Incêndio na Estação Ecológica do Taim em 2013: Análise do Ambiente Atmosférico e Dispersão de Poluentes

Autores

  • Ana Lucia da Silva Nascimento Universidade Federal de Pelotas
  • Mateus da Silva Teixeira Universidade Federal de Pelotas
  • Marcelo Félix Alonso Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v11i4.1772

Palavras-chave:

Bioma pampa , Rio Grande do Sul, Unidade de conservação

Resumo

Incêndios em unidades de conservação são considerados uma grave ameaça para a manutenção dos seus processos ecológicos. O presente estudo busca descrever as condições atmosféricas que contribuíram para o início e a manutenção do maior incêndio, até o momento, ocorrido no ano de 2013 na Estação Ecológica do Taim, e quantificar as emissões resultantes. Utilizamos os dados de reanálise do European Centre for Medium- Range Weather Forecasts para avaliar as condições atmosféricas e o modelo Brazilian Biomass Burning Emission Model e do seu pré-processador de emissões PREP-CHEM-SRC para avaliar concentração e dispersão de poluentes emitidos nesse incêndio. Os resultados indicaram a existência de um ambiente atmosférico seco previamente estabelecido – influenciado por três episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul – e intensificado pela passagem de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, que não provocou precipitação significativa, mas contribuiu para a presença de descargas elétricas e início do incêndio. A passagem de um segundo Vórtice Ciclônico de Altos Níveis favoreceu a precipitação que contribuiu para o controle e extinção do incêndio. A pluma de poluentes da queima de biomassa não gerou concentrações que representassem riscos à saúde. 

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Publicado

10/11/2021

Edição

Seção

Análise de Componentes do Sistema Climático e a Biodiversidade no Brasil