Experiências internacionais de manejo integrado do fogo em áreas protegidas – recomendações para implementação de manejo integrado de fogo no Cerrado

Autores

  • Isabel Belloni Schmidt Departamento de Ecologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro. Brasília
  • Clara Baringo Fonseca Departamento de Ecologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro. Brasília
  • Maxmiller Cardoso Ferreira Departamento de Ecologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro. Brasília
  • Margarete Naomi Sato Departamento de Ecologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro. Brasília

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v6i2.586

Palavras-chave:

Cerrado, Conservação da biodiversidade, gestão dos recursos naturais, indicadores ecológicos, manejo do fogo, monitoramento

Resumo

O Manejo Integrado do Fogo (MIF) é uma abordagem que considera aspectos ecológicos, culturais e de manejo para propor uso de queimas controladas, bem como a prevenção e combate a incêndios, com vistas a garantir a conservação e uso sustentável de ecossistemas. Programas de MIF foram implementados há décadas e em larga escala em Áreas Protegidas em diferentes continentes do mundo, especialmente em ambientes dependentes do fogo ou pirofíticos. Este artigo sintetiza, de forma não exaustiva, experiências internacionais de manejo do fogo em áreas protegidas e propõe recomendações para sua implementação em Programas de MIF em Unidades de Conservação (UC) do Cerrado ainda em fase de experimentação. Exemplos de implementação de manejo do fogo foram revisados com ênfase nas metodologias de pesquisa e monitoramento em regiões de ocorrência de savanas, mais especificamente, na região sul da África e Norte da Austrália, onde os objetivos de pesquisa focam geralmente em avaliar impactos de diferentes regimes de queima na flora e fauna. Programas de pesquisa e monitoramento foram implementados apenas para um número reduzido de espécies ou grupos indicadores. Dentre indicadores comumente reportados pode-se citar o monitoramento, via sensoriamento remoto de áreas queimadas, épocas e locais de ocorrência de queimadas (manejadas ou não) e o monitoramento da estrutura da vegetação, especialmente vegetação arbórea. Dentre os grupos animais, aves, insetos e mamíferos terrestres são os grupos mais comumente monitorados em áreas de manejo do fogo. Fica evidente que mesmo em regiões em que há esforços sistemáticos de pesquisa e monitoramento para subsidiar decisões de manejo, certo grau de incerteza é sempre mantido. Muitas vezes, a influência de pesquisas sobre as decisões de manejo é limitada e está muito mais explícita na criação de ambientes de aprendizagem, trocas de informações e melhoria na qualidade técnica das tomadas de decisão por parte dos gestores em relação ao manejo do que na identificação de regimes definidos de queimas ou receitas prontas para melhoria da gestão ambiental. A partir das experiências sistematizadas, são feitas recomendações para implementação de MIF em UC do Cerrado.

Biografia do Autor

Isabel Belloni Schmidt, Departamento de Ecologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro. Brasília

Departamento de Ecologia

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Publicado

28/12/2016

Edição

Seção

Manejo do Fogo em Áreas Protegidas