Manejo tradicional como modelo de restauração ecológica para conservação de campos nativos frente à proliferação de lenhosas no Pantanal

Autores

  • Fernando Henrique Barbosa da Silva Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGBOT/UFRGS); ² Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INCT/INAU)

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i2.776

Palavras-chave:

Invasão, manejo, pastagens naturais, pecuária, sustentabilidade

Resumo

O Pantanal é um ecossistema que provê importantes serviços ecossistêmicos principalmente relacionados à hidrologia e biodiversidade. Ao considerar o período de ocupação europeia no território sul-americano, observamos poucas alterações na paisagem do Pantanal se comparado à ecossistemas vizinhos como Cerrado e Amazônia. As inundações periódicas constituem imposições naturais ao uso intensivo da terra e uma das atividades compatíveis tem sido a pecuária sustentável de baixa densidade, combinada à limpeza de campo, que consiste na remoção de plantas indesejadas das comunidades herbáceas. Porém, nas últimas décadas foi identificado globalmente que comunidades herbáceas encaram a proliferação de plantas lenhosas. Admitindo que se desconhece muito sobre as ameaças às plantas herbáceas do Pantanal, interpretamos resultados de estudos sobre a proliferação de plantas lenhosas e comunidades herbáceas para embasar nossa sugestão da normatização da atividade tradicional de limpeza de campo baseada em princípios de Restauração ecológica como oportunidade compatível com o uso e conservação da biodiversidade e serviços ecossistêmicos relevantes para o bem-estar social e ecológico.

Referências

Allem A.C. & Valls, J.F.M. 1987. Recursos forrageiros nativos do Pantanal. Embrapa. 339p.

Aquino, S.; Stevaux, J.C. & Latrubesse, E.M. 2005. Regime hidrológico e aspectos do comportamento morfo-hidráulico do rio Araguaia. Revista Brasileira de Geomorfologia, 6: 29-41.

Archer, S.R.; Davies, K.W.; Fulbright, T.E.; McDaniel, K.C.; Wilcox, B.P. & Predick,K.I. 2011. Brush management as a rangeland conservation strategy: a critical evaluation, p. 105-170. In: Briske, D.D. (orgs.) Conservation benefits of rangeland practices: assessment, recommendations, and knowledge gaps, USDA, Natural Resources Conservation Service. 429p.

Assine, M.L. 2015. Brazilian Pantanal: A Large Pristine Tropical Wetland, p. 135-146. In: Vieira B.C.; Salgado A.A.R. & Santos L.J.C. (orgs.) Landscapes and landforms of Brazil. Springer Netherlands. 403p.

Barbosa da Silva, F.H.; Arieira, J.; Parolin, P.; Nunes da Cunha, C. & Junk, W.J. 2016. Shrub encroachment influences herbaceous communities in flooded grasslands of a neotropical savanna wetland. Applied Vegetation Science, 19: 391-400.

Dorado-Rodrigues, T.F.; Layme, V.M.G.; Silva, F.H.B.; Nunes da Cunha, C. & Strussmann, C. 2015. Effects of shrub encroachment on the anuran community in periodically flooded grasslands of the largest Neotropical wetland. Austral Ecology, 40: 547-557.

Eldridge, D.J.; Bowker, M.A.; Maestre, F.T.; Roger, E.; Reynolds, J.F. & Whitford, W.G. 2011. Impacts of shrub encroachment on ecosystem structure and functioning: towards a global synthesis. Ecology Letters, 14: 709-722.

Fensham, R.J.; Fairfax, R.J. & Archer S.R. 2005. Rainfall, land use and woody vegetation cover change in semi-arid Australian savanna. Journal of Ecology, 93: 596-606.

Gibson, D.J. 2009. Grasses & Grassland Ecology. Oxford University Press. 305p.

Heywood, V.H. & Iriondo, J.M. 2003. Plant conservation: Old problems, new perspectives. Biological Conservation, 113: 321-335.

Junk, W.J.; Bayley P.B. & Sparks R.E. 1989. The Food pulse concept in river floodplain systems. Can. Spec. Publ. Fish. Aquat. Sci., 106: 110-127.

Junk, W.J. & Nunes da Cunha, C. 2012. Pasture clearing from invasive woody plants in the Pantanal: a tool for sustainable management or environmental destruction? Wetlands Ecology and Management, 20: 111-122.

Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Lourival, R.; Wittmann, F.; Kandus, P.; Lacerda, L.D.; Bozelli, R.L.; Esteves, F.A.; Nunes da Cunha, C.; Maltchik, L.; Schöngart, J.; Schaeffer-Novelli, Y.; Agostinho, A.A.; Nobrega, R.L.B. & Camargo, E. 2015. Definição e Classificação das Áreas Úmidas (AUs) Brasileiras: Base Científica para uma Nova Política de Proteção e Manejo Sustentável, p. 13-76. In: Nunes da Cunha, C.; Piedade, M.T.F. & Junk, W.J. (orgs.). Classificação e delineamento das áreas úmidas brasileiras e de seus macrohabitats. INCT-INAU – EdUFMT. 165p.

Maestre, F.T.; Eldridge, D.J. & Soliveres, S. 2016. A multifaceted view on the impacts of shrub encroachment. Applied Vegetation Science, 19: 369-370.

McDonald, T.; Gann G.D.; Jonson J. & Dixon K.W. 2016. International standards for the practice of ecological restoration – including principles and key concepts. Society for Ecological Restoration. 48p.

Nunes da Cunha, C. & Junk, W.J. 2004. Year-to-year changes in water level drive the invasion of Vochysia divergens in Pantanal grasslands. Applied Vegetation Science, 7: 103-110.

Nunes da Cunha, C. & Junk, W.J. 2015. A classificação dos macro-habitat do Pantanal Matogrossense, p .77-122. In: Nunes da Cunha, C.; Piedade, M.T.F. & Junk, W.J. (orgs.). Classificação e delineamento das áreas úmidas brasileiras e de seus macrohabitats. INCT-INAU – EdUFMT. 165p.

Nunes, A.P.; Tomas, W.M. & Tizianel, F.A.T. 2005. Aves da fazenda Nhumirim, Pantanal da Nhecolândia, MS. EMBRAPA Pantanal. 34p.

Overbeck, G.E.; Vélez-Martin, E.; Scarano, F.R.; Lewinsohn, T.M.; Fonseca, C.R.; Meyer, S.T.; Muller, S.C.; Ceotto, P.; Dadalt, L.; Durigan, G.; Ganade, G.; Gossner, M.M.; Guadagnin, D.L.; Lorenzen, K.; Jacobi, C.M.; Weisser, W.W. & Pillar, V. 2015. Conservation in Brazil needs to include non-forest ecosystems. Diversity and Distributions, 21: 1455-1460.

Pott, A. & Pott, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. Embrapa. 320p.

Pott, V.J. & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas do Pantanal. Embrapa. 404p.

Santos, S.A.; Nunes da Cunha, C.; Tomas, W.M.; Abreu, U.G.P. & Arieira, J. 2006. Plantas invasoras no Pantanal: como entender o problema e soluções de manejo por meio de diagnóstico participativo. EMBRAPA Pantanal. 45p.

Schöngart, J.; Arieira, J.; Felfili Fortes, C.; Arruda, E.C. & Nunes da Cunha, C. 2011. Age-related and standwise estimates of carbon stocks and sequestration in the aboveground coarse wood biomass of wetland forests in the northern Pantanal, Brazil. Biogeosciences, 8: 3407-3421.

Silva, M.P.; Mauro, R.; Mourão, G. & Coutinho, M. 2000. Distribuição e quantificação de classes de vegetação do Pantanal através de levantamento aéreo. Revista Brasileira de Botânica, 23: 143-152.

Stevens, N.; Lehmann, C.E.R.; Murphy, B.P. & Durigan, G. 2017. Savanna woody encroachment is widespread across three continents. Global Change Biology, 23: 235-244.

Van Auken, O.W. 2009. Causes and consequences of woody plant encroachment into western North American grasslands. Journal of Environmental Management, 90: 2931-2942.

Wilcove, D.S. 2010. Endangered species management: the US experience, p. 220-234. In: Sodhi, N. & Ehrlich, P.R. (orgs.). Conservation Biology for All. Oxford University Press. 352p.

Downloads

Publicado

13/08/2019

Edição

Seção

Diagnóstico e manejo de áreas úmidas em áreas protegidas