Envolvendo a comunidade científica na gestão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Autores

  • Cecilia Cronemberger Faria Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Parque Nacional da Serra dos Órgãos/PARNASO, Alto – Teresópolis-RJ
  • Ernesto Bastos Viveiros de Castro Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Parque Nacional da Tijuca, Alto da Boa Vista – Rio de Janeiro-RJ

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v5i1.443

Palavras-chave:

área protegida, gestão, pesquisa científica

Resumo

A pesquisa científica é essencial para gerar informações necessárias para o manejo e a conservação das áreas protegidas. No entanto, historicamente a comunidade científica e os gestores das unidades de conservação brasileiras mantiveram um distanciamento que dificultava a geração de conhecimento realmente aplicável à gestão. Por um lado, pesquisadores eram vistos como inconvenientes pelos gestores, e por outro as unidades eram encaradas não como parceiras, mas apenas como área de estudo pelos pesquisadores. Entre 2004 e 2014, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) adotou uma série de ações de aproximação com a comunidade científica visando envolver os pesquisadores na gestão da UC. A estratégia adotada pode ser resumida em cinco grandes eixos: ordenamento da pesquisa e sensibilização dos pesquisadores; organização e disponibilização dos dados existentes; melhoria na estrutura de apoio; integração e envolvimento na gestão e incentivo a pesquisas prioritárias. Os esforços de regularização dos processos de autorização e entrega de relatórios, organização do acervo, instalação, construção e reforma de estruturas de apoio, realização de encontros e expedições conjuntas, entre outras medidas, resultaram em um maior engajamento da comunidade científica na gestão do Parque. O número de pesquisas autorizadas cresceu de 14 em 2004 para 125 em 2014, e desde 2005 o PARNASO é a unidade de conservação com maior número de projetos de pesquisa no país. Os pesquisadores contribuíram ativamente para a elaboração do plano de manejo do Parque, publicado em 2008, apoiaram medidas como a ampliação de sua área e manifestaram preocupação quanto a impactos de empreendimentos no entorno, além de participar ativamente de discussões sobre diversos temas relacionados à gestão. Os resultados observados no PARNASO evidenciam que o envolvimento da comunidade científica na gestão das áreas protegidas depende de um esforço grande do ICMBio, mas pode gerar uma resposta muito positiva dos pesquisadores e contribuir efetivamente para a gestão e conservação de nossas áreas protegidas.

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Publicado

21/07/2015

Edição

Seção

Pesquisa e manejo de Unidades de Conservação