Produção, comercialização e identificação de variedades de pinhão no entorno da Floresta Nacional de Três Barras – SC

Autores

  • Alex Anderson Zechini Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais – NPFT. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis-SC, Brasil
  • Glauco Schussler ¹ Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais – NPFT. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis-SC, Brasil
  • Juliano Zago da Silva ¹ Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais – NPFT. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis-SC, Brasil
  • Andrea Gabriela Mattos ¹ Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais – NPFT. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis-SC, Brasil
  • Nivaldo Peroni ¹ Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais – NPFT. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis-SC, Brasil
  • Adelar Mantovani Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Lages-SC
  • Maurício Sedrez dos Reis Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais – NPFT. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis-SC, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v2i2.275

Palavras-chave:

Araucaria angustifolia (Bertol), Kuntze, araucária, coleta sustentável, conservação pelo uso, recursos genéticos vegetais

Resumo

Araucaria angustifolia tem sua ocorrência natural no Brasil entre altitudes de 500 a 2.300m e suas sementes, os pinhões, podem ser encontrados maduros de fevereiro a dezembro, conforme diversas variedades. O pinhão serve ainda de alimento à fauna silvestre e também como base para a economia de muitas famílias rurais no estado catarinense. Com isso, o objetivo deste trabalho foi quantificar produção e avaliar a realidade de uso e comércio do pinhão como fonte alternativa de renda a famílias rurais no entorno da Floresta Nacional de Três Barras, Planalto Norte de Santa Catarina. A média de pinhas (ou estróbilos femininos) produzidas para o ano de 2010 foi de 3,6 pinhas/planta, com uma massa média de 1,155kg/pinha. A produção média de pinhões foi de 340g/pinha o que representou 29,4% da massa fresca da pinha. O número médio de sementes formadas por pinha foi de 49,5 e massa média de cada pinhão de 6,2g. As falhas na formação de pinhões representam 68,2% dos constituintes da pinha. Quando comparados a outros trabalhos, os resultados encontrados neste estudo refletem uma alta variação, muito possivelmente influenciados pela densidade populacional e idade dos remanescentes. Esta variação foi percebida por 87,5% dos agricultores. A produtividade estimada na localidade Campininha foi de 19,4kg/ha. Ao preço médio pago por kg de pinhão de R$1,99, a renda média anual do produtor rural equivale a R$38,64/ha. Este valor representa cerca de 10% da renda obtida pelos produtores com erva-mate (Ilex paraguaiensis). Desta forma a erva-mate caracteriza-se como um recurso economicamente muito mais atrativo. Todos os agricultores entrevistados afirmaram nomear pelo menos suas diferentes variedades de pinheiros (São José e Kayuvá), além de uma variedade de maior ocorrência (não nomeada). Existe ainda uma legislação não embasada que antecipa a data de coleta de pinhão e que pode estar fomentando forte pressão sobre a variedade São José. A obtenção de dados de produção, disponibilidade e amplitude de oferta de pinhão possibilita obter informações que podem auxiliar na regulamentação da coleta e comercialização do pinhão.

 

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Publicado

17/12/2012

Edição

Seção

Uso e manejo de recursos vegetais em unidades de conservação

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