Mulheres e a gestão de unidades de conservação

Autores

  • Amanda Goedert Duarte Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Brasil.
  • Graziela Dias Blanco Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Brasil.
  • Michel Tadeu R. N. de Omena Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Brasil.
  • Sofia Zank Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Brasil.
  • Mônia Laura Faria Fernandes Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Brasil.
  • Natalia Hanazaki Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v14i1.2470

Palavras-chave:

Etnoecologia, serviço público ambiental, conservação, feminismo

Resumo

A equidade de gênero é um fator central para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. Entretanto as mulheres continuam sendo minoria nas áreas de gestão ambiental. Diante dessa situação, propõe-se discutir como está o cenário atual de inserção das mulheres nas áreas de unidades de conservação no Brasil. Para isso, foram realizadas 140 entrevistas através de questionário online, direcionado às gestoras do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. No questionário havia perguntas sobre as relações de gênero no ambiente de trabalho e as suas possíveis implicações na vida profissional, pessoal e para a conservação da biodiversidade. Entre as entrevistadas, 77% citaram já terem sofrido algum tipo de discriminação relacionada ao gênero durante o seu trabalho, e a situação mais vivenciada é a de Mansplaining. A falta de acesso e de espaço para a atuação das mulheres na gestão de unidades de conservação gera assimetrias de gênero. Tais assimetrias podem gerar impactos diretos e negativos na conservação da biodiversidade. Esses resultados indicam que ainda se deve avançar na inserção das mulheres, para termos resultados mais efetivos de conservação.

 

Referências

Silva TC, Medeiros PM, Hanazaki N. The role of women in Brazilian ethnobiology: challenges and perspectives. Journal Ethnobiology Ethnomedicine, 15(44), 2019.

World Economic Forum [Internet]. [acesso em 16 nov 2022]. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_GGGR_2021.pdf.

Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030. III Relatório Luz da Sociedade Civil da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável: Brasil [Internet]. Brasil. 2019. [acesso em 09 mar 2022]. Disponível em: https://brasilnaagenda2030.files.wordpress.com/2019/09/relatorio_luz_portugues_19_final_v2_download.pdf.

Federici S. Notas sobre gênero em o Capital de Marx. Cadernos Cemarx, 10: 83-111, 2017.

Saini A. Inferior: how science got women wrong and the new research that’s rewriting the story. Beacon Press, 224, 2017.

Lima SSM, Lopes GAC, Pereira GFS. A história da ciência escrita por mulheres: o que os livros não contam sobre as cientistas brasileiras e da região amazônica. Ciências Humanas, 15: 1-42, 2023.

Byrne M, Broadhurst L, Leishman MC, Belov K. Women in conservation science making a difference. Pacific Conservation Biology, 24(3): 209-214, 2018.

FAO. Climate Change and Food Security and Nutrition Latin America and the Caribbean [Internet]. [acesso em 02 mai 2022]. Disponível em: http://www.fao.org/3/a-i6311e.pdf.

Albagli S. Convenção sobre Diversidade Biológica: Uma Visão a partir do Brasil. In: Garay, I, Becker BK, (Ed.). Dimensões Humanas da Biodiversidade: O Desafio de Novas relações Sociedade-Natureza no Século XXI. Petrópolis, 113-134, 2006.

COP15. Final text of kunming-montreal global biodiversity framework [Internet]. [acesso em 1 dez 2022]. Disponível em: https://www.cbd.int/article/cop15-final-text-kunming-montreal-gbf-221222.

Ewig C. Forging Women's Substantive Representation: Intersectional Interests, Political Parity, and Pensions in Bolivia. Politics & Gender, 14(3): 433-59, 2018.

Colling AM. Violência contra as mulheres – herança cruel do patriarcado. Diversidade e Educação, 8(5): 171-194, 2020.

Movimento Mulher 360. MM360 explica os termos gaslighting, mansplaining, manterrupting e bropriating [Internet]. 2016. [acesso em 22 jun 2022]. Disponível em: https://movimentomulher360.com.br/mm360-explica-os-termos-gaslighting-mansplaining-bropriating-e-manterrupting/.

Tallis H, Lubchenco J. Working together: a call for inclusive conservation. Nature, 515: 27-28, 2014.

Silva, Valdeline Anatazio da et al. Técnicas para análise de dados etnobiológicos. In: Albuquerque, Ulysses Paulino de et al (org.). Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica. Recife: Nupeea, 2010. p. 189-206.

ICMBio. Estrutura e organização do ICMBio [Internet]. 2023. [acesso em 31 out 2023]. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-07/icmbio-e-autorizado-chamar-160-servidores-aprovados-em-concurso#:~:text=Atualmente%2C%20o%20%C3%B3rg%C3%A3o%20conta%20com,com%20destaque%20para%20a%20Amaz%C3%B4nia.

UICN (Equador). UICN–Sul / Relatório Anual 2019. Quito: UICN, 2020. [acesso em 20 jun 2021] Disponível em: https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/2020-012-Pt.pdf.

Jones MS, Teel TL, Martinez DE, Solomon J. Conflict and adaptation at the intersection of motherhood and conservation leadership. Biological Conservation, 243: 108487, 2020.

Jones MS, Solomon J. Challenges and supports for women conservation leaders. Conservation Science and Practice, 1(6): 36, 2019.

James R, Fisher JRB, Carlos-Grotjahn C, Boylan MS, Dembereldash B, Demissie MZ, Diaz De Villegas C, Gibbs B. Gender bias and inequality holds women back in their conservation careers. Front Environment Science, 10:1056751, 2023.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2014. Estatísticas de gênero: uma análise dos resultados do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE. [acesso em 16 nov 2022]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=288941.

Elsevier Research Intelligence. Gender in the global research landscape: analysis of research performance through a gender lens across 20 years, 12 geographies, and 27 subject areas [Internet]. 2017. [acesso em 15 dez 2022]. Disponível em: » https://www.elsevier.com/__data/assets/pdf_file/0008/265661/ElsevierGenderReport_final_for-web.pdf.

Alves RG, Rezende JLP, Borges LAC, Fontes MAL, Alves LWR. Perfil e percepção dos chefes de unidades de conservação do sistema estadual de áreas protegidas em Minas Gerais. Sociedade e Natureza, 23(2): 345-360, 2011.

Silveira EF. Disclosure ambiental e mulheres na liderança: uma análise das empresas listadas no novo mercado [Internet]. 2020. [acesso em 16 nov 2022]. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/28915/1/2020_ElisaFerreiraSilveira_tcc.pdf.

Barreto, A. A mulher no ensino superior: Distribuição e representatividade. Cadernos do GEA, 3(6): 3-46, 2014.

Gay-Antaki M, Liverman D. Climate for women in climate science: women scientists and the intergovernmental panel on climate change. Proceedings of The National Academy of Sciences, 115(9): 2060-2065, 2018.

Lerina MP. Mulheres e mercado de trabalho: discriminação e ações afirmativas. Organização Internacional Trabalho, 81: 58-72, 2019.

Allen L, Holland KK, Holland H, Salaton T, Moriaso N, Simon S, James N. Expanding Staff Voice in Protected Area Management Effectiveness Assessments within Kenya’s Maasai Mara National Reserve. Environmental Management, 63: 46–59, 2019.

Birindelli G, Iannuzzi AP, Savioli M. The impact of women leaders on environmental performance: Evidence on gender diversity in banks. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 2 (4): 1277-1296, 2023.

Reeves AN. Mansplaining, Manterrupting & Bropropriating: gender bias and the pervasive interruption of women. Gender Bias and the Pervasive Interruption of Women [Internet]. [acesso em 25 nov 2022]. Disponível em: https://research.umich.edu/wp-content/uploads/2021/12/manterruptions-bropropriation-and-mansplaining-2-yellow-paper-series.pdf.

Assessoria de Comunicação Social TRT-13. Justiça do Trabalho registrou mais de 52 mil casos de assédio moral no Brasil [Internet]. [acesso em 16 nov 2022]. Disponível em: https://www.trt13.jus.br/informe-se/noticias/em-2021-justica-do-trabalho-registrou-mais-de-52-mil-casos-de-assedio-moral-no-brasil.

Paraíba CM. Tribunal Regional do Trabalho da 13° Região (PB). Em 2021, Justiça do Trabalho registrou mais de 52 mil casos de assédio moral no Brasil [Internet]. [acesso em 16 nov 2022]. Disponível em: https://www.trt13.jus.br/informe-se/noticias/em-2021-justica-do-trabalho-registrou-mais-de-52-mil-casos-de-assedio-moral-no-brasil#:~:text=Dados%20do%20Tribunal%20Superior%20do,numerosas%20no%20mundo%20do%20trabalho.

Blanco GD, Zank S, Cantelli D, Silva B, Cunha SMB, Gonçalves MC, Hanazaki N. Aprendizados nas entrelinhas: reflexões e olhares femininos no trabalho etnobiologico. Ethnoscientia, 6(2): 233-248, 2021.

Lisboa, C. Os desafios de ser mulher e trabalhar com conservação em campo [Internet]. 2018. [acesso em 16 nov 2022]. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/os-desafios-de-ser-mulher-e-trabalhar-com-conservacao-em-campo/.

Seide MS. Dicionário de linguística da enunciação. In. Flores V, Barbisan LB, Finatto MJB, Teixeira M, (Org.). Dicionário de linguística da enunciação. São Paulo: Contexto, 55(1): 311-322, 2009.

Lau, Jacqueline D.. Three lessons for gender equity in biodiversity conservation. Conservation Biology, [S.L.], v. 34, n. 6, p. 1589-1591, 15 abr. 2020. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/cobi.13487.

Lisboa, Teresa Kleba; Lusa, Mailiz Garibotti. Desenvolvimento sustentável com perspectiva de gênero - Brasil, México e Cuba: mulheres protagonistas no meio rural. Revista Estudos Feministas, [S.L.], v. 18, n. 3, p. 871-887, dez. 2010. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-026x2010000300013.

Maneschy, Maria Cristina; Siqueira, Deis; Álvares, Maria Luzia Miranda. Pescadoras: subordinação de gênero e empoderamento. Revista Estudos Feministas, [S.L.], v. 20, n. 3, p. 713-737, dez. 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-026x2012000300007.

Lemos PE, Silva C. Discriminação da mulher no mercado trabalho: destacando a mulher negra neste processo. Revista de Direitos Fundamentais nas Relações do Trabalho, Sociais e Empresariais, 5(2): 76-93, 2019.

Licciardi N, Waitmann G, Oliveira MHM. A discriminação de mulheres travestis e transexuais no mercado de trabalho. Revista Científica Hermes, 14: 201-218, 2015.

Downloads

Publicado

29/04/2024

Edição

Seção

Fluxo contínuo

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)