Herbáceas aquáticas em igapós de água preta dentro e fora de unidades de conservação no estado do Amazonas

Autores

  • Aline Lopes Universidade de Brasília, Pós-graduação em Ecologia, Laboratório de Ecofisiologia Vegetal
  • Luciana Carvalho Crema Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio/CEPAM
  • Layon Oreste Demarchi Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, CDAM/Grupo MAUA
  • Aurélia Bentes Ferreira Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, CDAM/Grupo MAUA
  • Ivone Neri Santiago Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, CDAM/Grupo MAUA
  • Eduardo Antonio Ríos-Villamizar Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, CDAM/Grupo MAUA
  • Maria Teresa Fernandez Piedade Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, CDAM/Grupo MAUA

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i2.769

Palavras-chave:

Áreas úmidas, macrófitas aquáticas, similaridade florística

Resumo

As herbáceas aquáticas são indicadoras da composição nutricional dos corpos de água amazônicos e de suas áreas alagáveis, pois sua riqueza e abundância refletem as características físicas e químicas da bacia onde estão inseridas. Elas possuem diversas funções ecológicas, como proporcionar abrigo e alimento para organismos aquáticos e terrestres. Neste estudo, foi analisada a riqueza, diversidade e composição de espécies de herbáceas aquáticas e sua distribuição em nove igapós de água preta na Amazônia brasileira, dentro e fora de unidades de conservação (UCs). Os resultados foram obtidos por meio de inventários realizados entre os anos de 2009 e 2017, nos rios Negro, Jaú, Aracá, Cuiuni, Uatumã e Abacate. Foram amostradas 148 parcelas retangulares de 100 x 1m, distribuídas em nove pontos amostrais (6 a 29 parcelas por ponto). O levantamento florístico revelou 174 espécies, distribuídas em 99 gêneros e 46 famílias botânicas, predominando as famílias Cyperaceae (43 ssp.), Poaceae (33 ssp.) e Marantaceae (10 ssp.). As áreas apresentaram baixa similaridade florística, sendo que nenhuma espécie ocorreu em todas as áreas amostradas. As espécies Montrichardia arborescens (L.) Schott (Araceae) e Scleria secans (L.) Urb (Cyperaceae) foram as mais frequentes, ocorrendo em seis das nove áreas amostradas. Apenas 49,2% das espécies de herbáceas aquáticas amostradas estão presentes nas UCs inventariadas, indicando que estratégias de conservação que envolvam mais áreas de igapó de águas pretas precisam ser consideradas para a proteção desse importante grupo de plantas.

Referências

APG IV. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, 181: 1-20.

Arraut, E.M.; Marmontel, M.; Mantovani, J.E.; Novo, E.M.L.; Macdonald, D.W. & Kenward, R.E. 2010. The lesser of two evils: seasonal migrations of Amazonian manatees in the Western Amazon. Journal of Zoology, 280(3): 246-256.

Barendregt, A. & Bio, A.M.F. 2003. Relevant variables to predict macrophytes communities in running waters. Ecological Modelling, 160: 205-217.

Best, R.C. 1984. The aquatic mammals and reptiles of the amazon, p. 372-412. In: Sioli, H. (ed.). The amazon limnology and landscape ecology of a mighty tropical river and its basins. Dr. W. Junk Publisher, 800p.

Brasil, 2000. Lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000. SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Ministério do Meio Ambiente. Diário Oficial da União. . (Acesso em 20/11/2017).

Cancian, L.F.; Camargo, A.F.M. & Silva, G.H.G. 2009. Crescimento de Pistia stratiotes em diferentes condições de temperatura e fotoperíodo. Acta Botanica Brasilica, 23(2): 552-557. CNCFlora 2018. Centro Nacional de Conservação da Flora. . (Acesso em 10/01/2018).

Crema, L.C. 2017. Caracterização de igapós de águas claras e pretas e suas disponibilidades alimentares para o peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis). Tese (Doutorado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior). Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 121p.

Crema, L.C.; Silva, V.M.F. & Piedade, M.T.F. 2019. Riverine people´s knowledge of the endangered amazonian manatee Trichechus Inunguis in contrasting protected areas. Oryx, 831: 1-10.

Esteves, F.A. 1998. Fundamentos de limnologia. 2 ed. Interciência. 575p.

Ferreira, L.V. 2000. Effects of flooding duration on species richness, floristic composition and forest structure in river margin habitat in Amazonian blackwater floodplain forest: implications for future design of protected areas. Biodiversity and Conservation, 9(1): 1-14.

Fernandes, R.; Gomes, L.C.; Pelicice, F.M. & Agostinho, A.A. 2009. Temporal organization of fish assemblages in floodplain lagoons: the role of hydrological connectivity. Environmental Biology of Fishes, 85(2): 99-108.

Fittkau, E.J.; Junk, W.J.; Klinge, H. & Sioli, H. 1975. Substrate and vegetation in the Amazonan region, p. 73-90. In: Cramer. J. (ed.). Vegetation und substrat. Beriohto dor internationalen Symposien der Internationalen Vereinigung für Vegetationskunde.

GBIF – Global Biodiversity Information Facility. . (Acesso em 30/11/2017). Hammer, Ø.; Harper, D.A.T. & Ryan, P.D. 2001. PAST: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica.

Hassler, M.L. 2005. A importância das unidades de conservação no Brasil. Sociedade e Natureza, 17(33): 79-89.

Henry-Silva, G.G. & Camargo, A.F.M. 2005. Interações ecologicas entre as macrófitas aquáticas flutuantes Eichhornia crassipes e Pistia stratiotes. Hoehnea, 32(3): 445-452.

ICMBio 2018. Ministério do Meio Ambiente. Unidades de Conservação. . (Acesso em 10/01/2018). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Painel Corportativo. . (Acesso em 21/09/2018).

Junk, W.J.; Nunes da Cunha, C.; Wantzen, K.M.; Petermann, P.; Strüssmann, C.; Marques, M.I. & Adis, J. 2006. Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquat. Sci., 68: 278-309.

Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Schöngart, J.; Wittmann, F. & Parolin, P. 2010. Amazonian Floodplain Forests: Ecophysiology, Biodiversity and Sustainable Management. Springer Dordrecht Heidelberg. 634p.

Junk, W.J. & Nunes da Cunha, C. 2012. Pasture clearing from invasive woody plants in the Pantanal: a tool for sustainable management or environmental destruction? Wetl. Ecol. Manag., 20: 111-122.

Junk, W.J. 2013. Current state of knowledge regarding South America wetlands and their future under global climate change. Aquat. Sci., 75: 113-131.

Junk, W.J.; An, S.; Finlayson, C.M.; Gopal, B.; Kvet, J.; Mitchell, S.A.; Mitsch, W.J. & Robarts, R.D. 2013. Current state of knowledge regarding the world’s wetlands and their future under global climate change: a synthesis. Aquat. Sci., 75: 151-167.

Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Lourival, R.; Wittmann, F.; Kandus, P.; Lacerda, L.D.; Bozelli, R.L.; Esteves, F.A.; Nunes da Cunha, C.; Maltchik, L.; Schöngart, J.; Schaeffer-Novelli, Y. & Agostinho, A.A. 2014a. Brazilian wetlands: their definition, delineation, and classification for research, sustainable management, and protection. Aquat. Conserv. Mar. Freshw. Ecosyst., 24: 5-22.

Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Lourival, R.; Wittmann, F.; Kandus, P.; Lacerda, L.D.; Bozelli, R.L.; Esteves, F.A.; Nunes da Cunha, C.; Maltchik, L.; Schöngart, J.; Schaeffer-Novelli, Y.; Agostinho, A.A.; Nóbrega, R.L.B. & Camargo, E. 2014b. Definição e Classificação das Áreas Úmidas (AUs) Brasileiras: Base Científica para uma Nova Política de Proteção e Manejo Sustentável. In: Nunes da Cunha, C.; Piedade, M.T.F. & Junk, W.J. (orgs.). Classificação e Delineamento das Áreas Úmidas Brasileiras e de seus Macrohabitats. EdUFMT. 156p.

Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Schöngart, J. & Wittmann, F. 2014c. A Classificação dos Macrohabitats das Várzeas Amazônicas. In: Nunes da Cunha, C.; Piedade M.T.F. & Junk, W.J. (orgs.): Classificação e Delineamento das Áreas Úmidas Brasileiras e de seus Macrohabitats. EdUFMT. 156p.

Junk, W.J.; Wittmann, F.; Schöngart, J. & Piedade, M.T.F. 2015: A classification of the major habitats of Amazonian black-water river floodplains and a comparison with their white-water counterparts. Wetlands Ecology and Management, 23(4): 677-693.

Junk, W.J. & Nunes da Cunha, C. 2016. The Pantanal: A Brief Review of its Ecology, Biodiversity, and Protection Status. In: Finlayson, C.M.; Milton, R.; Prentice, C. & Davidson, N. (orgs.). The Wetland Book II: Distribution, Description and Conservation.

Küchler, I.L.; Miekeley, N. & Forsberg, B.R. 2000. A contribution to the chemical characterization of rivers in the Rio Negro Basin, Brazil. Journal of the Brazilian Chemical Society, 11(3): 286-292.

Lopes, A.; Wittmann, F.; Schöngart, J. & Piedade, M.T.F. 2014. Herbáceas aquáticas em seis igapós na Amazônia Central: Composição e diversidade de gêneros. Geográfica Acadêmica, 8(1): 5-17.

Lopes, A.; Parolin, P. & Piedade, M.T.F. 2016. Morphological and physiological traits of aquatic macrophytes respond to water chemistry in the Amazon basin: an example of the genus Montrichardia Crueg (Araceae). Hydrobiologia, 766(1): 1-15.

Lopes, A.; Wittmann, F.; Schöngart, J.; Householder, J.E. & Piedade, M.T.F. 2017. Modeling of regional-and local-scale distribution of the genus Montrichardia Crueg.(Araceae). Hydrobiologia, 789(1): 45-57.

oyola, R.; Machado, N.; Vila Nova, D.; Martins, E. & Martinelli, G. 2014. Áreas prioritárias para conservação e uso sustentável da flora brasileira ameaçada de extinção. Andrea Jakobsson Estúdio. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico. 80p.

Manly, B.J. 2004. Multivariate statistical methods: a primer. 3 ed. Chapman and Hall. 214p.

Magurran, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press. 179p.

MMA 2014. Ministério do Meio Ambiente. Portaria MMA nº 443, de 17 dezembro de 2014. . (Acesso em 10/01/2018).

Montero, J.C.; Piedade, M.T.F. & Wittmann, F. 2014. Floristic variation across 600 km of inundation forests (Igapó) along the Negro River, Central Amazonia. Hydrobiologia, 729(1): 229-246.

Murphy, K.J. 1988. Aquatic weed problems and their management: a review I. The worldwide scale of the aquatic weed problem. Crop Proctetion, 7(4): 232-248.

Neiff, J.J. & Neiff, A.S.G. 2003. Connectivity processes as a basis for the management of aquatic plants, p. 39-58. In: Thomaz, S. & Bini, L.M. (eds.). Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. Nupélia Maringá. Eduem. 341p.

Neves, M.A. 2007. Composição, riqueza e variação espaço temporal de macrófitas aquáticas do lago do trevo município de Boa Vista. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais). Universidade Federal de Roraima. 128p.

SEMA 2018 – Unidades de Conservação. . (Acesso em 10/01/2018). Sioli, H. 1984. The Amazon and its main affluents: Hydrography, morphology of the river courses, and river types, p. 127-166. In: Sioli, H. (ed.). The Amazon – limnology and landscape ecology of a mighty tropical river and its basin. Dr. W. Junk Publisher, 800p.

Sioli, H. 1985. Amazônia: fundamentos da ecologia da maior região de florestas tropicais. Vozes Ltda. 69p.

Simões Filho, F.S.; Turcq, B.; Carneiro Filho, A. & Souza, A.G. 1997. Registros sedimentares de lagos e brejos dos campos de Roraima: implicações paleoambientais ao longo do Holoceno, p. 295-305. In: Barbosa, R.I.; Ferreira, E.J.G. & Castellón, E.G. (eds.). Homem, ambiente e ecologia no estado de Roraima. INPA. 613p.

Sneath, P.H.A. & Sokal, R.R. 1973. Numerical taxonomy. The principles and practice of numerical classification. Freeman. 573pmaz, S.M. 2002. Fatores ecológicos associados à colonização e ao desenvolvimento de macrófitas aquáticas e desafios de manejo. Planta Daninha, 20(1): 21-33. Tropicos.org. Misouri Botanical Garden. . (Acesso em 30/11/2017).

Whittaker, R.H. 1960. Vegetation of the Siskiyou Mountains, Oregon and California. Ecological Monographs, 30(3): 279-338.

Downloads

Publicado

13/08/2019

Edição

Seção

Diagnóstico e manejo de áreas úmidas em áreas protegidas