Assets em Áreas Protegidas: Estudo de Caso em Áreas Úmidas

Autores

  • Norah Costa Gamarra Universidade Federal de Alagoas
  • Ana Cláudia Mendes Malhado Universidade Federal de Alagoas/UFAL
  • Ricardo A. Correia Universidade Federal de Alagoas/UFAL e Universidade de Aveiro.
  • Chiara Bragagnolo Universidade Federal de Alagoas/UFAL
  • Joao V. Campos-Silva Universidade Federal de Alagoas/UFAL
  • Paul Jepson Oxford University
  • Richard James Ladle Oxford University e Universidade Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i2.774

Resumo

As áreas protegidas (APs) são as principais ferramentas capazes de assegurar a preservação
dos sistemas naturais e sua respectiva biodiversidade, principalmente no caso de áreas com prioridade para conservação, como ocorre com as áreas úmidas. A implementação de APs tem potencial para gerar benefícios fundamentais para proteger paisagens icônicas, espécies ameaçadas e serviços ecossistêmicos; entretanto, essas áreas têm custos sociais e econômicos que, muitas vezes, se tornam difíceis de justificar em períodos de crescente insegurança alimentar e crise financeira. Recentemente, sugeriu-se um modelo conceitual para apoiar a gestão das APs (PA Asset Framework) que (re)define as APs como um sistema de assets biofísicos, humanos, de infraestrutura, institucionais e culturais. De acordo com esse marco, as APs podem ser geridas e planejadas para gerar diferentes formas de valores, desse modo contribuindo para aumentar sua resiliência política/social e identificar investimentos financeiros que possam auxiliar o reconhecimento e a captura de valores por distintos públicos. Neste artigo, aplicamos o PA asset framework para levantar a presença de assets em parques nacionais localizados em áreas úmidas, a partir da revisão sistemática dos planos de manejo. Nestes, identificamos os assets presentes e mais recorrentes em tais áreas. Nossos resultados mostram que o número de assets representados e reconhecidos nos planos de manejo é limitado, concentrando-se, principalmente, em algumas classes biofísicas relacionadas à conservação da biodiversidade (ex: espécies de importância para a conservação e espécies de importância econômica), de infraestrutura necessária para
manutenção das atividades de gestão (ex: funcionário permanente, infraestrutura para gestão, eletricidade e veículos) e institucionais (estratégias de planejamento e zoneamento). Por outro lado, dada a importância sociocultural das áreas úmidas em nível nacional e global, o baixo reconhecimento de assets humanos e culturais nessas áreas sugere que a inclusão desses valores nos planos de manejo pode ser benéfica para potencializar os valores associados a essas tipologias de asset. Argumentamos que o levantamento dos assets em APs, além de revelar os bens/recursos/atributos/dimensões-chave que podem estar sendo negligenciados nos planos de manejo, oferece uma abordagem inovadora para que os gestores possam elaborar estratégias de investimento a partir do reconhecimento de valores tangíveis e intangíveis das APs e dos seus assets, para além dos biofísicos.

Biografia do Autor

Norah Costa Gamarra, Universidade Federal de Alagoas

Bióloga e mestre em diversidade biológica e conservação nos trópicos. Atuação em áreas protegidas e pesquisa socioambiental.

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Publicado

13/08/2020

Edição

Seção

Diagnóstico e manejo de áreas úmidas em áreas protegidas