O Uso do Espaço pela Onça-Pintada é Influenciado pela Luz da Lua? Iluminando o Movimento de Felinos de Grande Porte no Sul do Pantanal
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v12i1.1839Keywords:
Wetlands, human-wildlife conflict, social-ecological systemsAbstract
Diante dos níveis crescentes de perda e modificação de habitat, conhecer os fatores ambientais que influenciam o uso do espaço por grandes carnívoros é crucial para esforços de conservação efetivos. Apesar da crescente literatura investigando o efeito da luminosidade da lua
sobre felídeos topo de cadeia, tais efeitos sobre a onça-pintada (Panthera onca) ainda precisam ser explorados – inclusive no Pantanal brasileiro. O bioma passa, atualmente, por alterações humanas significativas diante da expansão da prática agropecuária, e a caça por retaliação se caracteriza como uma das principais ameaças à persistência das onças no Pantanal. Estudamos a influência da variação da luminosidade noturna no uso do espaço pela onça-pintada no Pantanal Sul. Analisamos dados de localização GPS obtidos via monitoramento de onças com rádio-colares
em campos potencialmente utilizados como pastagens, considerando a distância da floresta
mais próxima e a luminosidade em cenários de baixa, média e alta intensidade luminosa da lua.
Observamos que, embora as onças permaneçam nas imediações das florestas ao longo do ciclo
lunar, elas adentram mais as pastagens sob média a alta luminosidade da lua. Sugerimos que o uso
do espaço pela espécie na área de estudo investigada sustenta a ‘hipótese de risco de predação’
(predation risk hypothesis), onde espécies que ocupam níveis tróficos mais altos tendem a ser mais
ativas sob luminosidade noturna, já que esta possibilita maior sucesso de predação – especialmente
considerando que bordas de floresta podem servir como abrigo e favorecer a emboscada do gado.Apesar de não termos focado em sucesso de predação na nossa análise, recomendamos que rebanhos sejam mantidos afastados de bordas de floresta, bem como que sejam implementadas barreiras físicas (ex. cercas) para prevenção de ataques oportunistas das onças aos animais de criação – particularmente em noites mais claras.
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