas – INPA, Grupo Natureza, Sociedade e Conservação/NSC, Brasília-DF, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v4i1.332

Palavras-chave:

estratégia participativa, gestão de áreas protegidas, sistemas de monitoramento, sustentabilidade financeira

Resumo

Sistemas de monitoramento da biodiversidade, especialmente em unidades de conservação, auxiliam o processo de tomada de decisão a favor da conservação. Em países em desenvolvimento, onde recursos financeiros para programas de monitoramento são escassos, vêm surgindo sistemas de monitoramento baseados em estratégias participativas. Porém, há pouca informação disponível sobre a execução financeira e estrutura de custos de programas participativos de monitoramento da biodiversidade, dificultando a elaboração de estratégias voltadas para a melhora do desempenho desses sistemas. Nesse sentido, foi realizada uma análise financeira do ProBUC, programa que monitora unidades de conservação do Amazonas, de forma a contribuir para a redução desta lacuna. Constatou-se que as despesas administrativas representam 49% dos seus custos históricos. A implementação é a etapa mais cara do programa, especialmente devido à fase de manutenção do monitoramento, que concentra 33% dos custos de um macroprocesso. Já a fase de análise de resultados representa somente 4% dos custos do macroprocesso do programa. Comparando o desempenho das UCs, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uatumã é a unidade mais custoeficiente enquanto o Parque Rio Negro-Setor Norte (PAREST RNSN) é a unidade mais ineficiente, devido ao baixo número de monitores. Os componentes mais ineficientes e ainda em execução são o trânsito de embarcações e jacarés. Após estas constatações, se recomenda que o programa descentralize suas atividades de monitoramento para reduzir custos administrativos e de implementação e que se invista mais tempo e recursos na gestão de dados pós-coleta, nas atividades de sensibilização e envolvimento comunitário no PAREST RNSN e nas capacitações de monitores de trânsito de embarcações e jacarés.

Biografia do Autor

Maria Gabriela Albuja Bucheli, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas/IDESAM, Programa de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais, Manaus- AM, Brasil

Programa de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais

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Publicado

13/05/2014

Edição

Seção

Pesquisa e manejo de Unidades de Conservação