Espécies exóticas invasoras em unidades de conservação federais do Brasil

Autores

  • Alexandre Bonesso Sampaio Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Caatinga (CECAT)/ICMBio
  • Isabel Belloni Schmidt Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília.

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v3i2.351

Palavras-chave:

invasão biológica, áreas protegidas, conservação da biodiversidade

Resumo

Invasões biológicas estão entre as principais causas de perda de biodiversidade. Mesmo áreas protegidas têm sofrido sérias consequências das invasões biológicas, como a alteração da composição de espécies e dos processos ecossistêmicos, e em casos extremos a extinção local de espécies. A ocorrência de espécies exóticas invasoras (EEI) em Unidades de Conservação ainda é pouco estudada, mas dados secundários permitem uma primeira aproximação do problema de modo a orientar ações emergenciais de prevenção e controle. Para tal, foi feito um levantamento das EEI registradas nas 313 unidades de conservação (UC) federais do Brasil. Este levantamento foi baseado em duas fontes principais de dados: os Planos de Manejo para 41 UCs federais e o conjunto de dados do RAPPAM (Avaliação Rápida e Priorização do Manejo de Unidades de Conservação – “Rapid Assessment and Prioritization of Protected Areas Management”) para 181 UCs federais. Para complementar esses dados, foram levantadas informações na literatura e foi feita uma consulta aos gestores de 15 UCs federais. No total, foram listadas 144 espécies, sendo: 106 de plantas vasculares, 11 de peixes, 11 de mamíferos, 5 de moluscos, 3 de répteis, 3 de insetos, 2 de cnidários, 1 de anfíbio, 1 de crustáceo, 1 de isópoda. As espécies citadas para um maior número de UCs foram: Canis familiaris – cão doméstico (53 UCs); Felis catus – gato (34 UCs); Apis mellifera - abelha africana (33 UCs); Mangifera indica – mangueira (31 UCs); Urochloa maxima - capim colonião (28 UCs); Melinis minutiflora – capim-gordura (26 UCs). A lista compilada fornece um primeiro retrato das invasões biológicas nas UC federais e alerta para a necessidade do estabelecimento de ações de monitoramento e de manejo para o controle das EEI.

Referências

Baillie J.E.M; Hilton-Taylor C. & Stuart S.N. 2004. 2004 IUCN red list of threatened species. A global assessment. IUCN, 191p.

Brown, J.H. & Lomolino, M.V. 1998. Biogeography. Sinauer Associates, Inc. Publishers. 691p.

Carlton, J.T. & Ruiz, G.M. 2005. Vector science and integrated vector management in bioinvasion ecology: conceptual frameworks, pp 36–58. In: Mooney, H.A.; Mack, R.N.; McNeely, J.A.; Neville, L.E.; Schei, P.J. & Waage, J.K. (orgs.). Invasive alien species: a new synthesis. Island Press, Washington DC.

Coblentz, B.E. 1978. The effects of feral goats (Capra hircus) on island ecosystems. Biological Conservation, 13(4):279-286.

Colautti, R.I.; Grigorovich, I.A. & MacIsaac, H.J. 2006. Propagule pressure: a null model for biological invasions. Biological Invasions, 8(5): 1023-1037.

D’Antonio, C.M. & Vitousek, P.M. 1992. Biological invasions by exotic grasses, the grass-fire cycle, and global change. Annual Review of Ecology and Systematics, 23: 63–87.

Daehler, C.C. 2009. Short lag times for invasive tropical plants: evidence from experimental plantings in Hawai’i. PLoS One 4(2): e4462. Davies, M.A. 2009. Invasion Biology. Oxford University Press. 244p.

Delariva, R.L. & Agostinho, A.A. 2008. Introdução de espécies: uma síntese comentada. Acta Scientiarum. Biological Sciences, 21:255-262.

Funk, J.L. & Vitousek, P.M. 2007. Resource use efficiency and plant invasion in low-resource systems. Nature, 446: 1079–1081.

GISP. 2007. Invasive alien species and protected areas A scoping report, part I. The global invasive species programme. 93p. (Acesso em 05/06/2013).

Hellmann, J.J. et al. 2008. Five potential consequences of climate change for invasive species. Conservation Biology, 22(3) : 534-543.

IBAMA. 2002. Roteiro metodológico de planejamento: Parque Nacional, Reserva Biológica e Estação Ecológica. IBAMA. 136p.

Jones, H.P.; Tershy, B.R.; Zavaleta, E.S.; Croll, D.A.; Keitt, B.S.; Finkelstein, M.E. & Howald, G.R. 2008. Severity of the effects of invasive rats on seabirds: a global review. Conservation Biology, 22(1):16-26.

Keane, R.M. & Crawley, M.J. 2002. Exotic plant invasions and the enemy release hypothesis. Trends in Ecology and Evolution, 17: 164–170.

Lacerda, A.C.R. 2002. Análise de ocorrência de Canis familiaris no Parque Nacional de Brasília: influência da matriz, monitoramento e controle. Dissertação (Mestrado em Ecologia). Universidade de Brasília.

Leão, T.C.C.; Almeida, W.R.de; Dechoum, M.deS. & Ziller, S.R. 2011. Espécies exóticas invasoras no nordeste do Brasil: contextualização, manejo e políticas públicas. CEPAN e Instituto Hórus. 99p.

Lockwood, J.L.; Hoopes, M.F. & Marchetti, M.P. 2007. Invasion Ecology, Blackwell Publishing.

Lowe, S.; Browne, M.; Boudjelas, S. & De Poorter, M. 2004. 100 of the world’s worst invasive alien species: a selection from the global invasive species database. Invasive Species Specialist Group (ISSG) a specialist group of the Species Survival Commission (SSC) of the World Conservation Union (IUCN). 12p.

Mandle, L.; Bufford, J.; Schmidt, I. & Daehler, C. 2011. Woody exotic plant invasions and fire: reciprocal impacts and consequences for native ecosystems. Biological Invasions, 13(8): 1815-1827.

Marchetti, M.P.; Moyle, P.B.; & Levine, R. 2004. Invasive species profiling: exploring the characteristics of exotic fishes across invasion stages in California. Freshwater Biology, 49:646-661.

Martins, C.R. 2006. Caracterização e manejo da gramínea Melinis minutiflora P. Beauv. (capimgordura): uma espécie invasora do cerrado. Tese (Doutorado em Ecologia). Universidade de Brasília. 145p.

Mason, T.J. & French, K. 2008. Impacts of a woody invader vary in different vegetation communities. Diversity and Distribuitions, 14: 829-838.

Mckinney, M.L. 2002. Influence of settlement time, human population, park shape and age, visitation and roads on the number of alien plant species in protected areas in the USA. Diversity and Distributions, 8: 311–318.

MMA. 2005. Informe nacional sobre espécies invasoras. MMA.

Nogales, M.; Martín, A.; Tershy, B.R.; Donlan, C.; Veitch, D.; Puerta, N.; Wood, B. & Alonso, J. 2004. A review of feral cat eradication on islands. Conservation Biology, 18(2):310-319.

Olyarnik, S.V.; Bracken, M.E.S.; Byrnes, J.E.; Hughes, A.R.; Hultgren, K.M. & Stachowicz, J.J. 2008. Ecological factors affecting community invasibility. In: Rilov, G. & Crooks, J.A. (orgs.). Biological invasions of marine ecosystems: ecological, management, and geographic perspectives. Springer, Heidelberg, Germany. 160p.

Pimentel, D.; Zuniga, R. & Morrison, D. (2005). Update on the environmental and economic costs associated with alien-invasive species in the United States. Ecological Economics, 52, 273-288.

Pivello, V.R. 2011. Invasões biológicas nos cerrados brasileiros: efeitos da introdução de espécies exóticas sobre a biodiversidade. Ecologia, INFO 33. (Acesso em 03/06/2013)

Reaser, J.K.; Meyerson, L.A.; Cronk, Q.; De Poorter, M.; Eldrege, L.G.; Green, E.; Kairo, M., Latasi, P.; Mack, R.N.; Mauremootoo, J.; O’Dowd, D.; Orapa, W.; Sastroutomo, S.; Saunders, A.; Shine, C.; Thrainsson, S. & Vaiutu, L. (2007). Ecological and socioeconomic impacts of invasive alien species in island ecosystems. Environmental Conservation, 34(2): 98-111.

Rejmánek, M.; Richardson, D.M. & Pyšek, P. 2005. Plant invasions and invasibility of plant communities, pp. 332–355. In: Van der Maarel, E. (org.) Vegetation ecology, Blackwell, 395p.

Sampaio, A.B.; Horowitz, C.; Fraga, L.P.; Maximiano, M.R.; Vieira, D.L.M. & Silva, I.S. 2013. African Invasive Grasses Expansion in Brasilia National Park – a 10 years interval. pp. 113. In: Program: 12th Reunion on Ecology And Management of Alien Plant Invasions, EMAPi, 22-26 September, 2013, Pirenópolis, Goiás, Brazil.

Simberloff, D. 2000. Introduced species: the threat to biodiversity & what can be done. Actionbioscience. (Acesso em 04/06/2013).

UNEP 2005. Implications of the findings of the Millennium Ecosystem Assessment for the future work of the Convention – Addendum - Summary for decision makers of the biodiversity synthesis report. UNEP.

Valéry, L.; Fritz, H.; Lefeuvre, J.C. & Simberloff, D. 2008. In search of a real definition of the biological invasion phenomenon itself. Biological Invasions, 10: 1345-1351.

Zenni, R.D. & Ziller, S.R. 2011. An overview of invasive plants in Brazil. Revista brasileira de Botânica, 34(3).

Downloads

Publicado

08/03/2014

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)