Plantas e vertebrados exóticos invasores em unidades de conservação no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v3i2.328Palavras-chave:
áreas protegidas, banco de dados, plano de manejo, espécies exóticas invasoras, invasão biológica, manejoResumo
Com base na informação disponível na Base de Dados I3N Brasil de Espécies Exóticas Invasoras, foi realizada uma análise dos registros de ocorrência de plantas e vertebrados exóticos invasores em unidades de conservação enquadradas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação do Brasil. Constam na Base de Dados 19 espécies de água doce e 148 espécies terrestres com ocorrências em 227 unidades de conservação, com 902 ocorrências em unidades de proteção integral e 268 em unidades de uso sustentável. O maior número de espécies exóticas invasoras registrado é de plantas terrestres, seguido de peixes, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. As categorias de unidade de conservação de proteção integral com maior número de ocorrências e de espécies exóticas invasoras são Parque Estadual, Parque Nacional, Parque Natural Municipal e Reserva Biológica. As categorias de uso sustentável com maior número de ocorrências e espécies são Áreas de Proteção Ambiental, Reservas Particulares do Patrimônio Natural, Florestas Nacionais e Florestas Estaduais. As formações vegetais com mais registros de ocorrência são Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, Formações Pioneiras de Influência Marinha e Savana. Não constam na base de dados registros de plantas e vertebrados invasores em unidades de conservação marinhas. As espécies de plantas e vertebrados com maior número de registros de ocorrência foram introduzidas voluntariamente no Brasil, estando sua presença em áreas naturais associada a escapes de sistemas de produção. Sistemas de prevenção e iniciativas de controle e erradicação de espécies exóticas invasoras devem ser urgentemente implantados em unidades de conservação brasileiras, a exemplo do que tem sido feito com sucesso em diversos países para a restauração ambiental e a proteção de espécies nativas.
Referências
Abell, R.; Thieme, M.L.; Revenga, C.; Bryer, M.; Kottelat, M.; Bogutskaya, N.; Coad, B., Mandrak, N.; Balderas, S.C.; Bussing, W.; Stiassny, M.L.J.; Skelton, P.; Allen, G.R.; Unmack, P.; Naseka, A.; Rebecca, N.G.; Sindorf, N.; Robertson, J.; Armijo, E.; Higgins, J.V.; Heibel, T.J.; Wikramanayake, E.; Olson, D.; López, H.L.; Reis, R.E.; Lundberg, J.G.; Sabaj Pérez, M.H. & Petry, P. 2008. Freshwater ecoregions of the world: A new map of biogeographic units for freshwater biodiversity conservation. BioScience, 58: 403-414.
Allen, J.A.; Brown, C.S. & Stohlgren, T.J. 2009. Non-native plant invasions of United States National Parks. Biological Invasions, 11: 2195-2207.
Andrade, L.A.; Fabricante, J.R. & Alves, A.S. 2008. Algaroba (Prosopis juliflora (Sw.) DC.): impactos sobre a fitodiversidade e estratégias de colonização em área invadida na Paraíba. Natureza e Conservação 6(2): 47-60.
Attias, N. 2011. Potencial invasor de duas espécies exóticas do gênero Acacia Mill. no Brasil. Dissertação (Mestrado em Ecologia). Universidade Federal do Rio de Janeiro. 117 p.
Bensusan, N. 2006. Conservação da biodiversidade em áreas protegidas. FGV Editora. 176p.
Brasil, 2000. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Disponível em: (Acesso em 04 de maio de 2013).
Campbell, K. & Donlan, C.J. 2005. Feral Goat Eradications on Islands. Conservation Biology 19(5), October.
Campbell, K.J; Harper, G.; Algar, D.; Hanson, C.C.; Keitt, B.S. & Robinson, S. 2011. Review of feral cat eradications on islands. In: Veitch, C.R.; Clout, M.N. & Towns, D.R. (eds.). 2011. Island invasives: eradication and management. IUCN, Gland, Switzerland. p. 37-46.
Chapin, F.S.; Zavaleta, E.S.; Eviner, V.T.; Naylor, R.L.; Vitousek, P.M.; Reynolds, H.L.; Hooper, D.U.; Lavorel, S.; Sala, O.E.; Hobbie, S.E.; Mack, M.C.; Díaz, S. 2000. Consequences of changing biodiversity. Nature, 405: 234-242.
Cuddington, K. & Hastings, A. 2004. Invasive engineers. Ecological Modelling, 178: 335-347.
D'Antonio, C. & Meyerson, L.A. 2003. Exotic plants as problems and solutions in ecological restoration: a synthesis. Restoration Ecology, 10(4): 703-713.
Davis , M.A. 2009. Invasion Biology. Oxford University Press. 288p.
Denslow J.S. & Dewalt S.J. 2008. Exotic plant invasion in tropical forests: patterns and hypothesis, p. 409-426. In: Carson W & Schnitzer S (eds). Tropical Forest Community Ecology. Wiley-Blackwell Publishing. 536p.
Derberdt, A.J. & Scherer, S.B. 2007. O javali asselvajado: ocorrência e manejo da espécie no Brasil. Natureza & Conservação, 5(2): 31-44.
Ehrenfeld, J.G. 2003. Effects of Exotic Plant Invasions on Soil Nutrient Cycling Processes. Ecosystems, 6: 503-523.
Galetti, M. & Sazima, I. 2006. Impacto de cães ferais em um fragmento urbano de Floresta Atlântica no sudeste do Brasil. Natureza e Conservação, 4(1):58-63.
Global Invasive Species Programme. 2001. Global strategy on invasive alien species. IUCN, 50p.
Holcombe, T. & Stohlgren, T.J. 2009. Detection and early warning of invasive species, p. 36-46. In: Clout, M.N.; Williams, P.A. (eds.). Invasive Species Management - a handbook of principles and techniques. Oxford University Press. 308p.
Howald, G.; Donlan, C.J.; Galvan, J.B.; Russell, J.C.; Parkes, J.; Samaniego, A.; Wang, Y.; Veitch, D.; Genovesi, P.; Pascal, M.; Saunders, A. & Tershy, B. 2007. Invasive Rodent Eradication on Islands. Conservation Biology 21(5): 1258-1268.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Manual técnico da vegetação brasileira. 2 ed. IBGE, 274p.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2013. Sinopse do Censo demográfico 2010. http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse. (Acesso em 16 de maio de 2013).
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2013. Unidades de conservação nos Biomas. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros. html. (Acesso em 16 de maio de 2013).
Instituto Hórus. 2013. Base de dados nacional sobre espécies exóticas invasoras. http://i3n. institutohorus.org.br (Acesso em 01 de maio de 2013).
Keitt, B.; Campbell, K; Saunders, A.; Clout, M.; Wang, Y.; Heinz, R.; Newton, K. & Tershy, B. 2011. The global islands invasive vertebrate eradication database: A tool to improve and facilitate restoration of island ecosystems. In: Veitch, C.R.; Cout, M.N. & Towns, D.R. (eds.) 2011. Island invasives: eradication and managemente. IUCN. Gland. Switzerland. p. 74-77.
Lee, J.E. & Chown, S.L. 2009. Breaching the dispersal barrier to invasion: quantification and management. Ecological Applications, 19(7): 1944-1959.
Lowry, E.; Rollinson, E.J.; Laybourn, A.J.; Scott, T.E.; Aiello-Lammens, M.E.; Gray, S.M.; Mickley, J. & Gurevitch, J. 2012. Biological invasions: a field synopsis, systematic review, and database of the literature. Ecology and Evolution, 3(1): 182-196.
MacDonald, I.A.W. 1988. The invasion of introduced species into nature reserves in tropical savannas and dry woodlands. Biological Conservation, 44: 67-93.
McDonald, R.I.; Forman, R.T.T.; Kareiva, P.; Neugarten, R.; Salzer, D. & Fisher, J. 2009. Urban effects, distance, and protected areas in an urbanizing world. Landscape Urban Plan, 93: 63-75.
Mack R.N.; Simberloff, D.; Lonsdale, W.M.; Evans, H.; Clout, M. & Bazzaz, F.A. 2000. Biological Invasions: causes, epidemiology, global consequences and control. Ecological Applications, 10: 689-710.
Martins, C.R.; Leite, L.L. & Haridasan, M. 2004. Capim-gordura (Melinis minutiflora P. Beauv.), uma gramínea exótica que compromete a restauração de áreas degradadas em unidades de conservação. Revista Árvore 28(5): 739-747.
Monteiro da Cruz, M.A.; Cabral, M.C.C.; Silva, L.A.M.D. & Campello, M.L.C.B. 2002. Diversidade da Mastofauna no Estado de Pernambuco. p. 557-579. In: M. Tabarelli; J. M. Cardoso (eds.). Diagnóstico da Biodiversidade de Pernambuco. v.2. Fundaj. 722p.
Orsi, M.L. & Agostinho, A.A. 1999. Introdução de espécies de peixes por escapes acidentais de tanques de cultivo em rios da bacia do rio Paraná, Brasil. Revista brasileira de Zoologia, 16: 557-560.
Pegado, C.M.A.; Andrade, L.A.; Félix, L.P. & Pereira, I.M. 2006. Efeitos da invasão biológica de algaroba - Prosopis juliflora (Sw.) DC. sobre a composição e a estrutura do estrato arbustivo-arbóreo da caatinga no município de Monteiro, PB, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 20: 887-898.
Pysek, P.; Jarosik, V. & Kucera, T. 2002. Patterns of invasion in temperate nature reserves. Biological Conservation, 104: 13-24.
Randall, J.M. 2011. Protected areas, p. 563-567. In: Simberloff, D. & Rejmanek, M. (eds.), Encyclopaedia of Biological Invasions. University of California Press, 765p.
Richardson, D.M. & Rejmánek, M. 2011. Trees and shrubs as invasive alien species - a global review. Diversity and Distributions, 17: 788-809.
Ruiz, G.M. & Carlton, J.T. 2003. Invasion vectors: a conceptual framework for management. In: Ruiz, G.M. & Carlton, J.T. (eds.) Invasive species: vectors and management strategies. p. 459-504. Island Press. 518p. Shimizu, J.Y. 2006. Pínus na silvicultura brasileira. Revista da Madeira, 16(99): 4-14.
Simberloff, D. 2009. We can eliminate invasions or live with them. Successful management projects. Biological Invasions, 11: 149-157.
Spear, D.; Foxcroft, L.C.; Bezuidenhout, H. & McGeoch, M.A. 2013. Human population density explains alien species richness in protected areas. Biological Conservation, 159: 137-147.
Tu, M. 2009. Assessing and managing invasive species within protected areas - Protected area quick guide. In: Ervin, J. (ed.). The Nature Conservancy. 40p.
Usher, M.B. 1988. Biological invasions of nature reserves: a search for generalisations. Biological Conservation, 44: 119-135.
Vilà , M.; Espinar J.L.; Hejda, M.; Hulme P.E.; Jarosik, V.; Maron, J.L.; Pergl, J.; Schaffner U.; Sun, Y. & Pysek, P. 2011. Ecological impacts of invasive alien plants: a meta-analysis of their effects on species, communities and ecosystems. Ecology Letters, 14: 702-708
Vitule, J.R.S.; Úmbria, S.C. & Aranha, J.M.R. 2006. Introduction of the African catfish Clarias gariepinus (Burchell, 1822) into Southern Brazil. Biological Invasions, 8: 677-681.
Vitule, J.R.S.; Freire, C.A. & Simberloff, D. 2009. Introduction of non-native freshwater fish can certainly be bad. Fish and Fisheries, 10: 98-108.
Wittenberg, R. & Cock, M.J.W. 2005. Best Practices for the Prevention and Management of Invasive Alien Species. p. 209-232. In: Mooney, H.A.; Mack, R.N.; McNeely, J.A.; Neville, L.E.; Schei, P.J. & Waage, J.K. (eds.) Invasive alien species: a new synthesis. Island Press. 368p.
Zenni, R.D. & Ziller, S.R. 2011. An overview of invasive plants in Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 34(3): 431-446.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Biodiversidade Brasileira - BioBrasil
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os artigos estão licenciados sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O acesso é livre e gratuito para download e leitura, ou seja, é permitido copiar e redistribuir o material em qualquer mídia ou formato.