Avaliação do risco de extinção do veado-mateiro-pequeno Mazamo bororo Duarte, 1996, no Brasil

Autores

  • José Maurício Barbanti Duarte Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos – NUPECCE/UNESP
  • Alexandre Vogliotti Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos – NUPECCE/UNESP
  • Eveline dos Santos Zanetti Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos – NUPECCE/UNESP
  • Márcio Leite de Oliveira Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos – NUPECCE/UNESP
  • Liliani Marília Tiepolo Universidade Federal do Paraná
  • Lilian Figueiredo Rodrigues Consultoria PNUD – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
  • Lilian Bonjorne de Almeida Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros – CENAP/ICMBio

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v2i1.237

Palavras-chave:

Mazama bororo, avaliação da conservação

Resumo

O estado de conservação do veado bororó, Mazama bororo (Duarte 1996), foi avaliado de acordo com os critérios da IUCN (2001), com base nos dados disponíveis até 2010. Síntese do processo de avaliação pode ser encontrada em Peres et al. (2011) e Beisiegel et al. (2012). A categoria proposta para o táxon é Vulnerável (VU) segundo os critérios A4cde, B1ab(ii, iii, v), C2a (ii), ou seja, ameaçado, de acordo com informações sobre declínio populacional passado, projeção de declínio populacional futuro, extensão de ocorrência restrita e em declínio e baixo número de indivíduos adultos. JustificativaMazama bororo é uma espécie recentemente descrita, de ocorrência restrita à floresta ombrófila dos estados de São Paulo e Paraná. Infere-se que a população da espécie tenha tido uma redução de cerca de 30% nos últimos 15 anos devido a processos de exploração, possível competição com Mazama americana, caça, perda de qualidade de habitat e processos de conversão de florestas nativas em plantações de pinus, eucalipto e banana (Vale do Ribeira, Guaratuba). Estes processos não cessaram e não irão cessar nos próximos anos. A extensão de ocorrência foi calculada em 19.397 km2, consistindo em territórios de unidades de conservação de proteção integral e áreas adjacentes. Até o presente, a espécie foi registrada em apenas nove localidades e infere-se que haja contínuo declínio na sua área de ocupação, na qualidade do seu habitat e no número de indivíduos maduros. O número aproximado de indivíduos maduros é de 8.500, considerando densidade ótima (1,5 animal/km2) em Intervales, Carlos Botelho e Jacupiranga e com densidades mais baixas (0,5 animal/km2) no restante da extensão da sua ocorrência. Tendo como referência os parâmetros da IUCN, a população de indivíduos maduros é estimada em 1.000, sua área de ocupação maior que 20 km2. Não há análise quantitativa da probabilidade de extinção, portanto a espécie não se enquadra nos critérios D e E para classificação em categoria de ameaça. Mazama bororo não foi incluída na lista nacional de fauna ameaçada publicada em 2003 (MMA 2003) porque sua descrição era muito recente nos momentos em que esta lista foi preparada e publicada, não havendo nenhuma informação sobre a espécie na época; desta forma, a mudança da categoria de conservação em relação à avaliação nacional anterior ocorreu devido ao surgimento de novas informações.

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Publicado

24/05/2012

Edição

Seção

Avaliação do estado de conservação das espécies

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