Queimas Prescritas Precoces no Parque Nacional da Serra da Canastra como Estratégia de Contenção de Grandes Incêndios dentro do Planejamento de Manejo Integrado do Fogo

Autores

  • Bianca Tizianel Parque Nacional da Serra da Canastra – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);
  • Sávio Freire Bruno Universidade Federal Fluminense (UFF)
  • Fernando Tambelini Tizianel Parque Nacional da Serra da Canastra – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.998

Resumo

O Parque Nacional da Serra da Canastra possui 200.000 hectares, com extensas áreas contínuas campestres nativas, e historicamente é atingido por grandes incêndios que danificam principalmente formações florestais e fauna. O acúmulo de combustível devido a adoção da política de fogo zero favoreceu a ocorrência de incêndios que, diversas vezes, atingiram mais de 25.000 hectares por evento. Objetivando a criação de mosaicos de áreas com diferentes idades de queima, que funcionem como barreiras contra incêndios e como proteção de alvos de conservação (definidos no Planejamento de Manejo Integrado do Fogo da UC), foram realizadas queimas prescritas entre os dias 16 de janeiro e 05 de abril de 2019 (estação chuvosa) na área do Chapadão da Canastra. A escolha de áreas a serem manejadas levou em consideração a área atingida por fogo no ano anterior, o Mapa de Acúmulo de Combustível produzido a partir da análise espectral SAM (Spectral Angle Mapper) do Satélite Landsat 8, e as áreas com maior recorrência de fogo. Levou-se em consideração também as áreas atingidas por incêndios de raios durante os meses de dezembro/2018 e janeiro/2019 (2.100 hectares). Todas as queimas foram precedidas de Plano de Queima específico e preenchimento de Formulário de acompanhamento. Os parâmetros de prescrição adotados, baseados em experiências prévias locais, foram: temperatura mínima 18° / máxima 28°; umidade relativa mínima 60% / máxima 100%; velocidade do vento mínima: - / máxima 10 km/h. Foram manejados 5.464 hectares. As queimas foram realizadas em diferentes horários do dia, sempre dentro dos parâmetros prescritos. A intensidade do fogo (análise visual e sensorial) variou, de acordo com o acúmulo de combustível da área, que também influenciou na ocorrência de extinção natural ou necessidade de combate. A atividade tem sido acompanhada por pesquisa da Universidade Federal Fluminense. Como resultado, as queimas fragmentaram o Chapadão da Canastra, com expectativa de facilitar o combate e impedir o alastramento de incêndios. Complementarmente, serão confeccionados aceiros negros. As queimas tiveram apoio social da região, que faz uso do fogo historicamente como ferramenta agrosilvopastoril. É necessário ampliar o acompanhamento científico dos efeitos das queimas prescritas para conservação da biodiversidade. 

Biografia do Autor

Bianca Tizianel, Parque Nacional da Serra da Canastra – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);

Bióloga, Mestre em Ecologia e Conservação, Analista ambiental do ICMBio, Gerente do Fogo do Parque Nacional da Serra da Canastra

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Publicado

15/11/2019