Avaliação da eficácia da implementação de brigadas indígenas como política de combate a incêndios florestais

Autores

  • Gustavo Maximiano Junqueira Lazzarini Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis/IBAMA, Superintendência em Goiás/Núcleo de Qualidade Ambiental, Goiânia – GO, 74605-080, Brasil
  • Lawrence Nóbrega de Oliveria Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis/IBAMA, Superintendência no Tocantins/Escritório Regional de Gurupi, Gurupi – TO, 77021-622, BrasileUniversidade Federal do Tocantins/UFT, Campus Universitário de Gurupi, Gurupi – TO, 77402-970, Brasil
  • Marcos Giongo Universidade Federal do Tocantins/UFT, Campus Universitário de Gurupi, Gurupi – TO, 77402-970, Brasil
  • Waner Gonçalves Lima Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis/IBAMA, Superintendência no Tocantins/Prevfogo, Palmas – TO, 77021-622, Brasil
  • Thalyta de Cássia da Silva Feitosa Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis/IBAMA, Superintendência no Tocantins/Núcleo de Geoprocessamento, Palmas – TO, 77021-622, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v6i2.527

Palavras-chave:

brigadas, Cerrado, incêndios florestais, focos de calor, indígenas

Resumo

Incêndios florestais causam degradação ambiental e problemas à saúde humana. Sua ocorrência envolve vários fatores, que vão além da presença de material combustível e da condição climática adequada. Os povos indígenas utilizam o fogo em sua vida cotidiana, o que faz com que as terras ocupadas por eles tenham elevados índices de registro de focos de calor. Nesse contexto, foram criadas em 2013 brigadas indígenas para o combate a incêndios dentro das terras indígenas Kraolândia, Xerente, Funil e Parque do Araguaia. Este trabalho analisou a eficácia desse procedimento como fator de redução queimadas nesses locais. Utilizaram-se dados das atividades realizadas por essas brigadas, focos de calor e técnicas de geoprocessamento na análise comparativa das ocorrências de 2013 e 2014 em relação aos anos anteriores. Os resultados mostraram efeitos positivos na redução das queimadas na área de uma das três etnias envolvidas, e a existência de outros fatores que podem ter sido limitadores para o sucesso das demais. A integração de dados, informações e fatores mostrou-se fundamental para o entendimento da problemática do combate às queimadas em terras indígenas e para o direcionamento de novas ações que poderão vir efetivamente a reduzir o registro de focos de calor.

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Publicado

28/12/2016

Edição

Seção

Manejo do Fogo em Áreas Protegidas