Análise da diversidade e caracterização das síndromes de dispersão de diásporos em um gradiente sucessional de caatinga hiperxerófila

Autores

  • Iara Alves de Lavôr Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central/FACHUSC
  • Daniela Tábita de Lavôr Secretaria de Educação de Pernambuco
  • Camila Silva de Lavôr Universidade Federal do Vale do São Francisco
  • Dan Vitor Vieira Braga Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central/FACHUSC

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v13i3.2207

Palavras-chave:

Blastocoria, sucessão ecológica, xerofilia

Resumo

A dispersão de sementes refere-se à retirada ou liberação dos diásporos da planta de origem e permite que frutos e/ou sementes escapem de serem depositados nas proximidades desse vegetal, onde as taxas de mortalidade são altas. Com isso o objetivo deste estudo é analisar o comportamento do processo de dispersão de diásporos na comunidade vegetal ao longo de uma cronossequência sucessional em áreas de Caatinga Hiperxerófila. A metodologia constituiu-se na divisão de três áreas de Caatinga selecionadas conforme seu estágio de sucessão, onde foi utilizado o método de parcelas, demarcando-se dois transectos de 30 m x 10 m, em cada condição; estes subdivididos em duas parcelas quadradas de 10 m², estando cada uma separada 10 m entre si. Avaliaram-se todos os indivíduos vegetais de fanerógamas, com hábito arbustivo-arbóreo, ≥ 30 cm de altura. Em seguida, realizou-se também a tipificação e classificação dos frutos e síndromes
de dispersão. De acordo com os resultados obtidos, observou-se que a síndrome de dispersão por blastocoria destacou-se nos três estágios sucessionais com 46% no inicial, 40% no intermediário, seguido de anemocoria 27% no tardio. Verificou-se ainda uma redução no número de frutos secos à medida que a sucessão ecológica avançou, ocorrendo o inverso com os frutos carnosos. Desse modo observou-se que o processo de dispersão de propágulos em área de Caatinga Hiperxerófila varia de acordo com as alterações ambientais presentes em cada estágio sucessional analisado. Assim, no último estágio, a flora local utiliza-se de frutos carnosos como atrativos mais eficientes de dispersores; já nos estágios iniciais da sucessão, houve predominância de estratégias de dispersão por vetores abióticos, como a anemocoria e blastocoria.

Referências

Andrade-lima D. The Caatingas Dominium. Revista Brasileira de Botânica, 4(2):149-153, 1981.

Barbosa DCA, Silva PGG, Barbosa MCA. 2002. Tipos de frutos e síndromes de dispersão de espécies lenhosas da caatinga de Pernambuco, p. 609-621. In: Tabarelli M, Silva JMC. (orgs.) Diagnóstico da Biodiversidade de Pernambuco.

Castelletti CHM, Silva JMC, Tabarelli M & Santos AMM. 2003. Quanto ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar. In: Leal IR, Tabarelli M & Silva JMC (eds.). Ecologia e Conservaçăo da Caatinga. Editora Universitária da UFPE, Recife, pp. 719-734.

Ewel JJ. Tropical Succession: Manifold Routes to Maturity. Biotropica, p. 12- 27, 1980.

Giulietti AM. 2003. Vegetaçăo: áreas e açőes prioritárias para a conservaçăo da Caatinga. In: Silva JMC, Tabarelli M, Fonseca MT & Lins LV (orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e açőes prioritárias para a conservaçăo. Ministério do Meio Ambiente, Universidade Federal de Pernambuco, Brasília, pp. 113-131.

Gonçalves ED, Lorenzi H. 2011. Morfologia Vegetal: organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. 2ª Ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora.

Griz LMS, Machado IC. Fruiting phenology and seed dispersal syndromes in caatinga, a tropical dry forest in the Northeast of Brazil. Journal of Tropical Ecology, 17(2):303-321, 2001.

Howe HF, Smallwood J. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics, 13(1):201-228, 1982.

Howe HF & Miriti MN. 2004. When seed dispersal matters. BioScience 54: 651-660.

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2010. Área territorial-cidades. <http://www.ibge.com.br/cidadesat/topwindow.htm>. Acesso em: 24/08/2016.

Jordano P, Galetti M, Pizo MA & Silva WR. Ligando frugivoria e dispersăo de sementes à biologia da conservaçăo. In: Duarte CF, Bergallo HG, Santos MA & Sluys MV (eds.). Biologia da conservaçăo: essęncias. Rima, Săo Paulo, pp. 411-436, 2006.

Machado IC, Lopes AV. A polinização em ecossistemas de Pernambuco: Uma revisão atual do conhecimento. Secretária de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente, Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana. Recife, p. 583-596, 2002.

Machado IC, Lopes AV. Floral traits and pollination systems in the Caatinga, a brazilian tropical dry forest. Annals of Botany, 94(3):365-376, 2004.

Machado ICS, Barros M, Sampaio EVSB. Phenology of caatinga species at Serra Talhada, PE, Northeastern Brazil. Biotropica, 29(1):57-68, 1997.

Murphy PG, Lugo AE. Ecology of tropical dry forest. Annual Review of Ecology and Systematics, 17(1):67-88, 1986.

Noguchi DK, Nunes GP, Sartori ALB. Florística e síndromes de dispersão de espécies arbóreas em remanescentes de Chaco de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul, Brasil. Rodriguésia, 60:353-365, 2009.

Oliveira Júnior GM, Braga DVV. Variação florística ao longo da sucessão ecológica em unidade de conservação de caatinga hiperxerófita. Semiárido Brasileiro 3: 23, 2019.

Prado DE. 2003. As Caatingas da América do Sul, p. 3-74. In: Leal IR, Tabarelli M, Silva JMC (orgs.). Ecologia e Conservação da Caatinga.

Queiroz LP. 2002. Distribuição de espécies de Leguminosae na Caatinga, p. 141-153. In: Sampaio EVSB, Giulietti AM, Virgínio J, Gamarra-Rojas CFL (orgs.). Vegetação e flora da Caatinga.

Silva ACC, Prata APN, Mello AA, Santos ACAS. Síndromes de dispersão de Angiospermas em uma Unidade de Conservação na Caatinga, SE, Brasil. Hoehnea, 40(4):601-609, 2013.

Silva MCNA, Rodal MJN. Padrões das síndromes de dispersão de plantas em áreas com diferentes graus de pluviosidade, PE, Brasil. Acta bot. bras., 23(4):1040-1047, 2009.

Silva, S.G. Disseminação de sementes. Universidade Federal de Uberlândia. Portal do Professor. 2010.

Souza VC, Lorenzi H. 2012. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 704p.

Souza BI, Artigas RC, Lima ERV. Caatinga e desertificação. Revista Mercator. v. 14, n. 1. UFCE: Fortaleza, 2015. p.131-150< Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/mercator/v14n1/1984-2201-mercator-14-01-0131.pdf> Acesso em 07 de abr. de 2023.

Spjut RW. A systematic treatment of fruit types. Memoirs of the The New York Botanic Garden, 70:1-182, 1994.

Van Der Pijl L. Principles of dispersal in higher plants. Springer Verlag. New York. 3 eds. p. 212, 1982.

Wunderlee JRJM. The role of animal seed dispersal in accelerating native forest regeneration on degraded tropical lands. Forest Ecology and Management, 99(1-2):223-235, 1997.

Yamamoto LF, Kinoshita LS, Martins FR. Síndromes de polinização e de dispersão em fragmentos da Floresta Estacional Semidecídua Montana, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 21(3):553-573, 2007.

Downloads

Publicado

14/11/2023

Edição

Seção

Fluxo contínuo