O que perdemos com a passagem do fogo pelos campos de altitude do estado do Rio de Janeiro?

Autores

  • Izar Aximoff Instituto Estadual do Ambiente/INEA-RJ, Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas/DIBAP, Av. Venezuela, 110/3º andar, Saúde – Rio de Janeiro-RJ

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v1i2.139

Palavras-chave:

campos de altitude, espécies ameaçadas, fogo, Itatiaia, Rio de Janeiro

Resumo

A presença do fogo nos campos de altitude do estado do Rio de Janeiro e as espécies ameaçadas de extinção presentes neste ecossistema foram estudados. O regime do fogo é apresentado associado às áreas e componentes de fauna e flora atingidos. Foram também analisados os registros dos agentes causadores e as causas, o quantitativo de bombeiros e brigadistas, os gastos e demais informações sobre o combate. Em especial, são apresentadas informações sobre o fogo nos campos de altitude do Parque Nacional do Itatiaia e também das espécies ameaçadas que existem nesta Unidade de Conservação. Os resultados apontam que cerca de 15% do total de ocorrências de incêndio nas UC do estado (841 incêndios desde a criação das UC até o momento) foram em áreas acima de 1600m de altitude. Mais de 70% dos incêndios foram nos campos de altitude do Parque Nacional do Itatiaia. Nesta UC existem 35 espécies classificadas a nível nacional como ameaçadas de extinção e que só existem em Itatiaia. Este valor corresponde a 30% das espécies ameaçadas com ocorrência para os campos de altitude do estado. Algumas espécies ameaçadas e não tolerantes ao fogo estão com populações reduzidas por conta do impacto deste distúrbio, causado quase que totalmente pelo homem, responsável por 97% dos incêndios com agente causador conhecido. Apenas 0,5% das ocorrências são tidas como de origens naturais. Os impactos do fogo sobre a biota ameaçada de extinção e que não tolera o fogo não pode continuar. 

Biografia do Autor

Izar Aximoff, Instituto Estadual do Ambiente/INEA-RJ, Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas/DIBAP, Av. Venezuela, 110/3º andar, Saúde – Rio de Janeiro-RJ

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, Instituto Estadual do Ambiente/INEA-RJ

Referências

Abreu, K.C.; Koproski, L.P. & Kuczach, A.M. 2004. Grandes felinos e o fogo no Parque Nacional de Ilha Grande, Brasil. Floresta, 34 (2): 163-167.

Agee, J.K. 1993. Fire Ecology of Pacific Northwest Forests. New York: Island Press. Aximoff, I. & Rodrigues, R.C. 2011. Histórico dos incêndios florestais no Parque Nacional do Itatiaia. Ciência Florestal, 21 (1): 83-92.

Behling, H. & Pillar, V.P. 2007. Late quaternary vegetation, biodiversity and fire dynamics on the southern Brazil highland and their implication for conservation and management of modern araucaria forest and grassland ecosystems. Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Biological Sciences, 362: 243-251.

Bergallo, H.G.; Fidalgo, E.C.C.; Rocha, C.F.D.; Uzêda, M.C.; Costa, M.B.; Alves, M.A.; Van Sluys, M.; Santos, M.A.; Costa, T.C.C. & Cozzolino, A.C.R. 2009. Estratégias e ações para a conservação da biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro. Instituto Biomas, Rio de Janeiro, 344p.

Bonfim, V.R.; Ribeiro, G.A.; Silva, E. 2003. Diagnóstico do uso do fogo no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), MG. Revista Árvore, 27 (1): 87-94.

Brade, A.C. 1956. A flora do Parque Nacional do Itatiaia. Boletim do Parque Nacional do Itatiaia, 5: 1-114.

Caiafa, A.N. & SILVA, A.F. 2007. Structural analysis of the vegetation on a highland granitic rock outcrop in Southeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 30 (4): 657-664. Costa, D. & Santos, N. 2009. Conservação de hepáticas na Mata Atlântica do sudeste do Brasil: uma análise regional no estado do Rio de Janeiro. Acta Botânica Brasileira. 23(4): 913-922.

Dean, W. 2002. A Ferro e Fogo: A história da devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, p. 484.

Dusén, P.K.H. 1955. Contribuições para a flora do Itatiaia. Boletim do Parque Nacional do Itatiaia, 4:6-91.

Esri Inc., 2006. Arc Gis version 9.2. New York Street, Redlands, California.

Fidelis A.; Overbeck G.E.; Pillar V.D. & Pfadenhauer J. 2008. Effects of disturbance on population biology of the rosette species Eryngium horridum Malme in grasslands in southern Brazil. Plant Ecology 195: 55-67.

Fiedler, N.C.; Merlo, D.A. & Medeiros, M.B. 2006. Ocorrência de incêndios florestais no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Goiás. Ciência Florestal, 16 (2): 153-161.

Figueira, J.E.C; Miranda, C.A.K & Santos, F.A.M (2002). Effects of change in the fire regime at the Parque Nacional da Serra do Cipó on the populations of Paepalanthus polyanthus (Eriocaulaceae). International Association for Vegetation Science, 45 (1): 39.

França, H.; Ramos Neto; M. B. & Setzer, A. 2007. O fogo no Parque Nacional das Emas. Ministério do Meio Ambiente. Série Biodiversidade, 27: 140p.

Freitas, L.; Galetto, L. & Sazima, M. 2006. Pollination by hummingbirds and bees in eight syntopic species and a putative hybrid of Ericaceae in southeastern Brazil. Plant Systematic Evolution, 258: 49-61. Fundação SOS Mata Atlântica & INPE. 2009. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: período: 2005-2008. São Paulo.

Geise, L.; Pereira, L.G. & Bossi, D.E.P. 2004. Pattern of elevational distribution and richness of non volant mammals in Itatiaia National Park and its surroundings, in southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, 64 (3B): 599-612.

Gonçalves, P.R.; Myers, P.; Vilela, J.F. & Oliveira, J.A. 2007. Systematics of species of the genus Akodon (Rodentia: Sigmodontinae) in southeastern Brazil and implications for the biogeography of the campos de altitude. Miscellaneous Publications Museum of Zoology, University of Michigan, 197:1-24.

IBAMA 2001. Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Bocaina – RJ. Disponível em: http://www. icmbio.gov.br/parna_bocaina/index.php?id_menu=50

IBAMA 2011. Página http://siscom.ibama.gov.br/sisfogo/

Koproski, L.; Batista, A.C. & Soares, R.V. 2004. Ocorrências de incêndios florestais no Parque Nacional de Ilha Grande – Brasil. Floresta, 34 (2): 193-197.

Koproski, L.; Batista, A. C. & Soares, R.V. 2006. Impactos do fogo sobre serpentes (Squamata) no Parque Nacional de Ilha Grande (PR/MS), Brasil. Arquivos Ciência Veterinária, 9 (2): 129-133.

Larson, D.W., Mathes, U. & Kelly, P.E. 2000. Cliff ecology: pattern and process in cliff ecosystems. Cambridge Studies in Ecology. Cambridge University Press, Cambridge.

Lewinsohn, T. & Prado, P.I. 2005. Quantas espécies há no Brasil? Megadiversidade 1:36-42.

Martinelli, G. 1996. Campos de altitude. 2ª Ed. Editora Index. Rio de Janeiro.

Martinelli, G. 2007. Mountain biodiversity in Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 30: 587-597.

Medeiros, M. B. 2002. Manejo de Fogo em Unidades de Conservação do Cerrado. Boletim do Herbário Ezechias Paulo Heringer, v. 10, p. 75-88.

Medeiros, M.B. & Fiedler, N.C. 2004. Incêndios florestais no Parque Nacional da Serra da Canastra: desafios para a conservação da biodiversidade. Ciência Florestal, 14 (2): 157- 168.

Medeiros, R.; Young; C.E.F.; Pavese, H.B. & Araújo, F.F.S. 2011. Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia nacional: Sumário Executivo. Brasília: UNEP-WCMC, 44p.

Medina, B.M.O., Ribeiro, K.T. & Scarano, F.R. 2006. Plant-plant and plant-topography interactions on a rock outcrop at high altitude in southeastern Brazil. Biotropica 38:1-7.

Metzger, J.P. 2010. O Código Florestal tem base científica? Natureza & Conservação. 8: 92-99.

Ministério do Meio Ambiente 2008. Livro Vermelho. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index. php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=179&idConteudo=8122&idMenu=8631.

Mocochinski, A.Y. & Scheer, M.B. 2008. Campos de altitude na serra do mar paranaense: aspectos florísticos. Revista Floresta, 38 (4): 625-640.

Moraes, M.A. 2009. Conservação e manejo de Worsleya rayneri (Amaryllidaceae): uma espécie de campos de altitude ameaçada de extinção. Dissertação (Mestrado em Botânica), Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Myers, R.L. 2006. Convivir com el fuego – manteniendo los ecosistemas y los médios de subsistência mediante el Manejo Integral del Fuego. Tallahassee: The Nature Conservancy Global Fire Iniciative, 2006, 28p.

Oliveira, D.S.; Batista, A.C. & Milano, M.S. 2000. Fogo em Unidades de Conservação. In: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Campo Grande, Anais, 2: 200-207.

Oliveira-Filho, A. T. & Fontes, M. A. L. 2000 Patterns of floristic differentiation among Atlantic forests in southeastern Brazil, and the influence of climate. Biotropica, 32 (4b): 793-810.

Pillar, V.P. & Vélez, E. 2010. Extinção dos Campos Sulinos em Unidades de Conservação: um fenômeno natural ou um problema ético? Natureza & Conservação, 8 (1): 84-86.

Porembski, S.; Martinelli, G.; Ohlemüller, R. & Barthlott, W.1998. Diversity and ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic Rainforest. Biodiversity Research, 4:107-119.

Rambaldi, D.M.; Magnani, A; Ilha, A; Lardosa, E; Figueiredo, P. & Oliveira, R.F. 2003. A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. Caderno 22. Caderno da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Programa MAB. Cetesb, São Paulo.

Ribeiro, K.T. 2002. Estrutura, dinâmica e biogeografia das ilhas de vegetação rupícola do Planalto do Itatiaia, RJ. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Ribeiro, K.T.; Madeira, J.A. & Collet, H. D. 2006. Conquistas e desafios na prevenção e combate a incêndios em vegetações abertas no interior e entorno do Parque Nacional da Serra do Cipó, sudeste do Brasil. In: II Congreso para la prevención y combate a incêndios florestales y pastizales del mercosur. Malargüe, Mendoza, Argentina.

Ribeiro, K.T.; Medina, B.M.O. & Scarano, F.R. 2007. Species Composition and Biogeographic Relations of the Rock Outcrop Flora on the High Plateau of Itatiaia, SE-Brazil, Revista Brasileira de Botânica, 30 (4): 623-639.

Ribeiro, K.T. & Freitas, L. 2010. Impactos potenciais das alterações no Código Florestal sobre a vegetação de campos rupestres e campos de altitude. Biota Neotropica., 10 (4): 239-246.

Richter, M. 2004. Geotecnologias no Suporte ao Planejamento e Gestão de Unidades de Conservação Estudo de caso: Parque Nacional do Itatiaia. 162 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. Safford, H.D. 1999a. Brazilian Páramos. I. An introduction to the physical environment and vegetation of the campos de altitude. Journal of Biogeography. 26 (4): 693-712.

Safford, H.D. 1999b. Brazilian Páramos II. Macro- and Mesoclimate of the Campos de Altitude and affinities with High Mountain Climates of the Tropical Andes and Costa Rica. Journal of Biogeography, 26 (4): 713-737.

Safford, H.D. 2001. Brazilian Páramos III – Patterns and rates of postfire regeneration in campos de altitude. Biotropica, 33 (2): 282-302.

Safford, H.D. 2007. Brazilian Páramos IV. Phytogeography of the campos de altitude. Journal of Biogeography 34:1701-1722.

Scarano, F.R. 2002. Structure, Function and Floristic Relationships of Plant Communities in Stressful Habitats Marginal to the Brazilian Atlantic Rainforest, Annals of Botany, 90 (4): 517- 524.

Segadas-Vianna, F. & Dau, L. 1965. Ecology of the Itatiaia Range, Southeastern Brazil - Climates and Altitudinal Climatic Zonation. Arquivos do Museu Nacional, 53: 31-53.

Silva, J.C. 2001. Diagnóstico das áreas de maior incidência de incêndios florestais em Unidades de Conservação Pertencentes a APA Gama – Cabeça de Veado. 2001. 59 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade de Brasília, Brasília.

Silva, L.C.V.; Fernandes, M.C.; Menezes, P.M.L. & Argento, M.S.F. 2009. Mapa geoecológico de potencialidade a ocorrência de incêndios no Parque Nacional do Itatiaia/RJ. Revista Brasileira de Cartografia, 61 (3): 285-292

Soares, R. V.; Santos, J.F. 2002. Perfil dos incêndios florestais no Brasil de 1994 a 1997. Revista Floresta, 2 (3).

Stehmann, J.R.; Forzza, R.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.H.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Tabarelli, M.; Pinto, L.P.; Silva, J.M.C.; Hirota, M. & Bedê, L.C. 2005. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade. Belo Horizonte, 1 (1).

Tanizaki-Fonseca, K.; E Bohrer, C.B.A. 2009. O fogo como fator de degradação de ecossistemas de mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro. In: BERGALLO, H.G. et al. (Orgs.). Estratégias e Ações para a Conservação da Biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Biomas, p. 81-90.

Turner, M.G.; Hargrove, W.H. & Gardner, R.H. 1994. Effects of fire on landscape heterogeneity in Yellowstone National Park, Wyoming. Journal of Vegetation Science, 5: 731-742.

Vasconcelos, M.F. & Rodrigues, M. 2010. Avifauna of southeastern Brazilian mountaintops. Papéis Avulsos de Zoologia, 50(1): 1-29.

Vosguerau, J.L.; Batista, A.C. & Soares, R.V. 2006. Avaliação dos registros de Incêndios Florestais do Estado do Paraná no período de 1991 a 2001. Floresta, 34 (2): 193-197

Downloads

Publicado

12/04/2024