O Cajueiro Nativo de Roraima na Experiência do Prevfogo nas Terras Indígenas do “lavrado”: Conservar e Utilizar essa Riqueza Ancestral nesse Estado cujo próprio Nome Deriva da Designação Karib do Caju – IOROI (Anacardium occidentale L.)

Autores

  • Ari Alfredo Weiduschat Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
  • Joaquim Parimé Pereira Lima Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.984

Resumo

O estado de Roraima comporta a maior savana amazônica – o “lavrado”, de cerca de 61 mil km², compartilhada em parte com a Guiana. A região é habitada pelas etnias Macuxi, Taurepang e Ingaricó (tronco linguístico Karib) e Wapichana (tronco Aruak), distribuídas em 27 Terras Indígenas. Como é sabido, as savanas têm o fogo como fator da própria formação fitofisionômica. Contudo, as atuais práticas humanas na agricultura e pecuária tem influenciado no aumento dos casos de incêndios. Na medida que se repetem, os incêndios fragilizam as áreas florestadas e provocam uma savanização crescente nesta região e no seu entorno. Na atuação do Prevfogo/RR estão envolvidas seis brigadas - mais de uma centena de brigadistas, selecionados e oriundos das próprias comunidades. Ao longo dos anos, é notável como a utilização de queimas técnicas e queimas prescritas têm mostrado uma redução significativa na necessidade de combate nos períodos mais críticos do verão. Considerando este indicador, realizou-se a presente experiência de cultivos de árvores como estratégia complementar do MIF, centrando no cultivo do cajueiro. A escolha desta anacardiácea decorreu de estudo prévio sobre a ocorrência pré-colombiana na região e sua atual distribuição geográfica natural em cerca de 26 aglomerados denominados “cajuais nativos”. Neste ambiente do lavrado, a espécie desenvolveu as características típicas do “cajueiro anão-precoce”, desenvolvidos pela Embrapa em clones comerciais a partir de poucas plantações no litoral nordestino. Assim, os cajuais nativos apontam que aqui está uma base genética larga deste tipo, cuja conservação é essencial para programas de melhoramento. Por outro lado, ao perscrutar aspectos da história recente do sistema de produção indígena e o papel do cajueiro nele desempenhado, nota-se como novidade a adoção autônoma do cultivo de sítio de fruteiras. Urge propor iniciativas envolvendo setores da pesquisa, da academia e de organizações sociais para estabelecer planos de ação que contemplem a possibilidade de cultivo comercial. Dada a vulnerabilidade da população e do ecossistema na realidade atual, a perspectiva de rendimentos derivados do cajueiro conduzirá a uma nova interpretação do ‘lavrado’, aliando uso e conservação desta riqueza ancestral. Os rendimentos, por outro lado, representarão uma melhoria de vida das famílias envolvidas.

Referências

BARROS, L. M. Botânica, origem e distribuição geográfica. In: ARAÚJO, J. P. P. de; SILVA, V. V. de. Cajucultura: modernas técnicas de produção. Embrapa – CNPAT, Fortaleza – CE. 1995. p. 55-71.

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Publicado

15/11/2019