Avaliação do risco de extinção da anta brasileira Tapirus terrestris Linnaeus, 1758, no Brasil

Autores

  • Emília Patrícia Medici Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ
  • Kevin Flesher Center for Biodiversity Studies, Michelin Ecological Reserve
  • Beatriz de Mello Beisiegel Centro Naciona de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros – CENAP/ICMBio
  • Alexine Keuroghlian Wildlife Conservation Society do Brasil – Brazil Program Office
  • Arnaud Léonard Jean Desbiez Royal Zoological Society of Scotland. Edinburgh – Scotland – United Kingdom
  • Andressa Gatti Universidade Federal do Espírito Santo
  • Antônio Rossano Mendes Pontes Universidade Federal de Pernambuco – Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE
  • Cláudia Bueno de Campos Instituto Pró-Carnívoros
  • Cristina Farah de Tófoli Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ
  • Edsel Amorim Moraes Júnior Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre
  • Fernanda Cavalcanti de Azevedo Universidade Federal de Goiás – UFG
  • Gabriela Medeiros de Pinho Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
  • José Luis Passos Cordeiro Fundação Oswaldo Cruz
  • Tarcísio da Silva Santos Junior Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR
  • Adriane Aparecida de Morais Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
  • Paulo Roberto Mangini Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ
  • Lilian Figueiredo Rodrigues Consultora PNUD/ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
  • Lílian Bonjorne de Almeida Centro Naciona de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros – CENAP/ICMBio

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v2i1.243

Palavras-chave:

Conservação da anta brasileira, Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758)

Resumo

O estado de conservação da anta brasileira, Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) – Tapiridae – foi avaliado de acordo com os critérios da IUCN (2001), com base nos dados disponíveis até 2010. Síntese do processo de avaliação pode ser encontrada em Peres et al. (2011) e em Beisiegel et al. (2012). As informações sobre a conservação desta espécie foram analisadas separadamente para cada um dos principais biomas brasileiros. Espera-se, com isto, fundamentar políticas de conservação apropriadas a esta espécie em cada região do país. No Brasil, foi considerada Vulnerável (Vulnerable – VU) pelos critérios A2bcd + A3bcd, ou seja, em função de redução populacional ocorrida no passado e projetada para o futuro. Nos biomas, a avaliação levou às seguintes categorias: Menos preocupante (LC) na Amazônia; Em perigo (EN) na Mata Atlântica; Quase ameaçada (NT) no Pantanal; Regionalmente extinta (RE) na Caatinga e Em perigo (EN) no Cerrado. A anta brasileira, assim como outras espécies com ampla distribuição geográfica, sofre diferentes impactos e está sob diferentes graus de ameaça ao longo de sua distribuição no território brasileiro. Avaliar o estado de conservação de espécies de ampla distribuição para todo o Brasil, em sua enorme dimensão, pode gerar resultados excessivamente otimistas baseados nas grandes populações remanescentes em biomas menos degradados tais como a Amazônia e o Pantanal. Estas avaliações abrangentes podem impedir que políticas públicas específicas para a conservação destas espécies em biomas e ecossistemas onde seu estado de conservação esteja comprometido sejam desenvolvidas e adotadas. Podem ainda, mascarar a possibilidade de que populações ainda viáveis não sejam protegidas e manejadas de forma a não sofrer os mesmos impactos daquelas em ambientes mais impactados, dado o constante processo de intensificação de pressões antrópicas sobre biomas brasileiros ainda relativamente bem conservados tais como o Pantanal e a Amazônia. Desta forma, as informações sobre o estado de conservação da anta brasileira foram analisadas separadamente para cada um dos principais biomas brasileiros onde a espécie ocorre, e avaliações regionais de estado de conservação (IUCN 2003) foram feitas para cada bioma. Espera-se que, com isto, possamos prover subsídios para a fundamentação de políticas de conservação apropriadas a esta espécie em cada região do país (ver Desbiez 2010), para uma aplicação prévia da mesma metodologia).

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Publicado

24/05/2012

Edição

Seção

Avaliação do estado de conservação das espécies

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